Economia
Pix vs. Drex: as diferenças entre eles, segundo a empresa responsável pela segurança do Pix
Por Jean-Michell Guillot*
O Pix e o Drex são tecnologias bem distintas. Pode não ser tão oportuno comparar os dois, porque justamente pode gerar confusão, como por exemplo, se um substituiria o outro, fato que não acontece. São tecnologias diferentes com objetivos diferentes.
Ambas tecnologias fazem parte da agenda do Banco Central do Brasil (Bacen) para o planejamento estratégico da autoridade monetária brasileira. A ideia fundamental das duas tecnologias é sempre modernizar o nosso sistema financeiro, com o objetivo final de beneficiar a população com foco de inovação, competitividade no mercado, além da inclusão financeira.
Em suma, o Pix permite transações mais rápidas e baratas, e o Drex vai permitir transações mais inteligentes, por meio de casos de usos mais baratos e eficientes e que vão trazer mais ofertas de serviços financeiros a um custo mais barato, e por isso vai permitir acesso a maiores serviços financeiros para toda população.
Sobre o Pix e o Drex
O Pix trata de instantaneidade, ele revolucionou a forma de pagamento de produtos e serviços. O objetivo do PIX era trazer uma maior inclusão financeira da população com melhor acesso aos meios de pagamentos fáceis e gratuitos. E nesse caso a tecnologia é um sucesso, pois ele trouxe muita gente para o ambiente digital e ele permitiu a inclusão da população para várias ofertas de bancos e instituições de pagamentos. Em suma, o PIX permite a inclusão para meio de pagamentos digitais.
O Drex trata da programabilidade. A ideia dessa tecnologia é revolucionar a oferta e o consumo de serviços financeiros e de investimentos. O objetivo final do Drex é fomentar uma maior inclusão da população a serviços financeiros, ou seja, aumentar o acesso e a oferta de produtos financeiros para a população.
Para entender melhor sobre o que trata-se a programabilidade, ela é a possibilidade de utilizar, em termos tecnológicos, os contratos inteligentes, os quais, basicamente, permitem a possibilidade de automatizar pagamentos ou condicionar pagamentos a alguns eventos, a entregas de serviços e de produtos.
Exemplos dessa programabilidade são pagamentos de ativos financeiros ou bens de altos valores atrelados a entrega desses ativos ou desses bens, que podem ser um automóvel, um imóvel ou um título financeiro. Será possível concomitar o pagamento desses bens com a entrega dele. O fato de eu pagar condiciona o fato de eu ter a entrega, e a entrega também só ocorre quando o pagamento é feito de forma imediata.
Outro exemplo dessa programabilidade é a utilização de colaterais ou garantias para a contratação de serviços financeiros. Por exemplo, vou colocar em garantia ações que eu tenho ou títulos financeiros que eu tenho para contratar um crédito. Se eu não pagar esse crédito, automaticamente essas ações e títulos que eu coloquei em colateral saem da minha posse e vão cumprir o pagamento desse crédito que eu não realizei. Tudo isso traz mais eficiência em operações e transações financeiras reduzindo o custo final.
Portanto, a ideia é que o Drex permita e possibilite tanto a redução de serviços financeiros, como o de crédito, reduzindo o custo desses serviços, permitindo que mais pessoas façam créditos, além de aumentar a possibilidade de novos serviços, onde eu vou combinar diferentes serviços financeiros entre eles. Essa combinação permite que sejam criados novos modelos de negócios que vão atender melhor a população.
Da mesma forma do Pix, o Drex será disponibilizado através das aplicações dos bancos. São os bancos que vão propor para a população essa nova modalidade de pagamento, serão os bancos que vão definir os casos de uso, e toda a experiência do usuário por traz dessa operação.
O usuário final não vai precisar entender sobre a engrenagem que está por trás disso. Da mesma forma que é a experiência do Pix, a disponibilização desses serviços por meio de aplicativos de bancos e instituições de pagamentos autorizadas a transacionar através da plataforma Drex
O formato do dinheiro
Essa programabilidade que estamos falando ela é permitida por uma diferença essencial entre o Drex e os meios que temos hoje de pagamento como o Pix. O formato do dinheiro utilizado no Drex é diferente do formato utilizado nas nossas contas bancárias. Em nossas contas corrente, o dinheiro eletrônico consiste em depósitos que foram feitos.
No Drex é o dinheiro digital das nossas finanças, que é o real nacional, em formato do que chamamos de tokenizado.
