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Brasília

A anemia – 100 anos depois de Jeca Tatu

Após quase 100 anos do personagem Jeca Tatu, a anemia segue como um flagelo na população, afetando principalmente a população mais pobre

O cansaço, a apatia, a falta de movimentação, preguiça ou desleixo são alguns dos sinais apresentados pelo personagem Jeca Tatu, no livro Urupês, de Monteiro Lobato, inicialmente publicado em 1918. O descaso do governo no trato com a população rural é uma das características básicas da filosofia retratada no conto de Lobato. O quadro clínico do personagem Jeca (que acaba virando sinônimo de caipira) parece bastante com o da anemia.

Jeca Tatu tinha anemia?

Quase sempre descrito como portador de parasitoses, e com um quadro de anemia por perda de ferro, o Jeca apresentava sinais e sintomas que não são muito diferentes da anemia por deficiência de ingestão de ferro, a chamada anemia carencial ferro priva. Ambos problemas estão relacionados a pobreza, ao descaso, a falta de educação e orientação. A falta de ferro na alimentação leva a uma série de problemas que vão muito além do cansaço e desânimo, quadro que todos associam a anemia.

A anemia ainda é um problema no mundo

Passados quase 100 anos, a anemia segue como um flagelo na população de todo o mundo, mas especialmente nos países em desenvolvimento. E o Brasil não é diferente. Ainda temos anemia por falta de ferro afetando quase a metade dos pré-escolares de nosso país, especialmente nas regiões mais pobres.

Dados mais recentes mostram que ainda temos quase quatro ou cinco vezes mais crianças anêmicas que nos países ricos. E quando falamos de grupos de risco, como os mais pobres, população de moradores de rua e grupos isolados como a população indígena, os índices de anemia são estratosféricos.

Uma boa alimentação é essencial

Nossa alimentação fornece o ferro necessário para nossas funções normais. A falta de ingestão de ferro em crianças começa com um aleitamento materno inadequado. O leite materno tem uma quantidade pequena, mas altamente aproveitável de ferro, que é muito bem absorvida pelo bebê. A introdução de leite de vaca não modificado e de alimentos que não contêm ferro ou que contêm ferro de pouca absorção são fatores importantes para a deficiente ingestão deste metal essencial para a nossa vida.

As principais fontes de ferro são as carnes, principalmente as vermelhas (boi, cabras e também o avestruz), mas também as de outros animais como aves e peixes (carnes brancas). Os vegetais, como alguns grãos e principalmente o feijão, contêm boas quantidades de ferro, porém apresentam pequena absorção e precisam da presença de outros alimentos para melhorar o seu aproveitamento.

Assim, o ferro vegetal se beneficia da presença concomitante na alimentação de alguns elementos ácidos, como o ácido cítrico – vitamina C, consumido junto com o grão. Alguns alimentos podem atrapalhar a absorção do ferro, como os que têm mais fibras (os próprios vegetais).

O papel do ferro no organismo

O ferro participa de inúmeras condições do nosso metabolismo, da defesa do organismo ao crescimento e desenvolvimento normal. Quando temos uma deficiência do ferro, inicialmente temos alguns sinais que não são percebidos clinicamente, como alterações no desenvolvimento psicomotor, com alterações da memória, capacidade de aprendizado, abstração e problemas escolares.

As crianças com anemia têm menores taxas de crescimento, podendo apresentar menor peso e estatura do que as que não tiveram o problema. Além disso, o ferro está relacionado a defesa, a nossa capacidade de reagir a infecções. Quanto mais rapidamente tratada, a anemia determina menores consequências.

No entanto, um estudo de longa duração, realizado no Chile, mostrou que crianças com anemia, mesmo tratadas, apresentavam diferenças importantes em relação a crianças que não haviam tido o problema. Durante a infância e depois, na adolescência, apresentavam menor desempenho físico e intelectual do que crianças que nunca tiveram anemia. Após alguns anos, as diferenças entre os grupos que tinham tido anemia ou não desapareciam.

