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Psoríase, uma nova era no tratamento

Remédios de última geração prometem controlar melhor a doença que afeta pele, cabelo, articulações… Saiba o que é psoríase e como se tratar hoje em dia

Um revólver de tiro certeiro. Esta é a metáfora usada pelo dermatologista André Carvalho para se referir aos novos remédios contra a psoríase, que causa vermelhidão, descamação e placas na pele em cerca de 5 milhões de brasileiros. Recém-aprovados para chegar às farmácias do país, esses medicamentos, injetáveis, pertencem à classe dos biológicos, isto é, são produzidos a partir de células vivas cultivadas em laboratório. O tiro certeiro tem como alvo moléculas inflamatórias que estão na origem das lesões cutâneas.

Fazem parte desse arsenal medicações que, em comum, têm princípios ativos de nomes cabeludos. Em maio, começa a ser vendido o ixequizumabe, do laboratório Lilly. O guselcumabe, da Janssen, também já foir aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A dupla dividirá espaço com o secuquinumabe, da Novartis, já em uso no país.

A tecnologia dos biológicos começou a ser empregada contra a psoríase por aqui ainda em 2006, com fármacos destinados só a estágios avançados. Mas a nova geração, segundo os entendidos, traz uma vantagem sobre os precursores: a precisão. “Os primeiros biológicos agiam como uma granada, acertando o alvo, mas provocando estragos no entorno”, compara Carvalho.

Já o trio citado há pouco ataca diretamente proteínas ligadas às manifestações da doença – as interleucinas 17 e 23 – sem abalar as defesas do corpo. Essa mira precisa não só propicia um controle mais efetivo e duradouro da situação como evita que as quedas na imunidade piorem os próprios sintomas. É um alívio e tanto para quem tem de lidar com as lesões na pele e as demais repercussões em outros órgãos, algo que impacta a autoestima e a qualidade de vida.

A animação dos profissionais e pacientes diante dos novos fármacos se ampara em dados científicos. Nos testes clínicos do guselcumabe, por exemplo, a injeção subcutâneareduziu, em quatro meses, 90% dos sinais da psoríase em 70% das quase 2 mil pessoas tratadas. “Em quatro semanas já era possível notar uma resposta significativa”, destaca Telma Santos, diretora médica da Janssen no Brasil.

A medicação da Lilly também obteve resultados expressivos. Em 13 meses, logrou a remissão da doença em mais da metade dos 3 800 pacientes avaliados pelo mundo. No mesmo período, 80% dos voluntários tiveram uma melhora de pelo menos 75% das lesões – o efeito da medicação também já podia ser notado nas primeiras doses.

Mas um dos aspectos mais celebrados foi a descoberta de que os ganhos se mantinham no longo prazo. Com os dois medicamentos, boa parte dos indivíduos gozou da redução dos sintomas entre um ano e meio e dois anos. “Os estudos refletem o que vemos na prática em locais onde a medicação já está sendo usada, como Estados Unidos, Japão e Europa”, conta Livia Gonçalves, gerente médica da Área de Imunologia da Lilly.

Outro chamariz da nova geração dos biológicos é que seu uso não está associado ao aumento no risco de tuberculose, um efeito colateral dos primeiros remédios do gênero – falamos dos anti-TNF, que inibem um grupo de substâncias inflamatórias. Tais remédios podem favorecer a reincidência da doença pulmonar causada por bactérias em pessoas com histórico da infecção.

E isso preocupa por aqui uma vez que a tuberculose é endêmica em algumas regiões do Brasil. Cabe ponderar, contudo, que os anti-TNF continuam bons aliados no tratamento da psoríase e de suas manifestações nas articulações. “É possível um paciente zerar a psoríase tomando um anti-TNF”, observa Caio Castro, coordenador da Campanha Nacional de Psoríase da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Aproveitando a deixa, é preciso esclarecer que as medicações mais modernas não substituem de primeira as terapias tradicionais. Conforme o Consenso Brasileiro de Psoríase, a primeira opção no tratamento deve ser a fototerapia, na qual o paciente recebe radiação ultravioleta nas lesões em pelo menos 20 sessões.

