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Brasília

Quais serão os novos tratamentos para esquizofrenia?

A esquizofrenia é uma doença mental com poucas opções de tratamento disponíveis. Mas pesquisas, inclusive brasileiras, buscam mudar esse cenário no futuro

Janus (do latim) era um dos únicos deuses Romanos que não teve o seu correspondente emprestado da mitologia grega, sendo geralmente representado por duas faces olhando em direções opostas: uma jovem voltada para frente e outra, de um senhor idoso e barbado, olhando para trás. A figura dupla de Janus consistentemente simboliza que ele é o deus do passado e do futuro.

O passado

Assim, com a face de Janus voltada para trás, até a metade do século XX, o tratamento da esquizofrenia era feito por uma série de composições farmacológicas e estratégias inespecíficas de baixa ou nenhuma eficácia terapêutica real, o que praticamente impossibilitava a convivência social e muitas vezes condenava os pacientes à perpétua institucionalização.

Entretanto, no início da década de 50, foi descoberta a clorpromazina, cujos experimentos dos psiquiatras franceses Delay e Deniker demonstraram ser o primeiro antipsicótico, capaz de reduzir os sintomas de agitação, delírios e alucinações. Os psiquiatras da época passaram a considerar este medicamento uma droga que revolucionou o tratamento da esquizofrenia, e que de fato ampliou a qualidade de vida e favoreceu a desospitalização dos pacientes.

No mesmo ano dos seus primeiros achados, a clorpromazina já estava disponível para prescrição na prática clínica – sendo que ainda hoje este composto, ou outros com mecanismos de ação relativamente similares, ainda estão entre os mais utilizados.

O presente

A esquizofrenia é um transtorno psicótico do desenvolvimento cerebral, que pode afetar até 1% da população. Ocorre em todas as raças, culturas, independente de classe social e em ambos os sexos. Este transtorno psicótico pode ser tratado, mas não curado. Isto pois, mesmo com todos os novos medicamentos descobertos e disponíveis desde a chegada da clorpromazina, cerca de metade dos pacientes com esquizofrenia ainda possuem as vidas gravemente prejudicadas devido a resposta insatisfatória ao tratamento.

As medicações disponíveis apresentam importantes efeitos adversos e limitada ação em sintomas cruciais da doença como nos prejuízos cognitivos (alteração na atenção, memória, processamento executivo, por exemplo) e nos chamados “sintomas negativos” (como na falta de motivação, retraimento emocional e restrição no afeto). Dessa forma, existe uma óbvia necessidade de explorar novos compostos terapêuticos para o manejo da esquizofrenia. Ou seja, para o tratamento deste transtorno, a face de Janus também tem que se voltar para o futuro.

O futuro: brasileiros lideram linhas de pesquisa

Portanto, vários grupos de lideranças científicas internacionais têm buscado testar compostos com mecanismos de ação completamente diversos, na busca de novas possibilidades com segurança, tolerabilidade e, especialmente, maior eficácia nos sintomas negativos, cognitivos e que possam mudar o curso da doença. Alguns pesquisadores brasileiros, como o professor Jaime Hallak da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (com quem divido a redação deste artigo) estão na vanguarda na pesquisa de alguns destes novos tratamentos, que são apresentados a seguir.

O grupo da FMRP-USP em Ribeirão Preto nos últimos anos ganhou projeção devido aos estudos com o canabidiol (CBD), um composto presente na planta Cannabis Sativa, que não apresenta as mesmas propriedades psicomiméticas do THC – composto responsável pelos principais efeitos do uso da maconha. No início dos anos 80, as pesquisas lideradas pelo professor Antonio Zuardi demonstraram que pequenas quantidades do CBD eram capazes de reverter sintomas psicóticos induzidos por altíssimas doses do THC.

