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Ações contra garimpo e vistorias: entenda o que é afetado pela paralisação dos servidores do Ibama

(Henrique Donadio/Exame)

As operações de combate ao garimpo ilegal nas terras indígenas Yanomami e Apyterewa, em Roraima e Pará, respectivamente, estão comprometidas. O envio de novas equipes do Ibama não deve acontecer devido a uma paralisação de toda as atividades de campo do órgão, iniciada nesta quarta-feira, 3, o que afetará ainda vistorias de obras que precisem de licenciamento ambiental e qualquer repressão a ilícitos ambientais que demande deslocamento de fiscais, em especial na Amazônia.

Os servidores decidiram pela medida porque estão há três meses aguardando um posicionamento do governo federal sobre as reinvindicações para restruturação de carreira, aumento da indenização de fronteira e da gratificação para operações de risco.

Os funcionários do ICMBio também devem aderir ao movimento ainda nesta quarta, o que pode resultar até no fechamento de visitações a parques nacionais. As atividades de campo dos servidores ambientais só vão continuar caso os fiscais já estejam trabalhando nos respectivos locais.

A paralisação, que já conta com quase dois mil adesões, será sobre novos trabalhos, mesmo os programados. Procurado, o Ministério do Meio Ambiente afirmou que está em contato com o Ministério da Gestão e Inovação para apresentação de cronograma das novas etapas de negociação.

Operações contra o garimpo em terras indígenas

Iniciada em fevereiro do ano passado, a operação especial na Terra Indígena Yanomami (TIY) conseguiu bloquear R$2 bilhões de grupos investigados, além de expulsar invasores, destruir balsas, embarcações e aeronaves, e apreender de armas de fogo, ouro e outros minérios. Centenas de acampamentos de garimpos ilegais foram desmantelados e o número de voos clandestinos na região foi reduzido em 90%. Ainda houve a distribuição de dezenas de milhares de cestas básicas à população indígena. Em meados do mês passado, as forças saíram da região para uma pausa programada, e retornariam nos próximos dias.

Sem servidores do Ibama, a operação pode continuar com as polícias, mas não haverá mais autuação de crimes ambientais, com apreensões de material e multas, explica Cleberson Carneiro Zavaski, analista ambiental do ICMBio, e presidente da Associação Nacional dos Servidores em Meio Ambiente (Ascema), que lidera a paralisação.

“A retomada da desintrução dos garimpeiros na TIY ia iniciar essa semana. O efetivo do Ibama é variável, são cerca de 30 a 40, com troca de equipe. Se não tiver fiscais ambientais, a parte de apreensão e multas não é executada. A força policial está para reprimir outros crimes, mas os crimes ambientais são combatidos por nós. O país é continental, mas os servidores são poucos”, explica Zavaski, mais conhecido como Binho, que diz que nas últimas semanas teria ocorrido um retorno de garimpeiros à região.

“Há uma informação, em relatórios, que a partir da retirada de parte das tropas federais na segunda semana de dezembro houve retorno de parte dos garimpeiros”, disse.

Outra operação comprometida é a desintrução na Terra Indígena Apyterewa, o território indígena onde houve recorde de desmatamento nos últimos quatro anos. Lá, o trabalho se iniciou em novembro e continuou ativo nessa virada de ano. No mês passado, uma emboscada contra servidores da Funai terminou em um agente baleado.

Em seguida, prisões foram realizadas e ao menos 76 invasores já foram retirados, segundo o Ministério dos Povos Indígenas. Servidores do Ibama estão em campo no momento, na área. Eles não paralisarão as atividades. Mas, quando houver o momento da substituição do efetivo, as novas equipes não farão a viagem, diz Zavaski.

Grupo sem efetivo

Além das operações especiais, as ações do Grupo de Controle ao Desmatamento na Amazônia (GCDA) estão comprometidas. O GCDA é dividido em 10 “hot spots” – áreas estratégicas – da Amazônia, onde há maior número de desmatamento e então são realizadas diligências como combate a invasões a florestas e terras públicas, apreensão de madeiras ilegais, vistorias em planos de manejo e propriedades rurais. Como não há efetivo próprio do Ibama em muitos desses estados, as equipes são compostas a partir do recrutamento de servidores de todo o país, em inscrições abertas mensalmente.

Mas, com a paralisação, o primeiro ciclo de atividade do GCDA, que deveria começar na segunda quinzena de janeiro, não deve acontecer.

“O Ibama é um órgão muito pequeno, então precisamos recrutar servidores de outros órgãos do país para participar dessas operações. Em Roraima, por exemplo, o efetivo é muito pequeno e não consegue fazer frente ao desafio do garimpo. Agora, o número de inscrições está muito pequeno, essas operações já vão ficar sem participação do Ibama nesse mês”, explica Wallace Lopes, servidor do Ibama e também dirigente da Ascema Nacional.

Enquanto aguardam um posicionamento do governo federal, os servidores realizam nesta quinta-feira, 4, o Conselho Nacional de entidades filiadas à Ascema Nacional, onde ficarão decididos os próximos passos do movimento. Assim, a paralisação, no momento apenas dos trabalhos de campo, poderia se estender aos serviços de escritório e burocráticos, se transformando de fato numa greve.

Dos 2800 servidores do Ibama, há cerca de dois mil já apoiando a paralisação, segundo a Ascema. Há agora a expectativa de adesão dos funcionários do ICMBio, o que estaria próximo de acontecer, diz Zavaski. Se isso acontecer, o principal impacto aconteceria sobre as Unidades de Conservação e os Centros Nacionais de Pesquisa, que realizam pesquisas como monitoramentos de cavernas e de baleias em Abrolhos (BA).

“No momento, só atividade de campo do Ibama está paralisada. Mas deve sair indicativo de paralisação de atividades de campo do ICMBIo, o que pode resultar no fechamento de Unidades de Conservação e suspensão das visitações nos parques”, explica Zavaski.

As outras duas carreiras que integram a Ascema são do Serviço Florestal Brasileiro e do próprio Ministério do Meio Ambiente.

Governo federal negocia
Procurado, o Ministério do Meio Ambiente disse que está em diálogo com o Ministério da Gestão e Inovação “para que seja apresentado um cronograma das próximas etapas de negociação com servidoras e servidores do ministério, do Ibama, do ICMBio e do SFB. A reestruturação das carreiras ambientais é uma prioridade para o MMA”.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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