Se necessário, parte-se para os remédios sintéticos, comprimidos com diferentes mecanismos de ação. Aliás, na mesma leva de aprovação dos últimos biológicos, foi liberado no mercado brasileiro o apremilaste, do laboratório Celgene – ele vem ampliar o leque de medicações de uso oral para a psoríase.

Quando eles não dão conta do recado, aí, sim, o médico prescreveria os biológicos. Casos mais leves, por sua vez, até podem ser tratados com hidratantes e pomadas, mas essa estratégia isolada tem sido cada vez mais rara devido ao caráter sistêmico da doença.

A barreira do preço

No país, a indicação dos biológicos para domar a psoríase fica mais restrita aos casos severos. O motivo, no entanto, não é médico, mas econômico. De acordo com a Anvisa, um anti-TNF mais em conta custa ao redor de 1 400 reais, enquanto os da nova geração variam entre 4 mil e 34 mil, dependendo da dosagem e da forma de apresentação (injeção, caneta aplicadora…).

“No mundo ideal, começaríamos pelos biológicos porque eles têm muito menos efeitos colaterais”, afirma Castro. Porém, no mundo real, o custo elevado dificulta que essa conduta vire realidade.

Hoje o Sistema Único de Saúde (SUS) cobre gratuitamente o tratamento com biológicos apenas para quem tem artrite psoriática, uma das manifestações mais limitantes da doença. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), por sua vez, os planos de saúde não estão obrigados a custear esses remédios, a menos que a aplicação ocorra durante uma internação. O jeito acaba sendo recorrer à Justiça, que costuma autorizá-los nos casos de falhas ou reações adversas das drogas tradicionais.

Com, então, se trata a psoríase hoje em dia

Hidratação: cremes hidratantes sem perfume são indicados para evitar o ressecamento da pele. Se a psoríase afeta o couro cabeludo, xampus especiais entram em cena.

Fototerapia: além dos banhos de sol, existem equipamentos que emitem raios UV e modulam a atividade das células para que a pele não vire refém do autoataque das defesas.

Comprimidos: medicamentos de uso oral são destinados a coibir o processo inflamatório que culmina no aparecimento de descamação, vermelhidão, coceira e placas na pele.

Biológicos: remédios injetáveis de uso mensal e bimestral que miram moléculas inflamatórias envolvidas na psoríase. A nova geração é ainda mais precisa e efetiva.

Psoríase não é só uma doença de pele

Para os especialistas, os órgãos reguladores deveriam ampliar o acesso aos biológicos. Isso porque, sabe-se hoje, a psoríase vai além da pele. “Há todo um efeito em cascata a partir da inflamação. A lesão na pele é a ponta do iceberg”, explica a dermatologista Regina Carneiro, professora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará.

O mesmo processo inflamatório que leva à descamação da pele pode, por exemplo, comprometer as articulações. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 34,7% dos pacientes com a doença desenvolvem artrite psoriática.

Além disso, outras condições são mais comuns nos portadores do que no restante da população, caso de distúrbios intestinais e hepáticos e a síndrome metabólica, uma coleção de fatores inimigos do coração.

Por falar em coração, estudos relacionam a psoríase, especialmente se o quadro não é tratado direito, a um maior risco cardiovascular. Culpa das moléculas inflamatórias que, se de um lado incitam as lesões na pele, do outro contribuem para o entupimento das artérias. Segundo André Carvalho, pacientes com psoríase grave encaram, desde cedo, uma probabilidade elevada de sofrer com a doença cardiovascular antes dos 65 anos. Isso só reforça a necessidade de seguir à risca o tratamento e hábitos saudáveis.

Além do impacto no corpo, a psoríase não raro maltrata a mente. As pesquisas indicam que o convívio com a doença é capaz de predispor à ansiedade, à depressão e ao ganho de peso. “As substâncias liberadas durante o processo inflamatório da psoríase também estão relacionadas com a obesidade, e até a depressão pode ter esse vínculo”, diz Regina. Tais repercussões são agravadas pelo isolamento social e pela redução das atividades em meio às crises.

A preocupação com o estado mental e a qualidade da rotina já é tão levada em conta que, ao medir a gravidade do quadro, o médico não considera apenas os danos à saúde. O paciente também tem de responder a questionários que avaliam o impacto na vida social.