Sem dúvida que o estímulo, o ambiente e o papel da família são essenciais para o desenvolvimento da inteligência e capacidade da criança, mas a deficiência de um nutriente tão essencial pode causar comprometimento a curto, médio e longo prazo.

Tratamento

Tratar a anemia é simples. Utilizamos suplementos de ferro por via oral, e mantemos a suplementação por um período de três a cinco meses para repor as reservas do organismo. Mas o tratamento com os sais mais baratos como o sulfato ferroso (extremamente eficientes e disponíveis na rede pública de saúde) pode levar a efeitos colaterais indesejados como dores abdominais, queimação, mal-estar, diarreia ou constipação intestinal, escurecimento dentário e das fezes. Isso acaba fazendo com que a adesão ao tratamento seja pequena, com o abandono frequente antes do necessário.

A busca de sais eficientes, com baixo número de casos com efeito colateral, gerou um grande avanço na terapia, com o uso de novos medicamentos à base de ferro que têm boa absorção e não causam os efeitos do sulfato. O governo brasileiro modificou a forma de utilização do sulfato, melhorando seu sabor e forma de apresentação, contribuindo para a melhoria dos programas terapêuticos. No entanto, ainda precisamos trabalhar mais na prevenção, especialmente melhorando a alimentação.

O incentivo ao aleitamento materno adequado e prolongado, associado à introdução correta de alimentos complementares ricos em ferro são fatores essenciais.

E os vegetarianos?

Uma palavra final. Se as carnes são os principais alimentos que contêm ferro de bom aproveitamento, o que aconteceria com os vegetarianos ou com os grupos que não comem carne? Podemos alcançar o aporte adequado de ferro com educação nutricional, combinando alimentos que são sinérgicos na absorção do ferro, como os vegetais e cítricos, sempre dentro de um plano alimentar adequado e com apoio de profissionais médicos habilitados para a orientação – prevenção, diagnóstico e tratamento clínico, e nutricionistas, na prevenção e orientação alimentar correta.

Que não precisemos esperar mais 100 anos para a erradicação de uma doença tão importante como a anemia carencial por falta de ferro.

 

Brasil

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Motoristas que passaram pelo local estranharam a fumaça preta que sai das torres, que se trata, na verdade, de uma simulação de incêndio

 

Fumaça no Congresso assusta brasilienses – (crédito: Redes sociais)

 

Uma fumaça no Congresso Nacional assustou os brasilienses nesta sexta-feira (21/6). Quem passou pelo local, observou uma fumaça preta saindo pelas torres do órgão e se preocupou. Vídeos gravados pelos moradores da capital mostram o momento, confira:

A fumaça se trata, na verdade, de um procedimento para exercício de enfrentamento de emergência, realizado pela Seção de Prevenção e Combate contra Incêndios do Departamento de Polícia Legislativa (Seprin/Depol) no Anexo I.

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) confirmou que a fumaça se trata da simulação.

A data da simulação não foi incialmente anunciada e terá duração de aproximadamente duas horas. A energia do edifício foi desligada e não é autorizada movimentação de veículos no estacionamento até o término da ação.

Correio Brasiliense

 

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Brasília

Governo federal libera mais R$ 1,8 bilhão para ações de apoio ao RS

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Crédito extraordinário foi autorizado por meio de medida provisória

 

Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O governo federal liberou mais R$ 1,8 bilhão para ações de reconstrução no Rio Grande do Sul. A autorização do crédito extraordinário foi feita por meio da edição da Medida Provisória 1.223/2024, publicada na noite desta quinta-feira (23).

A MP entra em vigor imediatamente, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional para não perder a validade.