Posteriormente, em relatos clínicos e série de casos controlados, este pesquisador demonstrou que este canabinoide, isoladamente ou em adição aos antipsicóticos disponíveis, era capaz de melhorar os sintomas de pacientes com esquizofrenia. Mais recentemente, em uma amostra maior de pacientes, um grupo de pesquisadores na Alemanha confirmou os nossos achados preliminares, reforçando que o CBD apresenta eficácia antipsicótica e maior tolerabilidade devido ao menor perfil de efeitos colaterais do que os antipsicóticos habituais .

Em um outro estudo pioneiro colaborativo, realizado em Ribeirão Preto e no Paquistão, foi demonstrado que a minociclina, um antibiótico com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, reduziu não só os sintomas clássicos da esquizofrenia, mas também melhorou os sintomas negativos e alguns sintomas cognitivos de pacientes. Igualmente, em uma série de estudos clínicos e pré-clínicos, em parceria com grupos ingleses e canadenses, o grupo da FMRP-USP demonstrou que o anticonvulsivante lamotrigina pode potencializar os efeitos dos antipsicóticos habituais e melhorar toda a amplitude de sintomas da esquizofrenia, ao menos em uma parcela de portadores deste transtorno.

O nitroprussiato de sódio é um doador de óxido nítrico utilizado clinicamente desde 1929 para o tratamento de hipertensão grave. Atualmente está disponível comercialmente com o intuito de reduzir a pressão sanguínea, sendo que os seus mecanismos de ação são complexos e apenas parcialmente compreendidos. Mais recentemente, em um impressionante estudo seminal publicado na prestigiosa revista JAMA Psychiatry, o grupo da FMRP-USP liderado pelo professor Hallak juntamente com outros colaboradores internacionais verificou que o nitroprussiato de sódio rapidamente melhorou as várias dimensões de sintomas em pacientes com esquizofrenia, apoiando os achados prévios em estudos com animais de laboratório. Novos estudos com amostras maiores, diferentes doses e maior tempo de tratamento estão em andamento e poderão contribuir para o maior entendimento dos mecanismos de ação e viabilizar a sua utilidade clínica para o tratamento das psicoses no futuro.

Dessa forma, voltando novamente para Janus, sabe-se que ele também foi considerado como o deus das mudanças e transições. Portanto, com o estudo desses e de outros diversos compostos com mecanismos de ação distintos, fica a esperança de que estejamos passando por uma transformação para um novo futuro (ou presente) no tratamento farmacológico desta doença. Assim, que venham medicamentos que tratem todo o conjunto de sintomas da esquizofrenia; com poucos efeitos adversos; que principalmente promovam a prevenção, estabilização na progressão ou até a recuperação do funcionamento dos pacientes para como antes do início da doença. Ou seja, com todo conhecimento do passado, quem sabe o futuro traga a possibilidade de cura deste importante transtorno psiquiátrico. Alea jacta est!

 

Brasil

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Motoristas que passaram pelo local estranharam a fumaça preta que sai das torres, que se trata, na verdade, de uma simulação de incêndio

 

Fumaça no Congresso assusta brasilienses – (crédito: Redes sociais)

 

Uma fumaça no Congresso Nacional assustou os brasilienses nesta sexta-feira (21/6). Quem passou pelo local, observou uma fumaça preta saindo pelas torres do órgão e se preocupou. Vídeos gravados pelos moradores da capital mostram o momento, confira:

A fumaça se trata, na verdade, de um procedimento para exercício de enfrentamento de emergência, realizado pela Seção de Prevenção e Combate contra Incêndios do Departamento de Polícia Legislativa (Seprin/Depol) no Anexo I.

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) confirmou que a fumaça se trata da simulação.

A data da simulação não foi incialmente anunciada e terá duração de aproximadamente duas horas. A energia do edifício foi desligada e não é autorizada movimentação de veículos no estacionamento até o término da ação.

Correio Brasiliense

 

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Brasília

Governo federal libera mais R$ 1,8 bilhão para ações de apoio ao RS

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Crédito extraordinário foi autorizado por meio de medida provisória

 

Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O governo federal liberou mais R$ 1,8 bilhão para ações de reconstrução no Rio Grande do Sul. A autorização do crédito extraordinário foi feita por meio da edição da Medida Provisória 1.223/2024, publicada na noite desta quinta-feira (23).

