Brasil
Crivella faz artigo para defender seu mandato, mas exagera nos dados
Prefeito do Rio de Janeiro superestimou a diminuição de secretarias e a aprovação de leis na Câmara
Depois de completar um ano na prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB-RJ) fez um balanço público de sua gestão, em artigo que foi publicado pelo jornal Folha de S.Paulo na quarta-feira (28/2). No texto, Crivela falou da perda de empregos formais na cidade, de cortes em secretarias e de projetos enviados à Câmara. Mas exagerou em algumas informações. A Lupa conferiu:
“Aprovamos 42 leis na Câmara dos Vereadores”
Prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, em artigo publicado pela Folha de S.Paulo em 28 de fevereiro de 2018
Entre 1º de janeiro de 2017 e 28 de fevereiro de 2018, a Prefeitura do Rio de Janeiro enviou à Câmara de Vereadores 43 proposições, entre elas projetos de Lei e projetos de Lei Complementar. Na última quarta-feira, quinze dessas 43 propostas ainda estavam em comissões. Aguardavam parecer ou informações técnicas. Isso significa que apenas 28 proposições feitas pelo Executivo de Crivella haviam efetivamente virado lei ou sido aprovadas (aguardando sanção), a maioria delas sobre questões burocráticas do Executivo.
Procurado, o prefeito enviou um documento em que mostra 42 proposições do Executivo aprovadas desde janeiro de 2017. Porém, oito dessas propostas foram enviadas à Câmara em 2016, quando Crivella ainda não era prefeito. Além disso, a prefeitura inclui na lista oito Projetos de Decreto Legislativo (PDL), dois de 2016 e seis de 2017.
Mas os decretos legislativos, apesar de terem força de lei, não são entendidos pelo direito administrativo como lei propriamente dita. Além disso, a própria Câmara Municipal do Rio, no artigo 214 do Regimento Interno, delimita o uso dos DLs para questões como licenças do prefeito e do vice-prefeito, apreciação das contas do município, concessão de títulos honoríficos, entre outros.
“[Entre as leis que aprovamos, está] O realinhamento do IPTU, desafio que, durante 20 anos, nenhum prefeito teve a coragem de enfrentar”
Prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, em artigo publicado pela Folha de S.Paulo em 28 de fevereiro de 2018
Crivella se refere à alteração na Planta Genérica de Valores (PGV), que foi aprovada pela Câmara do Rio em setembro de 2017. Essa lei atualizou o valor venal dos imóveis da cidade, total sobre o qual é calculado o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), e aumentou a alíquota do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). Na prática, significou um aumento no valor do IPTU. A última mudança desse tipo tinha sido mesmo realizada há 20 anos, em novembro de 1997, durante a gestão do ex-prefeito Luiz Paulo Conde.
Mas a mudança foi bastante criticada. Levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo mostrou que os maiores aumentos médios de IPTU ocorreram no Centro e na Zona Norte do Rio (AP1 e AP3), com 70% e 72% de reajustes, respectivamente. Já a AP5, parte da Zona Oeste que inclui bairros de alto padrão como a Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes, teve reajuste médio de 19%. Ou seja, a medida teria afetado mais as regiões mais pobres do Rio de Janeiro.
Além disso, vale lembrar que Crivella negou, durante sua campanha, que aumentaria o IPTU na cidade.
“Cortamos mais de 20 secretarias”
Prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, em artigo publicado pela Folha de S.Paulo em 28 de fevereiro de 2018
De fato, Crivella promoveu uma diminuição no número de secretarias municipais se comparado ao total que existia no mandato anterior, do ex-prefeito Eduardo Paes. Na quarta-feira (28), de acordo com o Diário Oficial da quarta-feira, 28 de fevereiro, o Rio tinha 11 secretarias municipais. Na época de Paes, eram 24 secretarias, conforme o último DO da gestão, publicado em 1º de janeiro de 2017. Crivella, portanto, cortou 13 secretárias – ainda longe das “mais de 20” que, em seu artigo, ele afirma ter extinto.
Procurado, o prefeito afirmou que Eduardo Paes mantinha 31 secretarias e que, por isso, considera o corte das 20 citadas. No entanto, documentos oficiais do mandato de Paes não indicam que o prefeito tivesse tantas secretarias quanto Crivella menciona.
“O Rio foi a capital que mais perdeu empregos formais nos últimos dois anos: 350 mil”
Prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, em artigo publicado pela Folha de S.Paulo em 28 de fevereiro de 2018
O Rio de Janeiro foi, de fato, a capital que mais perdeu empregos formais em 2016 e 2017, tanto em números absolutos quanto em números relativos à população. O número de vagas fechadas no período, porém, é menor do que o citado por Crivella. Não foram 350 mil, mas 193.695. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mantido pelo Ministério do Trabalho. Esse número equivale a 6% da força de trabalho do Rio no início do período citado, 3,2 milhões. Veja levantamento realizado pela Lupa.
Já a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (Pnadc/T), do IBGE, estima que o número de desocupados na cidade do Rio de Janeiro cresceu em 277 mil, o que representa um aumento de 163% no período. É o segundo maior crescimento absoluto entre as capitais, atrás de São Paulo (367 mil), e o segundo maior crescimento relativo, atrás de Palmas (187,5%). Trata-se, porém, de um dado diferente ao citado por Crivella.
Procurado, o prefeito disse que utilizou dados do Instituto Pereira Passos, da prefeitura, que indicam que entre janeiro de 2015 e dezembro de 2017, a capital perdeu 310,8 mil vagas com carteira assinada. Porém, o número é menor do que o dito por Crivella e se refere aos últimos três anos, não dois.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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