Esse formato, que também pode ser chamado de moeda digital do Banco Central (CBDC), é a mesma moeda que temos ou que transferimos quando fazemos um Pix ou que podemos sacar no formato físico. Entretanto, é em um formato tokenizado, o qual transita nessa plataforma do Drex, onde outros ativos vão coexistir no mesmo formato tokenizado. Assim, é possível haver segurança e eficiência nesses diferentes ativos.
Privacidade e segurança digital
Há duas diretrizes muito importantes colocadas pelo Banco Central na hora de testar o Drex. Uma delas é a privacidade, pois a nova plataforma precisa garantir para a população que haverá no Drex os mesmos conceitos de privacidade exigidos pela Lei de Proteção de Dados (LGPD) e toda parte de sigilo bancário, tradicional no sistema financeiro. Esse é um ponto desafiador nessa nova tecnologia.
Outra diretriz de suma importância que o Bacen colocou para esse piloto é a segurança. As mesmas metodologias de resiliência, as mesmas e melhores práticas de resiliência que são utilizadas hoje no mercado financeiro tradicional precisam estar inseridas no Drex. Isso também é considerado e para isso é utilizado a rede do sistema financeiro nacional (ARFN) que é uma rede fechada entre os participantes desse sistema financeiro nacional, o que já traz um grande nível de segurança.
Quando falamos de Drex, falamos de tecnologia que utiliza registros distribuídos, o blockchain. Por isso são vários participantes que validam transações entre eles, lembrando que falamos de processos criptográficos de assinatura e sobre tudo de chaves criptográficas, tanto nos diferentes nós que compõem a rede do Drex como também as chaves que dão acesso aos tokens e ao dinheiro transitado para o Drex.
Essas chaves precisam ser protegidas de forma muito segura e é aqui que a DINAMO Networks atua, por meio do Hardware Security Module (HSM), que é uma mistura de guara de chaves com processamento de operações criptográficas que segue os maiores padrões de segurança do mundo, e está sendo tentado no piloto do Drex para garantir a maior segurança possível para quem vai utilizar o Drex.
Economia
Carteira de dividendos: veja os papéis mais recomendados para julho
A Petrobras foi a empresa mais indicada pelas instituições financeiras consultadas pela CNN para compor a carteira de melhores pagadoras de dividendos em julho.
O levantamento considerou as avaliações de Santander, Empiricus, XP, Guide, Ativa e BTG Pactual.
Os papéis mais recomendados foram:
- 5 recomendações: Petrobras;
- 4 recomendações: Banco do Brasil, CPFL e Vale;
- 3 recomendações: BB Seguridade, Eletrobras e Itaú.
Após um impasse sobre o pagamento ou não de dividendos extraordinários, o conselho de administração da Petrobras aprovou em abril o repasse de 50% do valor total, referente ao exercício de 2023.
Com a distribuição, a equipe de analistas do Santander avalia manter o peso dos papéis da estatal em sua carteira. Já o BTG, optou por ampliar sua exposição à estatal.
“Embora a companhia esteja sinalizando maiores investimentos, a verdadeira questão para nós é se esse aumento em potencial poderia sacrificar a capacidade da empresa de distribuir dividendos substanciais, e acreditamos que não”, aponta a equipe do BTG em relatório.
Momento de incertezas
O Ibovespa encerrou o pregão de sexta-feira (28), o último de junho, em queda de 0,32% no dia. Apesar de ter acumulado alta de 1,47% no mês, o índice caiu 7,66% no primeiro semestre deste ano.
O que se avalia é que as incertezas se mantém e o mercado seguirá se pautando por elas.
“O cenário local segue girando em torno da dificuldade do governo em convencer o mercado quanto ao seu comprometimento fiscal”, aponta a Ativa Investimentos em relatório.
O governo trabalha com a meta de zerar o déficit neste ano e no próximo — após alterar a meta de 2025, o que não foi favorável para a imagem de responsabilidade fiscal.
Apesar de o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assegurar que o arcabouço será cumprido, o mercado vê o déficit primário em 0,7% do Produto Interno Bruto neste ano.
Lula se reuniu nesta quarta-feira (3) com ministros da área econômica do governo. Após o encontro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que o presidente mantém seu compromisso com as contas públicas.
“A primeira coisa que o presidente determinou é ‘cumpra-se o arcabouço fiscal’. Não há discussão sobre esse respeito. Em 2024, 2025, 2026, o compromisso nosso é de cumprimento das leis complementares de finanças públicas”, comentou Haddad.
Segundo o chefe da equipe econômica, o governo realiza desde março um estudo entre os ministérios buscando despesas que podem ser cortadas. De acordo com Haddad, foram identificados R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias, cujo corte, segundo o ministro, já foi autorizado pelo presidente.
