Brasil
Unesp suspende vestibular de meio de ano e pede socorro a Doria
Segundo a reitoria, houve prejuízo de R$ 1 milhão nos últimos anos e a baixa oferta de vagas não justifica a oferta do processo seletivo extra
Com o agravamento da crise financeira, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) decidiu suspender o vestibular de meio de ano, após 18 edições.
Segundo a reitoria, houve prejuízo de R$ 1 milhão nos últimos cinco anos com a prova e a baixa oferta de vagas não justifica a oferta do processo seletivo extra.
A instituição, porém, afirma oficialmente que a “principal motivação é acadêmica” e que a “economia de recursos é só uma decorrência”.
A Unesp diz ainda ter negociado a antecipação de R$ 130 milhões de repasses do governo estadual para honrar seus compromissos. Procurada, a gestão João Doria (PSDB) ainda não informou se vai adiantar o envio dos recursos.
A Unesp apresenta a pior situação financeira entre as universidades paulistas, com déficit orçamentário que ultrapassa R$ 245 milhões e o atraso de quase dois meses do pagamento do 13º salário dos servidores.
No ano passado, a reitoria apresentou um plano de reestruturação acadêmica e administrativa para reduzir custos. Além de extinguir o vestibular de meio de ano, também estuda fechar cursos de graduação com baixa procura.
A decisão de acabar com a segunda edição do vestibular foi tomada nesta terça-feira, 12, pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária (Cepe).
A prova realizada normalmente no mês de julho selecionava ingressantes para nove cursos de engenharia – nas últimas três edições foram ofertadas 360 vagas em cada ano, “(Número) muito desproporcional ao vestibular de verão (realizado no final do ano) que oferece cerca de 7,3 mil vagas”, diz nota do conselho.
Nos últimos três anos, segundo a reitoria, o número de candidatos para o vestibular de meio de ano teve queda de 24%. Foram 13.763 inscritos em 2016 e 10.448, no ano passado.
A queda de participantes aumentou o custo da prova por candidato, já que a Unesp tinha que manter os “mesmos esforços de logística, operação e segurança” da prova de fim de ano, o que teria gerado um prejuízo estimado em R$ 1 milhão para a instituição nos últimos cinco anos. Segundo a reitoria, enquanto o custo por candidato no vestibular de fim de ano é de cerca de R$ 1,1 mil, no de meio de ano é de R$ 4 mil.
Segundo o conselho, essas 360 vagas serão ofertadas no processo seletivo, agora unificado, do fim de ano, sem prejuízo aos candidatos.
Apesar do anúncio da medida, a Unesp diz que ainda não definiu se os aprovados começam a frequentar as aulas em fevereiro, como os demais, ou só em agosto. “Essa definição ocorrerá no momento de definir as regras do próximo vestibular, diz a nota da reitoria.
A universidade diz que a mudança não foi motivada apenas pela economia de recurso, que seria apenas uma “decorrência” da extinção do vestibular.
“Tal medida faz parte de um movimento maior de rediscussão do nosso vestibular, por meio do qual estamos concebendo novas formas alternativas de ingresso”, diz a reitoria.
“Esse movimento de reorganização era necessário, já vinha ocorrendo e ainda será aprofundado”, diz a nota, sem detalhar as novas medidas.
A Unesp era a única universidade paulista a ter dois vestibulares, a edição de meio de ano foi criada em 2001, para preencher vagas de novos cursos no campus de Ilha Solteira. Dois anos depois, o exame acolheu cursos de novas unidades — dos câmpus de Bauru, Registro, São João da Boa Vista e Sorocaba.
Atraso em salários de servidores
É o segundo ano consecutivo que a Unesp atrasa o pagamento do 13º salário dos servidores. Em 2017, ele só foi pago em janeiro.
Neste ano, a Reitoria diz que conseguiu negociar com as secretaria do Desenvolvimento Econômico e da Fazenda e Planejamento a antecipação de R$ 130 milhões do repasse financeiro, relativo às dotações orçamentárias de 2019, para pagar os servidores.
O Termo de Compromisso da antecipação, no entanto, ainda não foi assinado. Procurada, a Secretaria Estadual da Fazenda não respondeu até as 18h15.
A reitoria informou que vai pagar a primeira parcela de 50% ainda em fevereiro e a segunda, em maio. Como contrapartida ao adiantamento, a universidade colocará em prática as medidas propostas de reforma acadêmica e administrativa.
João da Costa Júnior, presidente da Associação de Docentes da Unesp (Adunesp), diz ver com apreensão a negociação feita pela universidade, já que as ações propostas nas reformas não foram discutidas com a comunidade acadêmica. “Acabaram com o vestibular de meio de ano, vão fechar cursos, sacrificar ainda mais a situação acadêmica. Ações que trazem uma economia pífia que não resolvem o problema financeiro da universidade, só agravam o desprestígio da instituição”, diz.
Para ele, a universidade deveria discutir uma nova forma de financiamento, com aumento de recursos e o compromisso de que o governo estadual arque com a insuficiência da previdência.
Atualmente, um terço da folha de pagamentos da Unesp é destinado ao pagamento dos aposentados — são 2,1 mil professores e 4,7 mil inativos.
As duas categorias consomem R$ 900 milhões ao ano, mas apenas R$ 220 milhões vêm de contribuições de funcionários que ainda estão na ativa — o restante é arcado pela instituição.
“Pela lei, quem deveria pagar essa diferença é o governo estadual. O Estado não cumpre, os reitores não pressionam e acabam estrangulando a universidade” diz Costa Júnior.
USP e Unicamp também têm enfrentado problemas orçamentários, uma vez que as três instituições têm como principal fonte de receita a cota fixa de 9,57% da arrecadação estadual do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
A folha de pagamento dos servidores das duas também consome mais de 90% do recurso estadual.
Fonte Exame
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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