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Acordo de paz da Colômbia com as Farc completa 5 anos. O que mudou?

Colômbia chega aos cinco anos de acordo com as Farc e fim de uma guerra de mais de 50 anos no país. Mas tema segue alvo de embate entre as forças políticas, e será central nas eleições de 2022

Soldado colombiano em Antioquia, onde autoridades se encontraram nesta semana: cinco anos do acordo colombiano com as Farc (JOAQUIN SARMIENTO/AFP via Getty Images/Getty Images)

Em 24 de novembro de 2016, o ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos assinava um histórico acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Meses depois, o feito renderia também a Santos o prestigiado prêmio Nobel da Paz, pelo fim de uma guerra civil de meio século entre o governo colombiano e a guerrilha.

Fruto de quatro anos de negociações em Havana, Cuba, o acordo de 2016 ainda é considerado um marco na história recente da Colômbia, ao mesmo tempo em que trouxe uma série de decepções desde então.

Os feitos e desafios pós-acordo são lembrados nesta quarta-feira, 24, aniversário oficial da assinatura. Dentre os eventos que marcarão a data, autoridades como o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, estão em território colombiano nesta semana para reuniões com políticos, vítimas das Farc e ex-membros da guerrilha, e para observar o andamento da implementação das promessas do acordo.

Nesta terça-feira, 23, Guterres visitou uma das regiões de atuação das Farc, se encontrou com o presidente colombiano, Iván Duque (radicalmente contra o acordo implementado pelo antecessor), e com o último líder da guerrilha, Rodrigo Londoño “Timochenko”.

Guterres, da ONU, Duque, presidente da Colômbia, Anibal Gaviria, governador da Antioquia, e Rodrigo Londono, ex-Farc: encontro nos cinco anos do acordo (JOAQUIN SARMIENTO/AFP via Getty Images/Getty Images)

No geral, observadores internacionais apontam frentes positivas como o fim do conflito armado após mais de 50 anos e o reestabelecimento de parte dos guerrilheiros à sociedade.

Cumprindo um dos pontos do acordo, parte dos membros remanescentes das Farc viraram um partido legalizado sob a condição de deixar para trás os episódios de violência – a legenda mudou de nome no ano passado, passando a se chamar Comunes.

(Também nesta semana, o governo dos EUA anunciou que está avaliando retirar o grupo da lista de terroristas do país.)

Em 2017, as Farc entregaram suas armas e, em 2019, elegeram seu primeiro prefeito. Apesar disso, não houve anistia irrestrita, e vários membros tanto das Farc quanto do Estado colombiano têm tido de comparecer à Justiça para prestar esclarecimentos por crimes passados cometidos na guerra.

No geral, observadores internacionais apontam frentes positivas como o fim do conflito armado após mais de 50 anos e o reestabelecimento de parte dos guerrilheiros à sociedade.

Cumprindo um dos pontos do acordo, parte dos membros remanescentes das Farc viraram um partido legalizado sob a condição de deixar para trás os episódios de violência – a legenda mudou de nome no ano passado, passando a se chamar Comunes.

(Também nesta semana, o governo dos EUA anunciou que está avaliando retirar o grupo da lista de terroristas do país.)

Em 2017, as Farc entregaram suas armas e, em 2019, elegeram seu primeiro prefeito. Apesar disso, não houve anistia irrestrita, e vários membros tanto das Farc quanto do Estado colombiano têm tido de comparecer à Justiça para prestar esclarecimentos por crimes passados cometidos na guerra.

Ausência do Estado

Mas a data de hoje também deixa latente os desafios que ainda restam, sobretudo no direito à segurança da população rural colombiana. Em muitos lugares antes controlados pelas Farc, a retirada da guerrilha não foi suficiente para que o governo colombiano se fizesse presente nas regiões.

“O vácuo de poder deixado pela desmobilização das Farc levou a disputas territoriais entre grupos armados novos e existentes”, diz a Acnur, agência de refugiados da ONU, na descrição sobre os resultados do acordo.

A Colômbia segue como um dos países do mundo com mais refugiados internos. Todos os meses, dezenas de civis e líderes comunitários ainda são mortos, feridos ou vítimas de sequestro devido à violência na Colômbia.

O Conselho Norueguês para os Refugiados, organização não-governamental, pediu a países como EUA, Canadá, União Europeia ampliem doações para ajudar os refugiados colombianos.

Um dos desafios é uma melhor distribuição de terras para plantio em regiões rurais e apoio estatal para pequenos agricultores, pontos que eram presentes no acordo de modo a garantir que a economia de locais antes controlados pela guerrilha funcione sem atividades ilegais, como o fornecimento de cocaína.

Com as promessas de ampliar o desenvolvimento das regiões afetadas não cumpridas, muitos ex-guerrilheiros também voltaram a pegar em armas, e o novo partido dos ex-Farc está longe de ser uma unanimidade.

“Atrasos e problemas decorrentes da implementação do acordo de paz, como a substituição voluntária de plantações ilícitas ou o desenvolvimento local, aumentaram a incerteza em um ambiente onde o estado permanece fraco”, disse a Acnur.

Embates políticos e eleições 2022

Como o Brasil, a Colômbia vai às urnas para escolher um novo presidente no ano que vem. E para além dos desafios inerentes à violência, há uma boa dose de enfrentamentos políticos que atrapalham a pacificação colombiana.

O atual presidente Iván Duque e seu padrinho político, o ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), ambos à direita, criticam o acordo, que avaliam como brando com as Farc. “Em nome da paz, como disseram, deram impunidade absoluta a grupos terroristas, e o que isso fez foi criar mais violência”, disse Uribe em entrevista anterior à EXAME.

Já o ex-presidente Santos classifica parte das falhas dos últimos anos como falta de vontade política do governo atual para concretizar pontos do acordo, e afirmou nesta semana que ainda resta ao presidente Iván Duque “tempo para unir o país em torno da implementação” do que foi acordado com as Farc.

Santos, também alinhado à direita, foi eleito por ser aliado político de Uribe, mas as partes romperam depois de 2016.

Enquanto isso, a Colômbia lida ainda com a crise econômica intensificada pela covid-19. Após um começo de vacinação lento, há hoje 68% da população vacinada, mas só 46% com a vacinação completa (no Brasil, são 60% totalmente vacinados). O país de 51 milhões de habitantes teve mais de 128.000 mortos oficialmente pela pandemia.

Para além do coronavírus, o governo colombiano foi também amplamente criticado pela violência policial em protestos de rua neste ano — que começaram por uma reforma tributária que aumentaria impostos de forma pouco progressiva, e se ampliaram para pautas como desemprego e desmilitarização da polícia. Os atos deixaram mais de 60 mortos, a maioria civis.

Tudo somado, a aprovação do governo Duque baixou à casa dos 20% neste segundo semestre.

Hoje, nas sondagens para as eleições de 2022, é quase certo que o senador Gustavo Petro, de esquerda, estará no segundo turno – sua eleição seria inédita no país em 20 anos, uma vez que a Colômbia é controlada pela direita desde o primeiro governo Uribe.

Por lei, o presidente na Colômbia não pode se reeleger, de modo que, sem Duque na disputa, uma série de candidatos de centro e direita disputam entre si para tentar chegar ao segundo turno contra a esquerda. As distintas visões sobre as Farc devem se enfrentar, assim como os debates sobre emprego, desigualdade e questões agrárias, diretamente ligadas à violência que ainda assola o país.

Por Exame

Mundo

Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

Por

Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

 

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Mundo

Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

Por

Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

Por

País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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