O economista-chefe da XP Inc., Caio Megale, apontou em entrevista ao WW de terça-feira (2) que além da questão fiscal, outro imbróglio do cenário doméstico também segue na mira do mercado: a questão monetária.
“Essa transição para o próximo presidente [do BC] é uma espada, de fato, na cabeça. A gente não sabe exatamente quem vai ser a próxima ou o próximo presidente, qual vai ser a visão de política monetária que essa pessoa vai ter na hora de conduzir a taxa de juros, de tomar as decisões”, pontuou Megale.
“Acho que dar uma clareza e maior transparência de como vai ser a gestão da política monetária depois da transição do Roberto Campos e medidas efetivas no sentido de controlar as despesas do lado fiscal, eu acho que é o que vai trazer uma tranquilidade [para o mercado].”
Economia
Venda de veículos eletrificados cresce 146% no primeiro semestre de 2024
Entre janeiro e junho, comercialização de automóveis registrou cerca de 79 mil vendas, de acordo com relatório da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE)
O comércio de automóveis movidos a eletricidade segue em crescimento no Brasil. No primeiro semestre de 2024, a venda de veículos leves eletrificados alcançou um total de 79.304 unidades em todo o país. Somente no último mês de junho, foram registrados 14.396 novos emplacamentos, o que representa a terceira melhor marca para um mês de toda a série histórica.
O número maior de vendas na metade inicial do ano indica um crescimento de 146% em relação ao primeiro semestre de 2023, e de 288% na comparação com o mesmo período de 2022. Além dos automóveis totalmente elétricos, também são incluídos na estatística os veículos parcialmente eletrificados – ou híbridos. Os dados foram levantados pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e divulgados nesta quarta-feira (3/7).
Com o avanço do número de vendas, a ABVE estima que o Brasil já atingiu a marca de 300 mil veículos comercializados desde o início da série histórica do levantamento, em 2012. Além disso, a previsão da associação para 2023 é que mais de 150 mil automóveis desta categoria sejam vendidos até o fim do ano em todo o território nacional, o que indica um crescimento de cerca de 60%.
No Brasil, ainda predominam os veículos elétricos plug-in, que se consolidaram no mercado nacional e representaram 69% de todas as vendas no primeiro semestre. Dentro desta categoria, estão incluídos os tipos BEV (totalmente elétricos) e PHEV (elétricos híbridos). Na sequência, os HEV convencionais (elétricos não plug-in a gasolina ou diesel) ficaram com 9,3% da parcela total de eletrificados vendidos.
Preocupação para o setor
Mesmo diante de um aumento das vendas, o setor de veículos elétricos está preocupado com o reajuste da tributação dos produtos. Desde a última segunda-feira (1º/7), passou a vigorar uma resolução que aumenta a alíquota para a importação de elétricos importados, de 10% para 18%. Em julho de 2025, sobe para 25%, até atingir 35% no ano seguinte.
“Temos ouvido notícias preocupantes sobre a antecipação da alíquota de 35% do Imposto de Importação de veículos elétricos, que estava prevista pelo Governo Federal somente para julho de 2026. Entendemos que, a se confirmar, essa antecipação configuraria uma lamentável quebra das regras estabelecidas há apenas seis meses pelo próprio governo”, avalia o presidente da ABVE, Ricardo Bastos.
Além disso, a associação teme a inclusão dos veículos elétricos no Imposto Seletivo, que é chamado popularmente de “imposto do pecado”. A lei foi estabelecida pela emenda constitucional da reforma tributária, aprovada no ano passado, com o objetivo de sobretaxar bens considerados danosos à saúde e ao meio ambiente.
Na avaliação da ABVE, a inclusão dos veículos eletrificados no IS “não faria sentido”, visto que esse tipo de automóvel emite menos gases de efeito estufa e reduz o nível de ruído nas cidades do país. “Eles são fatores decisivos para melhorar a qualidade de vida e diminuir as mortes associadas à poluição nas grandes cidades”. “Não nos parece cabível que esses veículos venham a ser taxados como se fossem produtos que fazem mal à saúde ou ao meio ambiente, o que absolutamente não é o caso”, conclui o presidente da associação.
Economia
Produção industrial cai 0,9% em maio, diz IBGE
No acumulado do ano, houve avanço de 2,5%
A produção industrial brasileira caiu 0,9% em maio em relação a abril. É o segundo recuo consecutivo, apontando retração de 1,7% no período. Com o resultado, o setor perdeu o ganho acumulado entre fevereiro e março deste ano (1,1%).
