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‘Washington de ponta-cabeça’: o que a eventual vitória de Trump representa em termos globais?

© AP Photo / Andrew Harnik

Aqui, estamos diante de uma provável repetição do pleito presidencial anterior, entre Joe Biden (que venceu as eleições em 2020 pelos democratas) e o próprio Donald Trump, candidato derrotado naquela ocasião.
Entretanto, muitos analistas nos Estados Unidos – e mesmo fora do país – parecem acreditar dessa vez em uma segunda vitória de Trump diante de Biden. A questão está no fato de que Trump é menos impopular hoje nos Estados Unidos do que Biden, segundo pesquisas de opinião, o que o credencia a certo favoritismo em relação ao democrata.
Com vitória de Trump, por sua vez, os aliados de Washington ficarão ainda mais alerta sobre os possíveis rumos da Casa Branca. Afinal, Trump acredita que a OTAN vem tirando vantagem dos Estados Unidos. Trump também prometeu que, se eleito, vai ser capaz de lidar com o conflito na Ucrânia no mesmo dia. Enquanto isso, vozes histéricas na Europa tentam manter o apoio americano a Kiev alegando que se a Rússia se sair bem-sucedida do conflito, o próximo passo de Moscou será a tomada dos Estados Bálticos e depois da Polônia, o que se trata de uma completa loucura.
A partir desse argumento estapafúrdio é que se vem justificando o apoio financeiro e armamentista à Ucrânia, que já mostrou por A mais B que não é capaz de vencer. Trump, por sua vez, parece avesso à continuidade do conflito na Europa, o que coloca muitos líderes no continente apreensivos quanto à perspectiva de uma possível vitória do republicano. Seja como for, as eleições americanas serão em novembro, logo as hostilidades na Ucrânia devem permanecer pelo menos por boa parte do ano de 2024.

A destruição resultante dos continuados combates colocará em ainda maior risco a economia ucraniana e o governo de Kiev em ainda maior dependência do Ocidente. O atual presidente americano Joe Biden parece bastante confortável com essa situação, e certamente não será a pessoa a iniciar um processo de negociação de paz para resolver a situação no Leste Europeu.

A Rússia, por sua vez, não abrirá mão dos novos territórios adicionados à Federação em setembro de 2022, e também não vai abrir mão da cláusula de neutralidade da Ucrânia em relação à OTAN. Por outro lado, se Trump pretende mesmo terminar com o conflito em “um dia”, é preciso esclarecer a Zelensky que as demandas de segurança da Rússia são absolutamente inegociáveis. Ademais, a Ucrânia sabe que se os Estados Unidos cortarem o seu apoio, o Exército de Kiev não terá condições de levar muito adiante o conflito. Portanto, o tempo joga a favor da Rússia. Somente Joe Biden que ainda não percebeu isso.
É em vista disso que Zelensky e parte da liderança ocidental não veem com bons olhos a perspectiva de que os Estados Unidos, a partir de 2025, possam estar sob uma gestão radicalmente diferente. Afinal, a Europa, como já é sabido, não tem tantos tanques ou granadas para enviar à Ucrânia por tempo indeterminado. Alguns países europeus importantes, como a Alemanha e a França, por exemplo, têm feito inclusive pausas no fornecimento a Kiev, perguntando-se se serão capazes de satisfazer suas próprias necessidades de defesa no futuro, assim como suas próprias obrigações perante a Aliança Atlântica.
Trump, por outro lado, que detém uma profunda desconfiança por alianças que imponham limitações aos Estados Unidos, olha para a OTAN como um instrumento anacrônico, usado pelos europeus para se aproveitar dos favores de segurança fornecidos por Washington. Por vários momentos, antes e durante seu mandato presidencial de 2016 a 2020, Trump indicou que era chegada a hora dos países europeus pensarem na sua própria defesa e de pagarem por isso.
Advém dessa condição o pavor da Europa em ser deixada sozinha novamente, sobretudo pelo fato de o continente não ter aprendido a andar com as próprias pernas a partir da Segunda Guerra Mundial. Todas essas apreensões estão justamente relacionadas com um possível segundo mandato de Trump. Seja como for, até que as eleições ocorram no mês de novembro, o atual presidente americano Joe Biden encontra-se em uma fase conhecida como “lame duck” (ou pato manco, em tradução literal), na qual muito pouco se pode fazer em termos de política externa, por conta de suas ocupações com sua corrida eleitoral desse ano.
Isso faz com que os aliados dos Estados Unidos se vejam em um estado de espera, até mesmo de suspensão. Afinal, quando o presidente Biden ou a sua equipe de segurança nacional pensam em questões estratégicas e de defesa, eles têm em mente que, muito provavelmente, nem a equipe nem o próprio Biden estarão presentes em 2025 para levar a cabo suas ideias.
Trump, em função de seu slogan America First (América primeiro) pretende atender à escola de pensamento mais isolacionista da política externa americana, a mesma que fora exercida pelo país até a primeira metade do século XX. Isso quer dizer que Washington deverá implementar, segundo o republicano, políticas mais independentes, sem assumir muitos compromissos internacionais, seja com a ONU, a OTAN ou o G7. Em especial, dadas as divisões dentro do Congresso americano, é quase impossível que o próprio Biden possa manter em bom termo os compromissos atuais dos Estados Unidos, vide a crise administrativa com o estado do Texas e outras duas dezenas de estados federados em torno da questão migratória na fronteira sul com o México.
Além do mais, Biden também tem enfrentado críticas pelo modo como lidou com a crise no Oriente Médio envolvendo Israel e a Palestina e, não esqueçamos, pela maneira como os americanos deixaram o Afeganistão em 2021. Em suma, Trump logo deverá confirmar-se como o candidato dos republicanos no pleito de novembro ao longo das próximas primárias nos Estados Unidos.
Com as perspectivas dessa nomeação e uma provável vitória no final de ano, uma segunda presidência de Trump deverá abalar certamente alguns dos principais fundamentos da política externa estadunidense. Se a América de fato vier a se isolar a partir de 2025, por sua vez, veremos não somente mudanças geopolíticas na Europa e no próprio Oriente Médio, como também na própria Ordem Internacional, que dará passos ainda mais largos rumo à multipolaridade.
As opiniões expressas neste artigo podem não coincidir com as da redação.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

Por

Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

 

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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