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Agricultor defende cota para brancos em faculdade pública. Entenda por quê

Ambientalista homenageado pela Unimontes defende faculdade de agroecologia com reserva de vagas para que alunos de escolas particulares aprendam com comunidades tradicionais

‘A ideia é que as pessoas possam conhecer e respeitar o cerrado, a questão hídrica e a importância das comunidades tradicionais’, Braulino Caetano dos Santos, homenageado com o título de doutor honoris causa pela Unimontes
(foto: Christiano Jilvan/Unimontes/Divulgação)

A criação de uma faculdade pública com “cotas” para brancos. A proposta é de um pequeno produtor rural de 74 anos, de Montes Claros, no Norte de Minas, que, mesmo com “pouca leitura”, virou doutor. Antes que sua proposta possa causar estranhamento, o ambientalista Braulino Caetano dos Santos, que idealiza a implantação de cursos de agroecologia voltados para a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável, explica qual o sentido: transmitir também a estudantes da escola privada a sabedoria das comunidades tradicionais na conservação da natureza.
Braulino recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), após aprovação pelo Conselho Universitário da instituição, com base na trajetória do pequeno produtor rural. Ele ganhou destaque pela luta em defesa do cerrado, das águas e dos povos tradicionais do bioma, criando e participando de várias entidades envolvidas na luta pelo desenvolvimento sustentável. Com isso, virou objeto de estudo em dissertações de mestrado, teses de doutorado e monografias em universidades, além de ser convidado para encontros e conferências em outros países.
A entrega do título de doutor honoris causa ocorreu na abertura do 4º Colóquio Internacional dos Povos Tradicionais. E foi durante o evento que Braulino anunciou a proposta da criação da faculdade com “cotas para brancos”. De acordo com o agricultor e ambientalista, a ideia é a criação de uma faculdade pública que venha a oferecer cursos de agroecologia, destinados a negros, indígenas e outros povos tradicionais, mas que reserve vagas também a alunos da escola privada – hoje, as reservas nas universidades priorizam os alunos do ensino público.
Segundo Braulino, o objetivo do curso de agroecologia com “cota para brancos” seria transmitir informações sobre as práticas relacionadas à conservação do cerrado e das águas, além de estimular estudos e mais conhecimento sobre as populações tradicionais. “A ideia é que as pessoas possam conhecer e respeitar o cerrado, a questão hídrica e a importância das comunidades tradicionais.”
O ambientalista explicou ainda que iniciativa visa a incentivar os filhos dos pequenos produtores a conhecer mais as práticas sustentáveis e se interessarem em permanecerem na zona rural, trabalhando nas pequenas propriedades, “sem ter vergonha dos seus pais”. Desta maneira, explica, o objetivo também é combater o êxodo rural e estimular a produção no campo, fomentando a agricultura familiar. “O que acontece hoje é que quando formamos um filho nosso em curso de técnico agrícola, por exemplo, ao receber o diploma, parece que ele tem um passaporte para desaparecer”, avaliou.
Para ele, com o êxodo rural e a falta de interesse dos jovens em trabalhar a terra, o campo está sendo cada vez mais esvaziado. “Perto das grandes cidades, as pequenas propriedades estão se tornando áreas de lazer de grandes empresários, que deixam nelas um caseiro para preparar o churrasco no fim de semana”, comenta. Segundo ele, o curso de agroecologia gratuito visa a reverter essa situação.
Braulino Caetano conta que já discutiu a ideia da criação da faculdade de agroecologia com “cotas para brancos” com professores e com integrantes do Centro de Agricultura Alternativa (CAA) do Norte de Minas, organização não governamental (ONG) voltada para apoio aos pequenos agricultores e comunidades tradicionais, que ele ajudou a fundar.

Escola da vida

Devido à sua atuação na defesa do cerrado e das comunidades tradicionais, o agricultor e ambientalista Braulino Caetano dos Santos tornou-se objeto de estudos e dono de uma sabedoria agora reconhecida também pelo título da Unimontes. Ao receber o título de doutor honoris causa, entregue pelo reitor Antônio Alvimar Souza, não mudou seu estilo de homem do campo: usava chapéu de couro e botina.
Apesar do título, o ambientalista não tem receio de dizer que tem “pouca leitura”. “O que aprendi da escola foi consequência da vida”, afirma Braulino. Ele disse que era completamente analfabeto até os 32 anos, quando assumiu o cargo de secretário do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros. Foi aí que aprendeu a ler e a escrever com a ajuda da mulher, que era professora leiga. O aprendizado foi “por necessidade”, já que ele se tornou o responsável pela elaboração de atas das reuniões da entidade.
A “pouca leitura” não o impediu de voar alto. Tanto que, além de ter atuado na criação de várias entidades voltada para a conservação ambiental e para a defesa das populações tradicionais – entre elas a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), a Articulação do Semiárido (ASA) e a Rede Cerrado –, Braulino Caetano já participou de encontros e conferências ambientais em países como Estados Unidos, Alemanha, Itália, Turquia, Moçambique e Argentina.
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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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