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Economia

Arcabouço fiscal, Selic e crédito rotativo: os planos de Haddad para a economia no segundo semestre

(Diogo Zacarias/Flickr)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira, 14, em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, que o arcabouço fiscal desenhado pela Fazenda foi aperfeiçoado pelo Congresso e ficou até mais apertado. A entrevista foi gravada na sexta-feira, 11, e divulgada nesta segunda-feira.

“Desenhamos essa regra depois de analisar 29 países. Ela tem uma regra de gasto, que não é o teto, mas uma coisa mais inteligente. Tem um teto móvel, mas é um teto”, defendeu o ministro, dizendo que esta é uma vantagem em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), além de resgatar a meta fiscal.

Para ele, foi isso que “comoveu” as agências de risco, por trazer uma solução que melhora as regras fiscais existentes e mostrou o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal.

Haddad também falou que a nova regra parte da premissa que há esforço para arrecadar sem gastar o extra, visando um resultado primário melhor a ampliação do espaço fiscal.

Ele disse que o governo contabilizou R$ 600 bilhões em renúncias fiscais, mais do que o estimado em Orçamento. “Fizemos a análise dos benefícios das renúncias e achamos algumas inexplicáveis, até fruto de emendas parlamentares mal redigidas que geraram litígio”, comentou, pontuando que algumas só foram derrubadas nos tribunais superiores.

Ele citou algumas causas que o governo ganhou recentemente nos tribunais superiores, como a incidência de tributos de renda em benefícios concedidos pelos Estados, e também a questão da retomada do voto de qualidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

Promessas de equilíbrio fiscal

O ministro da Fazenda disse ainda que não pode prometer equilíbrio fiscal sem apresentar as medidas para atingir esse resultado. Haddad lembrou que ainda há trabalho pela frente, como o de dar forma legal às vitórias judiciais que o governo está conseguindo em questões tributárias, que exigirão colaboração do Congresso, que também avaliará o pacote de medidas para ampliar a arrecadação e que será apresentado com o Orçamento em 31 de agosto.

“É uma exigência fiscal que eu não posso prometer equilíbrio fiscal sem dizer como ele será atingido”, disse o ministro, sinalizando o envio de cálculos minuciosos de técnicos da Receita.

Ele reiterou que o desafio do governo é mandar a peça orçamentária e demonstrar que resultado é alcançável matematicamente. Se isso ocorrer, Haddad argumenta que o País entrará em um ciclo virtuoso de desenvolvimento sustentável, com crescimento e redução nas taxas de juro, sem trazer inflação novamente.

Em relação ao resultado fiscal, Haddad voltou a falar que os técnicos do Tesouro Nacional estimam que será possível fechar 2023 com déficit em torno de 1% do PIB. “Não estou desprezando o objetivo de atingir a meta fiscal. Se eu propusesse alguma outra coisa, eu seria criticado por mirar um déficit no ano que vem”, comentou, dizendo que se tivesse proposto déficit de 0,5% do PIB em 2024, ele seria criticado. A Fazenda quer enviar o Orçamento com resultado neutro em 2024.

Corte do Copom

O ministro ressaltou, na entrevista, que não sabe o que o governo faria se não houvesse o corte de 0,50 ponto percentual na Selic em agosto. A entrevista foi gravada na sexta-feira, 11, e divulgada nesta segunda-feira.

“Se não viesse o corte de agosto, eu não sei o que nós iríamos fazer”, disse Haddad, mencionando reformas propostas pelo governo e uma preocupação com a situação fiscal do País.

Segundo Haddad, a demora no corte de juros surpreendeu e causou angústia no governo, que avaliava já haver razões para essa redução e que não era possível se iludir com o bom resultado do PIB no primeiro trimestre, que havia sido puxado pelo agronegócio.

“Veio a desaceleração e não veio o corte de juros. Esse período de abril, maio, julho foi o momento de maior tensão com o Banco Central”, afirmou o ministro da Fazenda.