Exemplo de pergunta: deixou de usar alguma roupa ou sentiu desconforto em locais públicos por causa das marcas na pele? “Às vezes a pessoa pode até ter poucas lesões cutâneas, mas possui uma baixa qualidade de vida”, nota Regina.

Mas quais são os sintomas na pele da psoríase?

A psoríase provoca descamação, vermelhidão, coceira e placas principalmente em:

  • Couro cabeludo
  • Cotovelos
  • Joelhos
  • Unhas
  • Axilas
  • Virilha

Em geral, os dois lados do corpo são afetados. Se notar algo parecido, é bom bater um papo com o dermatologista.

Em paz com o corpo

O fato é que a parceria com o médico, a adesão ao tratamento e alguns cuidados suavizam e muito o convívio com a psoríase. No consultório, é provável que o profissional fale de certas precauções diante de remédios para outras enfermidades. Alguns anti-hipertensivos, anti-inflamatórios e fármacos para transtornos psiquiátricos, como lítio, costumam ser contraindicados.

Os próprios corticoides, usados para sanar perrengues que envolvam inflamação, podem trazer problemas na dose errada. “Se o paciente tomar uma injeção de cortisona, por exemplo, poderá ter um efeito rebote e piorar a psoríase”, alerta Castro. Não tem jeito: a prudência manda acompanhar de perto e conversar sempre com o médico.

Um estilo de vida equilibrado, claro, só traz vantagens. Já existem fartas evidências de que cigarro, bebidas alcoólicas e estresse demais agravam os sintomas. Até a alimentação tem um papel aqui, ainda mais se lembrarmos que a psoríase está ligada ao maior risco de ganho de peso.

Com a pele em si, convém evitar banhos demorados e quentes, que ressecam esse tecido e favorecem a descamação e as lesões. Nesse sentido, hidratantes (sem perfume) viram aliados no dia a dia. Fora das crises, a exposição ao sol em horários indicados pelo dermatologista é bem-vinda. Ao combinar o autocuidado com o tratamento prescrito, as chances de sucesso só crescem. E a nova geração de remédios biológicos vem chegando para tornar mais rápido e sustentável o cumprimento dessa missão.

Cuidados com a pele no dia a dia

Hidrate-se: muita água e sucos de fruta ajudam a evitar o ressecamento.

Exercite-se: atividade física regular modula a imunidade e aplaca o estresse.

Tome sol: ele é ótimo fora das crises. Mas tem que se expor até as 10h ou após as 16h.

Coma peixe: pescados são fonte de ômega-3, gordura com propriedades anti-inflamatórias.

Veja também

A psoríase pode ser confundida com:

Dermatite: não é simétrica como a psoríase e ocorre mais na parte interna das dobras.

Caspa: essa manifestação, mais comum, não gera vermelhidão no couro cabeludo.

Micose: as manchas nas unhas são menos espessas ou em áreas delimitadas.

Artrose: as juntas ficam mais rígidas sobretudo pela manhã. Na psoríase não é assim.

Fontes: Murilo Drummond, dermatologista e professor titular do Instituto de Pós-Graduação Carlos Chagas (PR); Clarissa Prati, dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio Grande do Sul

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Brasil

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Motoristas que passaram pelo local estranharam a fumaça preta que sai das torres, que se trata, na verdade, de uma simulação de incêndio

 

Fumaça no Congresso assusta brasilienses – (crédito: Redes sociais)

 

Uma fumaça no Congresso Nacional assustou os brasilienses nesta sexta-feira (21/6). Quem passou pelo local, observou uma fumaça preta saindo pelas torres do órgão e se preocupou. Vídeos gravados pelos moradores da capital mostram o momento, confira:

A fumaça se trata, na verdade, de um procedimento para exercício de enfrentamento de emergência, realizado pela Seção de Prevenção e Combate contra Incêndios do Departamento de Polícia Legislativa (Seprin/Depol) no Anexo I.

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) confirmou que a fumaça se trata da simulação.

A data da simulação não foi incialmente anunciada e terá duração de aproximadamente duas horas. A energia do edifício foi desligada e não é autorizada movimentação de veículos no estacionamento até o término da ação.

