Brasil
Prefeitura de SP quer verticalizar “ilha” de 25 quarteirões na Vila Olímpia
O sobrado de Lídia fica na última área de remanso do distrito do Itaim-Bibi, importante centro de negócios da capital paulista que foi transformado pela Operação Urbana Faria Lima, a partir de 2004. São 25 quarteirões no miolo da Vila Olímpia que foram excluídos do perímetro da operação urbana por pressão dos moradores da época e que agora a gestão do prefeito João Doria (PSDB) pretende verticalizar e adensar.
Chamada de “buraco da Faria Lima” pelo mercado, a área de 270 mil metros quadrados abriga hoje uma série de pequenos comércios, como lojas e restaurantes, algumas casas e grandes terrenos que são usados como estacionamento ou estão vazios. Ao longo dos últimos anos, esses imóveis foram comprados por grandes incorporadoras que agora se juntaram para propor à Prefeitura regras de construção iguais às da operação urbana que promoveu um rápido desenvolvimento do entorno, com grandes centros empresariais e prédios residenciais de alto padrão.
O grupo de proprietários de imóveis da área apresentou no fim do ano passado uma proposta à Prefeitura para fazer um Projeto de Intervenção Urbana (PIU) com o objetivo de aumentar o potencial construtivo no local, hoje limitado a duas vezes a área do terreno com no máximo oito andares de altura. Segundo eles, a área ficou “desassociada da dinâmica do entorno”, que sofreu forte verticalização com os estímulos da Operação Urbana Faria Lima, que compreende 650 hectares e se estende no trecho entre a Avenida Brigadeiro Faria Lima e a Marginal do Pinheiros, nos distritos de Pinheiros e Itaim-Bibi.
“Nosso pleito é possibilitar a reinclusão dessas manchas nos parâmetros urbanísticos da operação urbana, corrigindo a discrepância que foi causada e revertendo investimentos e melhorias urbanas para a região”, afirma o empresário Alexandre Frankel, de 40 anos, dono de imóveis no perímetro.
Adensamento
O projeto interessou à gestão Doria, que colocou a proposta em consulta pública na semana passada. Na prática, os proprietários querem regras semelhantes às da área vizinha, como poder construir quatro vezes o tamanho do terreno sem limite de altura, para erguer grandes empreendimentos. Em troca, eles propõem melhorias urbanísticas na região, como enterramento de fios, alargamento de vias, maior arborização, construções de equipamentos públicos e urbanização de favelas.
Para Leonardo Amaral Castro, diretor de desenvolvimento da São Paulo Urbanismo (SP Urbanismo), empresa municipal de planejamento urbano, a proposta vai ao encontro das diretrizes do Plano Diretor Estratégico e, por isso, está sendo analisada pela Prefeitura. “É uma iniciativa vinda do setor privado que resguarda relação estreita com o interesse público. A área do PIU da Vila Olímpia está circundada pela macroárea de estruturação metropolitana, que é para onde o Plano Diretor prevê as principais transformações e direciona o crescimento urbano”, afirma.
Conselheira da Operação Urbana Faria Lima, a urbanista Beatriz Ruffino afirma que a exclusão desse pedaço da Vila Olímpia do perímetro da operação foi uma contradição. Mas, para ela, não justifica o “investimento” da Prefeitura no debate e elaboração de um PIU específico para uma região já desenvolvida e valorizada da cidade. “Esse projeto não faz sentido sob o ponto de vista do interesse público e urbanístico. Parece muito pouco transformador para justificar o esforço da Prefeitura em uma área privilegiada da cidade”, afirma Beatriz, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP).
Prédios
Um estudo feito pelo grupo de proprietários de imóveis na “ilha” da Vila Olímpia estima que ao menos 40% dos 270 mil m2 incluídos no escopo do Projeto de Intervenção Urbana (PIU) estão “sujeitos à transformação urbana”, ou seja, deverão ser verticalizados. A área compreende mais de 20 ruas no eixo do cruzamento das Avenidas Faria Lima e Juscelino Kubitschek, como a Ministro Jesuíno Cardoso e a Clodomiro Amazonas.
A Prefeitura abriu prazo de 20 dias para receber sugestões ao PIU. Depois, vai elaborar a versão final da proposta e enviá-la como projeto de lei para ser aprovado em duas votações na Câmara Municipal, com maioria qualificada (2/3 dos vereadores).
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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