Eficiência das políticas públicas

Haddad disse também que a equipe do Ministério do Planejamento está fazendo um bom trabalho para analisar a eficiência das políticas públicas. Ele citou o trabalho desenvolvido por Sergio Firpo, secretário de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas no Planejamento, que está fazendo um pente-fino nas grandes unidades de custo para saber o que está acontecendo em grandes programas, como o Bolsa Família, ou mesmo na Previdência.

Ele afirmou que os cadastros foram desorganizados no governo anterior e agora é o momento de botar ordem. “Há muito espaço e não vou te falar que é corte de gasto, é combate à fraude, ao desperdício, coisas óbvias para ser resolvidas”, disse.

O ministro ainda criticou economistas clássicos, que só veem as planilhas de custos, sem enxergar a equação política.

‘Parlamentarismo sem primeiro-ministro’

Haddad disse também que o País vive uma situação estranha em um tipo de parlamentarismo sem primeiro-ministro. “A gente saiu do presidencialismo de coalizão e hoje vive uma coisa estranhíssima que é um parlamentarismo sem primeiro-ministro. Não tem primeiro-ministro, ninguém vai cair, quem vai pagar o pato político é o Executivo”, comentou.

Ele também pontuou que o volume de recursos do Orçamento em emendas parlamentares é muito elevado.

“Eu não sei como resolver e não sei se tem solução. São R$ 40 bilhões em emendas, é 0,4% do PIB. Em que lugar do mundo você tem isso?”, pontuou Haddad.

Autonomia do Banco Central

Haddad afirmou, ainda, que não teria votado pela autonomia do Banco Central por causa do presidente da República, Jair Bolsonaro.

“Eu não votaria naquela circunstância jamais para a autonomia [do BC], por causa do Bolsonaro”, disse o ministro da Fazenda.

Ele justificou que o ex-presidente era um “lunático” e “psicopata” e que “não aprovaria nada com Bolsonaro no Poder”.

Selic

O ministro da Fazenda disse que poderia haver questionamentos sobre a autonomia do Banco Central se não tivesse havido redução na taxa Selic neste mês. “Esse corte de 0,5 [ponto percentual], do ponto de vista técnico, se ele não viesse, teríamos um problema grave na economia, porque em julho a arrecadação despencou e já vinha desacelerando desde abril. Do ponto de vista político, você teria pessoas que votaram na autonomia [do BC] dizendo erramos. As instituições não são qualquer coisa, tem que saber construir para dar certo”, comentou.

Questionado sobre o patamar de juros neutros, lembrando que com uma inflação no patamar de 4%, e com a taxa neutra de juro real em 4,5%, quaisquer juros acima de 8,5% são recessivos, contracionistas. “Se cortar 0,5 por reunião, quanto tempo levaremos para chegar no juro neutro, contando que temos oito reuniões por ano?”, questionou, dizendo que o País ainda viverá longo processo contracionista.

O ministro ainda disse que o País tem um viés de pagar juros altos “impressionante”, e que mesmo quando havia superávit e a dívida estava em queda, o pagamento de juros no Brasil era maior do que em outros pares.

Poder da Câmara

O ministro da Fazenda disse ainda que a Câmara dos Deputados tem um poder muito grande e é preciso construir moderação em relação a outros Poderes. “A Câmara está com um poder muito grande e não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o Executivo. Mas, de fato, ela está com um poder que eu nunca vi na minha vida. Tem de haver uma moderação que tem de ser construída”, comentou.

Sobre a boa relação com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ele lembrou que isso começou durante a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, com uma combinação para separar temas de governo dos de Estado, mas disse que os dois também têm pontos de divergência. “A gente só aparece sorrindo, mas às vezes temos debates acalorados”, disse.

Créditos rotativos

Por fim, o ministro disse em entrevista que é preciso garantir proteção a quem está no crédito rotativo sem comprometer o varejo.

Quando questionado sobre a declaração do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que é preciso acabar com o rotativo do cartão, ele respondeu: “O rotativo não dá. É 15% ao mês, composto”, disse.

Para o ministro, é preciso garantir algum tipo de proteção às pessoas que estão com dívidas nessa modalidade, mas sem perder de vista o varejo, que vende muito em parcelas sem juros no cartão de crédito — que para ele é um padrão de compra do brasileiro.