Correio Brasiliense

 

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Brasília

Governo federal libera mais R$ 1,8 bilhão para ações de apoio ao RS

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Crédito extraordinário foi autorizado por meio de medida provisória

 

Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O governo federal liberou mais R$ 1,8 bilhão para ações de reconstrução no Rio Grande do Sul. A autorização do crédito extraordinário foi feita por meio da edição da Medida Provisória 1.223/2024, publicada na noite desta quinta-feira (23).

A MP entra em vigor imediatamente, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional para não perder a validade.

A maior parte do montante irá para ações da Defesa Civil e o Auxílio Reconstrução, somando mais de R$ 1,4 bilhão. Os recursos autorizados hoje poderão também ser usados para volta das atividades de universidades e institutos federais, assistência jurídica gratuita, serviços de conectividade, fiscalização ambiental, aquisição de equipamentos para conselhos tutelares e atuação das polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.

No último dia 11, o governo federal já havia destinado R$ 12,1 bilhões, também por MP, ao estado, para abrigos, reposição de medicamentos, recuperação de rodovias e outros.

>> Veja como será distribuição do crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhão:

– Retomada de atividades das universidades e institutos federais (R$ 22.626.909)

– Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita (R$ 13.831.693)

– Suporte aos serviços de emergência e conectividade (R$ 27.861.384)

– Ações de fiscalização e emergência ambiental (R$ 26.000.000)

– Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares (R$ 1.000.000)

– Ações da Defesa Civil (R$ 269.710.000)

– Auxílio Reconstrução (R$ 1.226.115.000)

– Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (R$ 51.260.970).

De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o crédito visa atender “a diversas despesas relativas ao combate às consequências derivadas da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, tanto no aspecto de defesa civil e logística, como também o enfrentamento das consequências sociais e econômicas que prejudicam toda a população e os entes governamentais”.

No total, já foram destinados R$ 62,5 bilhões ao estado, arrasado pelas chuvas, conforme a Presidência da República.

Por Agência Brasil

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Brasília

Senador abastece carros da família com verba pública; gasto por mês daria para cruzar 4 vezes o país

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) manteve perfil discreto desde que assumiu o cargo por ser suplente de Major Olímpio (do antigo PSL), que morreu em 2021 durante a pandemia vítima de Covid-19. Ele tem chamado atenção no meio político, porém, pela prestação de contas com combustíveis e seu périplo por restaurantes caros de São Paulo.

Levantamento da Folha de S.Paulo mostra que gastos de mais de R$ 336 mil abasteceram carros de Giordano, de seu filho e também de uma empresa da família. Com o combustível em preços atuais, o total seria o suficiente para dar 17 voltas na Terra. A média mensal de gastos com o item, de cerca de R$ 9.000, possibilitaria cruzar o país, em uma linha reta do Oiapoque ao Chuí, quatro vezes por mês.

O senador diz não haver irregularidade nos gastos e que não utiliza toda a verba disponibilizada. Ele ainda justifica o uso de veículos particulares para economia e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) já arquivou questionamento sobre gasto de combustível. A apuração, porém, não esmiuçava todos os detalhes dos gastos do senador ao longo de três anos.

Os dados no site do Senado apresentam limitações por misturar despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação –uma minoria de senadores traz um detalhamento ampliado, o que não ocorre nos dados relativos a Giordano. Nessa categoria mais ampla, Giordano tem o sexto maior gasto desde que assumiu, com um total de R$ 515 mil. A reportagem localizou R$ 336 mil em despesas exclusivamente com postos de gasolina por meio da análise do nome dos estabelecimentos, que é de longe o maior entre senadores por São Paulo.

Pelo mesmo recorte, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL), por exemplo, gastou por volta de R$ 10 mil em postos de gasolina e centros automotivos nos últimos três anos. Já Mara Gabrilli (PSD) gastou R$ 26 mil. No caso de Giordano, a maioria das notas está concentrada no Auto Posto Mirante (R$ 183 mil), zona norte da capital paulista, região do escritório político e empresas da família do senador. Outro posto, o Irmãos Miguel consta de reembolsos que somam por volta de R$ 122 mil. O estabelecimento fica na cidade de Morungaba, de menos de 14 mil habitantes, no interior de São Paulo.