A maior parte do montante irá para ações da Defesa Civil e o Auxílio Reconstrução, somando mais de R$ 1,4 bilhão. Os recursos autorizados hoje poderão também ser usados para volta das atividades de universidades e institutos federais, assistência jurídica gratuita, serviços de conectividade, fiscalização ambiental, aquisição de equipamentos para conselhos tutelares e atuação das polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.

No último dia 11, o governo federal já havia destinado R$ 12,1 bilhões, também por MP, ao estado, para abrigos, reposição de medicamentos, recuperação de rodovias e outros.

>> Veja como será distribuição do crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhão:

– Retomada de atividades das universidades e institutos federais (R$ 22.626.909)

– Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita (R$ 13.831.693)

– Suporte aos serviços de emergência e conectividade (R$ 27.861.384)

– Ações de fiscalização e emergência ambiental (R$ 26.000.000)

– Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares (R$ 1.000.000)

– Ações da Defesa Civil (R$ 269.710.000)

– Auxílio Reconstrução (R$ 1.226.115.000)

– Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (R$ 51.260.970).

De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o crédito visa atender “a diversas despesas relativas ao combate às consequências derivadas da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, tanto no aspecto de defesa civil e logística, como também o enfrentamento das consequências sociais e econômicas que prejudicam toda a população e os entes governamentais”.

No total, já foram destinados R$ 62,5 bilhões ao estado, arrasado pelas chuvas, conforme a Presidência da República.

Por Agência Brasil

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Brasília

Senador abastece carros da família com verba pública; gasto por mês daria para cruzar 4 vezes o país

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) manteve perfil discreto desde que assumiu o cargo por ser suplente de Major Olímpio (do antigo PSL), que morreu em 2021 durante a pandemia vítima de Covid-19. Ele tem chamado atenção no meio político, porém, pela prestação de contas com combustíveis e seu périplo por restaurantes caros de São Paulo.

Levantamento da Folha de S.Paulo mostra que gastos de mais de R$ 336 mil abasteceram carros de Giordano, de seu filho e também de uma empresa da família. Com o combustível em preços atuais, o total seria o suficiente para dar 17 voltas na Terra. A média mensal de gastos com o item, de cerca de R$ 9.000, possibilitaria cruzar o país, em uma linha reta do Oiapoque ao Chuí, quatro vezes por mês.

O senador diz não haver irregularidade nos gastos e que não utiliza toda a verba disponibilizada. Ele ainda justifica o uso de veículos particulares para economia e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) já arquivou questionamento sobre gasto de combustível. A apuração, porém, não esmiuçava todos os detalhes dos gastos do senador ao longo de três anos.

Os dados no site do Senado apresentam limitações por misturar despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação –uma minoria de senadores traz um detalhamento ampliado, o que não ocorre nos dados relativos a Giordano. Nessa categoria mais ampla, Giordano tem o sexto maior gasto desde que assumiu, com um total de R$ 515 mil. A reportagem localizou R$ 336 mil em despesas exclusivamente com postos de gasolina por meio da análise do nome dos estabelecimentos, que é de longe o maior entre senadores por São Paulo.

Pelo mesmo recorte, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL), por exemplo, gastou por volta de R$ 10 mil em postos de gasolina e centros automotivos nos últimos três anos. Já Mara Gabrilli (PSD) gastou R$ 26 mil. No caso de Giordano, a maioria das notas está concentrada no Auto Posto Mirante (R$ 183 mil), zona norte da capital paulista, região do escritório político e empresas da família do senador. Outro posto, o Irmãos Miguel consta de reembolsos que somam por volta de R$ 122 mil. O estabelecimento fica na cidade de Morungaba, de menos de 14 mil habitantes, no interior de São Paulo.

O lugar abriga o Hotel Fazenda São Silvano, do qual Giordano é dono. O senador não detalhou por qual motivo concentra tamanho gasto em combustível na cidade. A Folha de S.Paulo também encontrou gastos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Todas registradas em finais de semana, quatro notas, totalizam gastos de R$ 1.200 no Auto Posto Ipiranguinha, que fica na rodovia Oswaldo Cruz –a reportagem localizou ação judicial do ano passado que cita um imóvel do filho de Giordano, Lucca, em condomínio a cerca de 2 km do local.