No acumulado nos últimos 12 meses, houve crescimento de 1,3%, o que acabou por reduzir a intensidade no ritmo de evolução se comparado ao resultado do mês anterior. Os dados foram anunciados nesta quarta-feira (3), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Os números fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta quarta-feira (3) pelo órgão, que mostrou ainda avanço de 2,5% no acumulado dos cinco primeiros meses de 2024, se comparado ao mesmo período do ano anterior.
Influências
Nessa comparação, entre as atividades, as principais influências positivas na totalidade da indústria foram anotadas por produtos alimentícios (5,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,1%), indústrias extrativas (2,3%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (4,8%).
O gerente da pesquisa, André Macedo, disse que, em maio de 2024, a indústria apresentou “predominância de resultados negativos de forma geral”, com recuo na margem e na comparação com maio de 2023.
Houve, ainda, interrupção da trajetória ascendente no índice de média móvel trimestral e perda de intensidade no ritmo de expansão no acumulado do ano e dos 12 meses anteriores.
Nesse mês, a indústria intensificou a queda que já tinha sido registrada no mês anterior, e entre os fatores que explicam esse resultado, estão as chuvas no Rio Grande do Sul, que tiveram um impacto local maior, mas também influenciaram o resultado negativo na indústria do país, informou o texto publicado pelo IBGE.
Conforme a pesquisa, 16 das 25 atividades investigadas tiveram recuo em maio de 2024. Veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,7%) e produtos alimentícios (-4,0%) foram as duas maiores influências negativas para o resultado geral da indústria em maio.
O gerente afirmou, também, que esses dois setores foram prejudicados pelas enchentes do Rio Grande do Sul. No setor de veículos automotores, a paralisação das plantas industriais locais provocou impactos diretos e indiretos. Por causa do mau tempo, tanto as montadoras de veículos, quanto as fábricas de autopeças pararam com as produções e isso afetou também o abastecimento para a produção de bens finais no restante do país.
“Houve, por exemplo, a concessão de férias coletivas em uma planta industrial em São Paulo como forma de mitigar os efeitos das paralisações ocorridas em unidades produtoras de peças no Rio Grande do Sul”, completou.
Greve
Macedo acrescentou que a paralisação decorrente de greve em outra montadora e a base de comparação elevada também contribuíram para a queda de dois dígitos na atividade. Em abril, o setor de veículos registrou crescimento de 13,8%.
A atividade de produtos alimentícios, que responde por cerca de 15% da produção industrial do país, teve em maio o segundo mês seguido de queda. A perda acumulada no período é de 4,7%.
“A retração no processamento da cana-de-açúcar, por conta da condição climática menos favorável na segunda quinzena de maio, provocou uma queda pontual na produção do açúcar. Já entre os impactos negativos que podem ter a ver com as chuvas no Rio Grande do Sul estão as carnes de aves, de bovinos e de suínos e os derivados da soja, que são produtos que têm grande peso no setor”, explicou.
Outros setores que recuaram e influenciaram o resultado negativo do mês foram os de produtos químicos (-2,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,3%), produtos do fumo (-28,2%), metalurgia (-2,8%), máquinas e equipamentos (-3,5%), impressão e reprodução de gravações (-15,0%) e produtos diversos (-8,5%).
Os principais impactos positivos no resultado geral da indústria foram as indústrias extrativas (2,6%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,9%). De acordo com Macedo, esses segmentos têm grande peso e evitaram uma queda maior no resultado da indústria.
“O crescimento do setor extrativo veio após uma queda no mês anterior, ou seja, tem o efeito de uma base de comparação mais negativa. Também houve aumento na extração dos dois principais produtos, o petróleo e o minério de ferro”, afirmou.
As atividades de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (3,7%), produtos têxteis (2,9%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (1,5%), produtos de borracha e de material plástico (0,5%), outros equipamentos de transporte (0,2%), móveis (0,2%) e celulose, papel e produtos de papel (0,1%) também tiveram desempenho favorável.
“Ainda na comparação com abril, as quatro grandes categorias econômicas recuaram: bens de consumo duráveis (-5,7%), bens de capital (-2,7%), bens intermediários (-0,8%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,1%)”, pontuou o IBGE.
O recuo de 1,0% na comparação de maio de 2024 com maio do ano anterior teve influência dos resultados negativos de duas das quatro grandes categorias econômicas, 14 dos 25 ramos, 43 dos 80 grupos e 50,4% dos 789 produtos pesquisados, finalizou o IBGE.
Agência Brasil
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