O lugar abriga o Hotel Fazenda São Silvano, do qual Giordano é dono. O senador não detalhou por qual motivo concentra tamanho gasto em combustível na cidade. A Folha de S.Paulo também encontrou gastos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Todas registradas em finais de semana, quatro notas, totalizam gastos de R$ 1.200 no Auto Posto Ipiranguinha, que fica na rodovia Oswaldo Cruz –a reportagem localizou ação judicial do ano passado que cita um imóvel do filho de Giordano, Lucca, em condomínio a cerca de 2 km do local.

Em um dos domingos em Ubatuba, em janeiro de 2023, também foi registrado um gasto R$ 255 com um pedido de um abadejo para dois. Na época desse gasto, o Senado estava em recesso. A reportagem encontrou diversos gastos com refeições aos finais de semana, mesmo durante a pausa do Legislativo. As despesas do senador com alimentação chamam a atenção pela predileção por restaurantes caros, conforme foi revelado pelo Metrópoles.

Em março, há uma nota fiscal de R$ 681 da churrascaria Varanda Grill, na região da Faria Lima, que incluiu dois carrés de cordeiro por R$ 194 cada. Em 2022, o ressarcimento foi de R$ 810 na churrascaria Rodeio, em Cerqueira Cesar, com direito a uma picanha para dois no valor de R$ 385. A lista traz locais como Fogo de Chão, Outback, Jardim Di Napoli e Almanara.

A exigência não vai apenas para os pratos. Uma nota fiscal do restaurante Cervantes traz R$ 144 apenas em seis unidades de água, das marcas premium San Pellegrino e Panna. Em 2018, Giordano declarou R$ 1,5 milhão em bens à Justiça Eleitoral. Desafeto de Ricardo Nunes (MDB), Giordano levou para Guilherme Boulos (PSOL) seu apoio, mas também um histórico de polêmicas na política.

O caso mais ruidoso veio à tona em 2019, quando Giordano foi personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Segundo as investigações, o então suplente usou o nome da família Bolsonaro para se credenciar na negociação da compra de energia. Ele nega ter falado em nome do governo ou do clã Bolsonaro.

 

SENADOR DIZ QUE USA CARROS PARTICULARES PARA ECONOMIZAR

O senador Giordano afirma que os os gastos já foram analisados pelo Senado, pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, sendo que os dois últimos arquivaram procedimento preliminar “por entenderem que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos realizados”.

O MPF havia pedido à corte que intimasse o senador após apurar gasto de R$ 3,9 mil em gasolina e diesel em um só dia. O arquivamento aconteceu após explicação de que esse tipo de gasto se referia a 15 dias ou mais, e não a uma única visita.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aceitou o argumento e ressaltou que os gastos não ultrapassam o limite mensal de R$ 15.000 para este tipo de item. Giordano diz que cota parlamentar contempla também de sua assessoria quando em atividade e afirma que “utiliza e disponibiliza para seus assessores, quando em apoio à atividade parlamentar, os veículos que possui”. Ele afirmou ainda que assessores utilizam, se necessário, os próprios veículos para deslocamentos no âmbito da atividade também.

A resposta aconteceu após a reportagem enviar quatro placas de veículos à assessoria de Giordano, no nome dele, do filho e de empresa da família, que constavam das notas. Ele justifica o uso dos automóveis para “evitar a ampliação do uso da verba de gabinete com aluguéis de veículos” e que os gastos nos postos citados ocorrem por questões logísticas. “Vale ressaltar que este parlamentar não utiliza toda a verba disponibilizada, tendo mensalmente sobras acumuladas”, afirma, em nota.

O senador ainda afirmou que atividade parlamentar não se restringe a dias úteis, “estando o parlamentar em contato constante com sua base para atender às demandas postas”. Giordano também afirmou que os gastos com alimentação ocorrem no exercício de atividades parlamentares e que as refeições mencionadas estão ligadas ao cumprimento do mandato, estando em conformidade com a lei.

A reportagem localizou recibos com placas de veículos em nome do filho do senador, Lucca Giordano, de empresa da família e do próprio parlamentar as notas citam o senador como cliente. A maioria dos comprovantes, porém, não especifica o carro abastecido.

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