Em um dos domingos em Ubatuba, em janeiro de 2023, também foi registrado um gasto R$ 255 com um pedido de um abadejo para dois. Na época desse gasto, o Senado estava em recesso. A reportagem encontrou diversos gastos com refeições aos finais de semana, mesmo durante a pausa do Legislativo. As despesas do senador com alimentação chamam a atenção pela predileção por restaurantes caros, conforme foi revelado pelo Metrópoles.

Em março, há uma nota fiscal de R$ 681 da churrascaria Varanda Grill, na região da Faria Lima, que incluiu dois carrés de cordeiro por R$ 194 cada. Em 2022, o ressarcimento foi de R$ 810 na churrascaria Rodeio, em Cerqueira Cesar, com direito a uma picanha para dois no valor de R$ 385. A lista traz locais como Fogo de Chão, Outback, Jardim Di Napoli e Almanara.

A exigência não vai apenas para os pratos. Uma nota fiscal do restaurante Cervantes traz R$ 144 apenas em seis unidades de água, das marcas premium San Pellegrino e Panna. Em 2018, Giordano declarou R$ 1,5 milhão em bens à Justiça Eleitoral. Desafeto de Ricardo Nunes (MDB), Giordano levou para Guilherme Boulos (PSOL) seu apoio, mas também um histórico de polêmicas na política.

O caso mais ruidoso veio à tona em 2019, quando Giordano foi personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Segundo as investigações, o então suplente usou o nome da família Bolsonaro para se credenciar na negociação da compra de energia. Ele nega ter falado em nome do governo ou do clã Bolsonaro.

 

SENADOR DIZ QUE USA CARROS PARTICULARES PARA ECONOMIZAR

O senador Giordano afirma que os os gastos já foram analisados pelo Senado, pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, sendo que os dois últimos arquivaram procedimento preliminar “por entenderem que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos realizados”.

O MPF havia pedido à corte que intimasse o senador após apurar gasto de R$ 3,9 mil em gasolina e diesel em um só dia. O arquivamento aconteceu após explicação de que esse tipo de gasto se referia a 15 dias ou mais, e não a uma única visita.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aceitou o argumento e ressaltou que os gastos não ultrapassam o limite mensal de R$ 15.000 para este tipo de item. Giordano diz que cota parlamentar contempla também de sua assessoria quando em atividade e afirma que “utiliza e disponibiliza para seus assessores, quando em apoio à atividade parlamentar, os veículos que possui”. Ele afirmou ainda que assessores utilizam, se necessário, os próprios veículos para deslocamentos no âmbito da atividade também.

A resposta aconteceu após a reportagem enviar quatro placas de veículos à assessoria de Giordano, no nome dele, do filho e de empresa da família, que constavam das notas. Ele justifica o uso dos automóveis para “evitar a ampliação do uso da verba de gabinete com aluguéis de veículos” e que os gastos nos postos citados ocorrem por questões logísticas. “Vale ressaltar que este parlamentar não utiliza toda a verba disponibilizada, tendo mensalmente sobras acumuladas”, afirma, em nota.

O senador ainda afirmou que atividade parlamentar não se restringe a dias úteis, “estando o parlamentar em contato constante com sua base para atender às demandas postas”. Giordano também afirmou que os gastos com alimentação ocorrem no exercício de atividades parlamentares e que as refeições mencionadas estão ligadas ao cumprimento do mandato, estando em conformidade com a lei.

A reportagem localizou recibos com placas de veículos em nome do filho do senador, Lucca Giordano, de empresa da família e do próprio parlamentar as notas citam o senador como cliente. A maioria dos comprovantes, porém, não especifica o carro abastecido.

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