Ele lembrou que o Congresso foi buscar soluções para limitar o crédito, e que o próprio Banco Central já havia limitado os juros do cheque especial.

preciso garantir algum tipo de proteção às pessoas que estão com dívidas nessa modalidade, mas sem perder de vista o varejo.

Economia

Carteira de dividendos: veja os papéis mais recomendados para julho

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A Petrobras foi a empresa mais indicada pelas instituições financeiras consultadas pela CNN para compor a carteira de melhores pagadoras de dividendos em julho.

 

Fernando Frazão/Agência Brasil

 

O levantamento considerou as avaliações de Santander, Empiricus, XP, Guide, Ativa e BTG Pactual.

Os papéis mais recomendados foram:

  •  5 recomendações: Petrobras;
  • 4 recomendações: Banco do Brasil, CPFL e Vale;
  • 3 recomendações: BB Seguridade, Eletrobras e Itaú.

Após um impasse sobre o pagamento ou não de dividendos extraordinários, o conselho de administração da Petrobras aprovou em abril o repasse de 50% do valor total, referente ao exercício de 2023.

Com a distribuição, a equipe de analistas do Santander avalia manter o peso dos papéis da estatal em sua carteira. Já o BTG, optou por ampliar sua exposição à estatal.

“Embora a companhia esteja sinalizando maiores investimentos, a verdadeira questão para nós é se esse aumento em potencial poderia sacrificar a capacidade da empresa de distribuir dividendos substanciais, e acreditamos que não”, aponta a equipe do BTG em relatório.

Momento de incertezas

O Ibovespa encerrou o pregão de sexta-feira (28), o último de junho, em queda de 0,32% no dia. Apesar de ter acumulado alta de 1,47% no mês, o índice caiu 7,66% no primeiro semestre deste ano.

O que se avalia é que as incertezas se mantém e o mercado seguirá se pautando por elas.

“O cenário local segue girando em torno da dificuldade do governo em convencer o mercado quanto ao seu comprometimento fiscal”, aponta a Ativa Investimentos em relatório.

O governo trabalha com a meta de zerar o déficit neste ano e no próximo — após alterar a meta de 2025, o que não foi favorável para a imagem de responsabilidade fiscal.

Apesar de o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assegurar que o arcabouço será cumprido, o mercado vê o déficit primário em 0,7% do Produto Interno Bruto neste ano.

Lula se reuniu nesta quarta-feira (3) com ministros da área econômica do governo. Após o encontro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que o presidente mantém seu compromisso com as contas públicas.

“A primeira coisa que o presidente determinou é ‘cumpra-se o arcabouço fiscal’. Não há discussão sobre esse respeito. Em 2024, 2025, 2026, o compromisso nosso é de cumprimento das leis complementares de finanças públicas”, comentou Haddad.

Segundo o chefe da equipe econômica, o governo realiza desde março um estudo entre os ministérios buscando despesas que podem ser cortadas. De acordo com Haddad, foram identificados R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias, cujo corte, segundo o ministro, já foi autorizado pelo presidente.

O economista-chefe da XP Inc., Caio Megale, apontou em entrevista ao WW de terça-feira (2) que além da questão fiscal, outro imbróglio do cenário doméstico também segue na mira do mercado: a questão monetária.

“Essa transição para o próximo presidente [do BC] é uma espada, de fato, na cabeça. A gente não sabe exatamente quem vai ser a próxima ou o próximo presidente, qual vai ser a visão de política monetária que essa pessoa vai ter na hora de conduzir a taxa de juros, de tomar as decisões”, pontuou Megale.

“Acho que dar uma clareza e maior transparência de como vai ser a gestão da política monetária depois da transição do Roberto Campos e medidas efetivas no sentido de controlar as despesas do lado fiscal, eu acho que é o que vai trazer uma tranquilidade [para o mercado].”

