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Em discussão em SP e Paraná, “privatização” de escolas tem apenas um projeto em operação no Brasil

O tema ganhou destaque nos últimos meses após os governos de São Paulo e Paraná avançarem nos projetos de PPPs de escolas

 

Imagem: Gabriel Rosa/AEN

 

O Brasil tem 59 iniciativas de Parcerias Público-Privadas (PPP) de educação em diferentes estágios, incluindo projetos que não avançaram e que foram implícita ou explicitamente descontinuadas. Porém, apenas quatro projetos avançaram para fase de assinatura, três em Minas Gerais e um na cidade de São Paulo. Os dados são da consultoria Radar PPP, que monitora diariamente mais de 5 mil projetos no país.

Dos quatro projetos que avançaram para a fase de assinatura, apenas um realmente está em operação: o das unidades de Ensino da Rede Municipal de Educação Básica – UMEI, em Belo Horizonte.

As iniciativas de São Paulo, que serão das unidades CEUs, e de Nova Lima estão em fase de construção. O projeto de Contagem convive com turbulências contratuais desde a sua assinatura e nunca produziu efeitos práticos.

O tema ganhou destaque nos últimos meses após os governos de São Paulo e Paraná avançarem nos projetos de PPPs de escolas. O modelo prevê que as empresas serão responsáveis pela construção ou manutenção, conservação, gestão e vigilância das unidades escolares.

Na PPP, a ideia é que as concessionárias consigam lucro com a economia gerada na manutenção e conservação da infraestrutura escolar.

Única operação de PPP de escolas está em BH

Em operação há 10 anos, o projeto da prefeitura de Belo Horizonte foi pioneiro no modelo de PPPs de escolas públicas. A concessionária, Inova BH, acumula prêmios e reconhecimentos pelo serviço prestado no município. Em 2019, a empresa levou o prêmio de “Concessionária do Ano”.

A parceria foi desenvolvida sob a forma de licitação pública, com a concessionária ficando responsável pela construção e a administração de 55 escolas ao longo de 20 anos. A primeira unidade entregue, a Emei Belmonte, começou a funcionar em outubro de 2013. A 51ª unidade entrou em operação em dezembro de 2015, três meses antes do prazo estipulado em contrato.

Segundo Guilherme Naves, da Radar PPP, a experiência em Belo Horizonte gerou um sentimento de desejo de replicação em outros governos estaduais e municipais, calcados na ideia que as concessões são capazes de gerar eficiência para o funcionamento da máquina pública.

“Isso ocorre na medida em que diversas obrigações de ‘área meio’ são aglutinadas em um único instrumento, permitindo ganho de escala e transferindo a um parceiro privado (que funciona dentro de um arcabouço normativo mais dinâmico e flexível) a responsabilidade por colocar a escola pra funcionar – liberando horas do governo concedente para se preocupar com aquilo que mais importa: o ensino propriamente dito”, diz Naves.

O especialista argumenta que o diretor de escola não precisa mais ficar preocupado com questões administrativas e de conservação da escola e poderá focar na parte pedagógica.

“Professores não precisaram mais, heroicamente, levar um ventilador da sua própria casa para a sala de aula, em busca do mínimo conforto térmico no verão, porque a manutenção daquela infraestrutura será cuidada por um parceiro privado, com sua remuneração condicionada à qualidade do serviço que prestar”, afirma.

Entidade pela educação se posiciona contra a privatização da gestão escolar

Marcele Frossard, coordenadora de Programa e Política na Campanha Nacional pelo Direito à Educação, instituição que milita pela defesa e promoção dos direitos educacionais, afirma que os dois projetos privatizam a gestão escolar e vão contra as orientações gerais de organismos internacionais, como a ONU, e da Constituição Federal e Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).

“Um dos princípios da LDB é a gestão democrática das escolas, com a participação da comunidade nas discussões e deliberações sobre a unidade escolar. Estudos mostram que a escola é mais do que uma instituição de conhecimento, mas parte daquela comunidade da qual está inserida. Por isso, torná-las privadas vai contra os princípios e deveres do Estado”, explica Frossard.

A especialista em educação diz que o privado terá como o principal interesse o retorno econômico e, por isso, pode não priorizar as melhorias necessárias para as escolas. Ela ainda aponta que a argumentação de que os diretores das escolas poderão se concentrar apenas na parte pedagógica não faz sentido, uma vez que as funções administrativas fazem parte do papel do gestor escolar.

“Essa é uma justificativa que canta aos ouvidos das pessoas porque elas querem uma resposta imediata para a queda da qualidade do ensino nos últimos anos. Mas a verdade é que estamos assistindo a um processo de desinvestimento nas escolas públicas e em políticas públicas para a educação. Por isso, parece vantajoso decidir pela privatização ou apostar em políticas imediatistas que prometem melhorar a qualidade das escolas”, diz.

Frossard acrescenta que esse avanço da terceirização da gestão escolar colocará valores do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) nas mãos das empresas privadas. Segundo ele, os valores pagos por estados para empresas poderiam ser direcionados para melhorias nas escolas.

Diferenças e semelhanças entre SP e Paraná

A gestão Tarcísio de Freitas publicou na última semana a autorização da licitação para repassar à iniciativa privada a gestão de 33 escolas, que ainda serão construídas. As unidades de ensino serão construídas em 29 cidades e vão oferecer 35,1 mil vagas de tempo integral na rede estadual de Ensino Fundamental II e Médio. Os investimentos serão de R$ 2,1 bilhões ao longo dos 25 anos da concessão.

O critério de julgamento da licitação será o “de menor valor da contraprestação pública máxima a ser paga pelo Poder Concedente”. O governo de São Paulo afirma que as empresas não poderão contratar professores ou estipular metas para as escolas, tarefa que continuará a cargo da Secretaria de Educação.

Já o governo Ratinho Junior prevê conceder 204 colégios estaduais de 110 cidades — cerca de 10% da rede — que já estão em operação. O governo do estado afirma que as instituições somente adotarão o modelo após consulta pública e aprovação dos pais, professores e alunos. Na lei aprovada, é previsto o pagamento de R$ 800 por aluno para a empresa que administrar o serviço.

Felipe Estefam e Carolina Ghidoni, advogados de infraestrutura e especialistas em PPPs e Concessões do escritório Cascione Advogados, explicam que nos dois modelos o ensino não será privatizado, pois, a parte pedagógica seguirá a cargo das secretarias de educação de cada estado.

“Assim, tanto no Paraná como em São Paulo o ensino pedagógico das escolas continuará sob responsabilidade da secretaria da educação do estado. Caberá ao futuro concessionário a construção, gestão e operação das estruturas”, dizem os advogados.

A principal crítica sobre o projeto no Paraná é sobre a mudança na forma de contratação de professores temporários e da reposição de novas vagas. O projeto define que os “Professores Contratados por Regime Especial (PSS)” serão efetivados em regime CLT e com salários equivalentes aos praticados pelo estado.

O texto fala que, em caso de necessidades de recomposição de postos, as empresas deverão contratar professores em regime CLT, o que aponta que as escolas no modelo de parceria não terão novos docentes por meio de concurso público — ponto sensível para a categoria. Além disso, o novo texto possibilita ao professor efetivo a troca de escola por meio da oferta de vaga em concurso de remoção.

EXAME

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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