A MP entra em vigor imediatamente, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional para não perder a validade.

A maior parte do montante irá para ações da Defesa Civil e o Auxílio Reconstrução, somando mais de R$ 1,4 bilhão. Os recursos autorizados hoje poderão também ser usados para volta das atividades de universidades e institutos federais, assistência jurídica gratuita, serviços de conectividade, fiscalização ambiental, aquisição de equipamentos para conselhos tutelares e atuação das polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.

No último dia 11, o governo federal já havia destinado R$ 12,1 bilhões, também por MP, ao estado, para abrigos, reposição de medicamentos, recuperação de rodovias e outros.

>> Veja como será distribuição do crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhão:

– Retomada de atividades das universidades e institutos federais (R$ 22.626.909)

– Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita (R$ 13.831.693)

– Suporte aos serviços de emergência e conectividade (R$ 27.861.384)

– Ações de fiscalização e emergência ambiental (R$ 26.000.000)

– Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares (R$ 1.000.000)

– Ações da Defesa Civil (R$ 269.710.000)

– Auxílio Reconstrução (R$ 1.226.115.000)

– Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (R$ 51.260.970).

De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o crédito visa atender “a diversas despesas relativas ao combate às consequências derivadas da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, tanto no aspecto de defesa civil e logística, como também o enfrentamento das consequências sociais e econômicas que prejudicam toda a população e os entes governamentais”.

No total, já foram destinados R$ 62,5 bilhões ao estado, arrasado pelas chuvas, conforme a Presidência da República.

Por Agência Brasil

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Brasília

Senador abastece carros da família com verba pública; gasto por mês daria para cruzar 4 vezes o país

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) manteve perfil discreto desde que assumiu o cargo por ser suplente de Major Olímpio (do antigo PSL), que morreu em 2021 durante a pandemia vítima de Covid-19. Ele tem chamado atenção no meio político, porém, pela prestação de contas com combustíveis e seu périplo por restaurantes caros de São Paulo.

Levantamento da Folha de S.Paulo mostra que gastos de mais de R$ 336 mil abasteceram carros de Giordano, de seu filho e também de uma empresa da família. Com o combustível em preços atuais, o total seria o suficiente para dar 17 voltas na Terra. A média mensal de gastos com o item, de cerca de R$ 9.000, possibilitaria cruzar o país, em uma linha reta do Oiapoque ao Chuí, quatro vezes por mês.

O senador diz não haver irregularidade nos gastos e que não utiliza toda a verba disponibilizada. Ele ainda justifica o uso de veículos particulares para economia e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) já arquivou questionamento sobre gasto de combustível. A apuração, porém, não esmiuçava todos os detalhes dos gastos do senador ao longo de três anos.

Os dados no site do Senado apresentam limitações por misturar despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação –uma minoria de senadores traz um detalhamento ampliado, o que não ocorre nos dados relativos a Giordano. Nessa categoria mais ampla, Giordano tem o sexto maior gasto desde que assumiu, com um total de R$ 515 mil. A reportagem localizou R$ 336 mil em despesas exclusivamente com postos de gasolina por meio da análise do nome dos estabelecimentos, que é de longe o maior entre senadores por São Paulo.

Pelo mesmo recorte, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL), por exemplo, gastou por volta de R$ 10 mil em postos de gasolina e centros automotivos nos últimos três anos. Já Mara Gabrilli (PSD) gastou R$ 26 mil. No caso de Giordano, a maioria das notas está concentrada no Auto Posto Mirante (R$ 183 mil), zona norte da capital paulista, região do escritório político e empresas da família do senador. Outro posto, o Irmãos Miguel consta de reembolsos que somam por volta de R$ 122 mil. O estabelecimento fica na cidade de Morungaba, de menos de 14 mil habitantes, no interior de São Paulo.