CNN

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Economia

Venda de veículos eletrificados cresce 146% no primeiro semestre de 2024

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Entre janeiro e junho, comercialização de automóveis registrou cerca de 79 mil vendas, de acordo com relatório da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE)

 

Benefícios para importação de carros elétricos deixaram de vigorar para favorecer indústria local – (crédito: Fotos: Divulgação )

 

O comércio de automóveis movidos a eletricidade segue em crescimento no Brasil. No primeiro semestre de 2024, a venda de veículos leves eletrificados alcançou um total de 79.304 unidades em todo o país. Somente no último mês de junho, foram registrados 14.396 novos emplacamentos, o que representa a terceira melhor marca para um mês de toda a série histórica.

O número maior de vendas na metade inicial do ano indica um crescimento de 146% em relação ao primeiro semestre de 2023, e de 288% na comparação com o mesmo período de 2022. Além dos automóveis totalmente elétricos, também são incluídos na estatística os veículos parcialmente eletrificados – ou híbridos. Os dados foram levantados pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e divulgados nesta quarta-feira (3/7).

Com o avanço do número de vendas, a ABVE estima que o Brasil já atingiu a marca de 300 mil veículos comercializados desde o início da série histórica do levantamento, em 2012. Além disso, a previsão da associação para 2023 é que mais de 150 mil automóveis desta categoria sejam vendidos até o fim do ano em todo o território nacional, o que indica um crescimento de cerca de 60%.

No Brasil, ainda predominam os veículos elétricos plug-in, que se consolidaram no mercado nacional e representaram 69% de todas as vendas no primeiro semestre. Dentro desta categoria, estão incluídos os tipos BEV (totalmente elétricos) e PHEV (elétricos híbridos). Na sequência, os HEV convencionais (elétricos não plug-in a gasolina ou diesel) ficaram com 9,3% da parcela total de eletrificados vendidos.

Preocupação para o setor

Mesmo diante de um aumento das vendas, o setor de veículos elétricos está preocupado com o reajuste da tributação dos produtos. Desde a última segunda-feira (1º/7), passou a vigorar uma resolução que aumenta a alíquota para a importação de elétricos importados, de 10% para 18%. Em julho de 2025, sobe para 25%, até atingir 35% no ano seguinte.

“Temos ouvido notícias preocupantes sobre a antecipação da alíquota de 35% do Imposto de Importação de veículos elétricos, que estava prevista pelo Governo Federal somente para julho de 2026. Entendemos que, a se confirmar, essa antecipação configuraria uma lamentável quebra das regras estabelecidas há apenas seis meses pelo próprio governo”, avalia o presidente da ABVE, Ricardo Bastos.

Além disso, a associação teme a inclusão dos veículos elétricos no Imposto Seletivo, que é chamado popularmente de “imposto do pecado”. A lei foi estabelecida pela emenda constitucional da reforma tributária, aprovada no ano passado, com o objetivo de sobretaxar bens considerados danosos à saúde e ao meio ambiente.

Na avaliação da ABVE, a inclusão dos veículos eletrificados no IS “não faria sentido”, visto que esse tipo de automóvel emite menos gases de efeito estufa e reduz o nível de ruído nas cidades do país. “Eles são fatores decisivos para melhorar a qualidade de vida e diminuir as mortes associadas à poluição nas grandes cidades”. “Não nos parece cabível que esses veículos venham a ser taxados como se fossem produtos que fazem mal à saúde ou ao meio ambiente, o que absolutamente não é o caso”, conclui o presidente da associação.

 

 Correio Braziliense
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Economia

Produção industrial cai 0,9% em maio, diz IBGE

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No acumulado do ano, houve avanço de 2,5%

 

Indústria — Foto: Divulgação/Fiep

 

A produção industrial brasileira caiu 0,9% em maio em relação a abril. É o segundo recuo consecutivo, apontando retração de 1,7% no período. Com o resultado, o setor perdeu o ganho acumulado entre fevereiro e março deste ano (1,1%).

No acumulado nos últimos 12 meses, houve crescimento de 1,3%, o que acabou por reduzir a intensidade no ritmo de evolução se comparado ao resultado do mês anterior. Os dados foram anunciados nesta quarta-feira (3), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

Os números fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta quarta-feira (3) pelo órgão, que mostrou ainda avanço de 2,5% no acumulado dos cinco primeiros meses de 2024, se comparado ao mesmo período do ano anterior.

