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Em rodovias federais, excesso de velocidade mata mais que beber ao volante

Segundo PRF, velocidade acima dos limites foi causa de 6.843 acidentes, com 743 mortes. Bolsonaro cancelou implantação de 8.000 radares

Carro capotado no vão central da BR-101, próximo ao município de Paulo Lopes (SC) (Eduardo Valente/FramePhoto/Folhapress)

O presidente Jair Bolsonaro anunciou no último domingo, 31, por meio de sua conta no Twitter, que determinou o cancelamento da instalação de 8.000 radares eletrônicos em rodovias federais no país.

“Sabemos que a grande maioria destes têm o único intuito de retomo financeiro ao estado. Ao renovar as concessões de trechos rodoviários, revisaremos todos os contratos de radares verificando a real necessidade de sua existência para que não sobrem dúvidas do enriquecimento de poucos em detrimento da paz do motorista”, criticou o presidente.

Tomada após o Ministério da Infraestrutura comunicá-lo sobre o número de pedidos para montar os equipamentos à beira das estradas, a decisão do presidente segue suas promessas de campanha de combater o que chama de “indústrias da multa”. Se considerasse os números de acidentes e mortes nos 52.000 quilômetros de rodovias federais em 2018, apurados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), contudo, Bolsonaro talvez refletisse mais sobre a medida – ou incluísse no tuíte o anúncio da implementação de equipamentos mais eficazes que os sensores para coibir motoristas imprudentes.

De acordo com o balanço da PRF em 2018, que contabilizou 69.114 acidentes (queda de 22,8% em relação a 2017) e 17.606 mortes (redução de 15,8%), “velocidade incompatível” foi o segundo fator que mais levou a mortes nas estradas federais e o terceiro maior causador de acidentes – à frente de ocorrências e óbitos causadas por consumo de álcool.

No ano passado, 743 pessoas morreram nas 6.843 ocorrências que tiveram excesso de velocidade como causa presumível. No ranking de causas prováveis de acidentes, que enumera 24 itens, “ingestão de álcool” fica em quarto lugar em número de ocorrências, 5.195, e em quinto na quantidade de mortes, 302. Para presumir o que levou a um acidente, conforme a PRF, os agentes analisam “todos os vestígios, depoimento das testemunhas e outras características do local e dos envolvidos”.

“Um bêbado devagarinho não mata, mas um motorista rápido demais mata mesmo não tendo bebido”, diz Sergio Ejzenberg, engenheiro civil e mestre em Engenharia de Transportes pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

A causa presumível que mais levou a acidentes e mortes nas estradas administradas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em 2018 foi a “falta de atenção à condução”. Houve 25.765 ocorrências atribuídas a falhas do tipo, nas quais foram registradas 1.365 mortes. “Desobediência às normas de trânsito pelo condutor” foi causa presumível de 7.169 acidentes e 689 mortes, enquanto “falta de atenção do pedestre” provocou 2.068 ocorrências e 603 mortes (veja lista completa abaixo).

Lombada é alternativa a radar, diz especialista

Para Sergio Ejzenberg, a ideia de que existe uma “indústria da multa”, ecoada pelo presidente da República, decorre, sobretudo, de falhas na sinalização das rodovias nas quais há redução de velocidade.

“Existe um clamor na sociedade de que o radar é arrecadatório, mas as pessoas, muitas vezes, são mal orientadas sobre a diminuição da velocidade. Radares, nessas condições, são mesmo armadilhas, e isso disseminou a população o rumor de que a coisa está errada e foi nesse rumor que embarcou o presidente Bolsonaro”, diz o engenheiro.

Conforme o balanço da Polícia Rodoviária Federal, o volume de multas por excesso de velocidade se manteve constante nas rodovias federais em 2018 em relação a 2017: passou de 2.329.261 para 2.330.466, alta de apenas 0,05%.

Como alternativa aos sensores de velocidade, que entraram na mira de Jair Bolsonaro e têm a instalação sob análise do Dnit, o especialista em engenharia de transportes defende a adoção de outros equipamentos de fiscalização, como lombadas eletrônicas. “A boa fiscalização em trechos de redução de velocidade tem que ter um ‘escândalo’ de advertência e lombada eletrônica. Não é o que acontece. Normalmente, não há tanta advertência, mas apenas plaquinhas do lado da via, e um radar, que multam muita gente, o que gera esse clamor popular”, conclui Ejzenberg.

Embora Bolsonaro tenha utilizado a palavra “cancelar”, o Dnit contemporizou e afirmou que a instalação de novos sensores foi “suspensa até a revisão e a atualização de critérios pelo Ministério da Infraestrutura, que serão baseados em estudos técnicos que já estão em andamento”.

A autarquia federal diz ainda que “será considerada como prioritária a redução do uso do equipamento onde estes não são essenciais à segurança viária, com a possibilidade de utilização de outros mecanismos de segurança”.

Os processos licitatórios para a instalação dos novos radares haviam sido concluídos em janeiro, antes da posse da nova diretoria do Dnit, e os contratos firmados a partir do edital teriam um custo de 1 bilhão de reais em cinco anos, se efetivados na totalidade.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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