O lugar abriga o Hotel Fazenda São Silvano, do qual Giordano é dono. O senador não detalhou por qual motivo concentra tamanho gasto em combustível na cidade. A Folha de S.Paulo também encontrou gastos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Todas registradas em finais de semana, quatro notas, totalizam gastos de R$ 1.200 no Auto Posto Ipiranguinha, que fica na rodovia Oswaldo Cruz –a reportagem localizou ação judicial do ano passado que cita um imóvel do filho de Giordano, Lucca, em condomínio a cerca de 2 km do local.

Em um dos domingos em Ubatuba, em janeiro de 2023, também foi registrado um gasto R$ 255 com um pedido de um abadejo para dois. Na época desse gasto, o Senado estava em recesso. A reportagem encontrou diversos gastos com refeições aos finais de semana, mesmo durante a pausa do Legislativo. As despesas do senador com alimentação chamam a atenção pela predileção por restaurantes caros, conforme foi revelado pelo Metrópoles.

Em março, há uma nota fiscal de R$ 681 da churrascaria Varanda Grill, na região da Faria Lima, que incluiu dois carrés de cordeiro por R$ 194 cada. Em 2022, o ressarcimento foi de R$ 810 na churrascaria Rodeio, em Cerqueira Cesar, com direito a uma picanha para dois no valor de R$ 385. A lista traz locais como Fogo de Chão, Outback, Jardim Di Napoli e Almanara.

A exigência não vai apenas para os pratos. Uma nota fiscal do restaurante Cervantes traz R$ 144 apenas em seis unidades de água, das marcas premium San Pellegrino e Panna. Em 2018, Giordano declarou R$ 1,5 milhão em bens à Justiça Eleitoral. Desafeto de Ricardo Nunes (MDB), Giordano levou para Guilherme Boulos (PSOL) seu apoio, mas também um histórico de polêmicas na política.

O caso mais ruidoso veio à tona em 2019, quando Giordano foi personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Segundo as investigações, o então suplente usou o nome da família Bolsonaro para se credenciar na negociação da compra de energia. Ele nega ter falado em nome do governo ou do clã Bolsonaro.

 

SENADOR DIZ QUE USA CARROS PARTICULARES PARA ECONOMIZAR

O senador Giordano afirma que os os gastos já foram analisados pelo Senado, pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, sendo que os dois últimos arquivaram procedimento preliminar “por entenderem que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos realizados”.

O MPF havia pedido à corte que intimasse o senador após apurar gasto de R$ 3,9 mil em gasolina e diesel em um só dia. O arquivamento aconteceu após explicação de que esse tipo de gasto se referia a 15 dias ou mais, e não a uma única visita.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aceitou o argumento e ressaltou que os gastos não ultrapassam o limite mensal de R$ 15.000 para este tipo de item. Giordano diz que cota parlamentar contempla também de sua assessoria quando em atividade e afirma que “utiliza e disponibiliza para seus assessores, quando em apoio à atividade parlamentar, os veículos que possui”. Ele afirmou ainda que assessores utilizam, se necessário, os próprios veículos para deslocamentos no âmbito da atividade também.

A resposta aconteceu após a reportagem enviar quatro placas de veículos à assessoria de Giordano, no nome dele, do filho e de empresa da família, que constavam das notas. Ele justifica o uso dos automóveis para “evitar a ampliação do uso da verba de gabinete com aluguéis de veículos” e que os gastos nos postos citados ocorrem por questões logísticas. “Vale ressaltar que este parlamentar não utiliza toda a verba disponibilizada, tendo mensalmente sobras acumuladas”, afirma, em nota.

O senador ainda afirmou que atividade parlamentar não se restringe a dias úteis, “estando o parlamentar em contato constante com sua base para atender às demandas postas”. Giordano também afirmou que os gastos com alimentação ocorrem no exercício de atividades parlamentares e que as refeições mencionadas estão ligadas ao cumprimento do mandato, estando em conformidade com a lei.

A reportagem localizou recibos com placas de veículos em nome do filho do senador, Lucca Giordano, de empresa da família e do próprio parlamentar as notas citam o senador como cliente. A maioria dos comprovantes, porém, não especifica o carro abastecido.

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