Influências

Nessa comparação, entre as atividades, as principais influências positivas na totalidade da indústria foram anotadas por produtos alimentícios (5,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,1%), indústrias extrativas (2,3%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (4,8%).

O gerente da pesquisa, André Macedo, disse que, em maio de 2024, a indústria apresentou “predominância de resultados negativos de forma geral”, com recuo na margem e na comparação com maio de 2023.

Houve, ainda, interrupção da trajetória ascendente no índice de média móvel trimestral e perda de intensidade no ritmo de expansão no acumulado do ano e dos 12 meses anteriores.

Nesse mês, a indústria intensificou a queda que já tinha sido registrada no mês anterior, e entre os fatores que explicam esse resultado, estão as chuvas no Rio Grande do Sul, que tiveram um impacto local maior, mas também influenciaram o resultado negativo na indústria do país, informou o texto publicado pelo IBGE.

Conforme a pesquisa, 16 das 25 atividades investigadas tiveram recuo em maio de 2024. Veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,7%) e produtos alimentícios (-4,0%) foram as duas maiores influências negativas para o resultado geral da indústria em maio.

O gerente afirmou, também, que esses dois setores foram prejudicados pelas enchentes do Rio Grande do Sul. No setor de veículos automotores, a paralisação das plantas industriais locais provocou impactos diretos e indiretos. Por causa do mau tempo, tanto as montadoras de veículos, quanto as fábricas de autopeças pararam com as produções e isso afetou também o abastecimento para a produção de bens finais no restante do país.

“Houve, por exemplo, a concessão de férias coletivas em uma planta industrial em São Paulo como forma de mitigar os efeitos das paralisações ocorridas em unidades produtoras de peças no Rio Grande do Sul”, completou.

Greve

Macedo acrescentou que a paralisação decorrente de greve em outra montadora e a base de comparação elevada também contribuíram para a queda de dois dígitos na atividade. Em abril, o setor de veículos registrou crescimento de 13,8%.

A atividade de produtos alimentícios, que responde por cerca de 15% da produção industrial do país, teve em maio o segundo mês seguido de queda. A perda acumulada no período é de 4,7%.

“A retração no processamento da cana-de-açúcar, por conta da condição climática menos favorável na segunda quinzena de maio, provocou uma queda pontual na produção do açúcar. Já entre os impactos negativos que podem ter a ver com as chuvas no Rio Grande do Sul estão as carnes de aves, de bovinos e de suínos e os derivados da soja, que são produtos que têm grande peso no setor”, explicou.

Outros setores que recuaram e influenciaram o resultado negativo do mês foram os de produtos químicos (-2,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,3%), produtos do fumo (-28,2%), metalurgia (-2,8%), máquinas e equipamentos (-3,5%), impressão e reprodução de gravações (-15,0%) e produtos diversos (-8,5%).

Os principais impactos positivos no resultado geral da indústria foram as indústrias extrativas (2,6%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,9%). De acordo com Macedo, esses segmentos têm grande peso e evitaram uma queda maior no resultado da indústria.

“O crescimento do setor extrativo veio após uma queda no mês anterior, ou seja, tem o efeito de uma base de comparação mais negativa. Também houve aumento na extração dos dois principais produtos, o petróleo e o minério de ferro”, afirmou.

As atividades de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (3,7%), produtos têxteis (2,9%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (1,5%), produtos de borracha e de material plástico (0,5%), outros equipamentos de transporte (0,2%), móveis (0,2%) e celulose, papel e produtos de papel (0,1%) também tiveram desempenho favorável.

“Ainda na comparação com abril, as quatro grandes categorias econômicas recuaram: bens de consumo duráveis (-5,7%), bens de capital (-2,7%), bens intermediários (-0,8%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,1%)”, pontuou o IBGE.

O recuo de 1,0% na comparação de maio de 2024 com maio do ano anterior teve influência dos resultados negativos de duas das quatro grandes categorias econômicas, 14 dos 25 ramos, 43 dos 80 grupos e 50,4% dos 789 produtos pesquisados, finalizou o IBGE.

 

Agência Brasil

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