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Em Paris, Lula culpa países ricos pela crise climática

Foto: Lewis Joly/AP/picture alliance

Discursando em festival, presidente diz que nações desenvolvidas têm “dívida histórica” e devem financiar preservação de florestas. Ele também promete ser duro contra quem desmatar Amazônia para agronegócio.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (22/06), em um discurso em Paris, que os países desenvolvidos são responsáveis pela crise climática, e garantiu que o governo brasileiro será duro com quem desmatar a Amazônia para promover atividades do agronegócio.

Em uma fala de seis minutos, o líder brasileiro se pronunciou para uma multidão durante o encerramento do festival Power Our Planet, promovido pela ONG Global Citizen e que tem o cantor Chris Martin, vocalista do Coldplay, como seu curador.

Lula voltou a defender que os países ricos devem arcar com os custos da conservação ambiental nos países em desenvolvimento, justificando que eles têm uma “dívida histórica” com o planeta.

“Não é o povo africano que polui o mundo, não é o povo latino-americano que polui o mundo. Na verdade, quem poluiu o planeta nos últimos 200 anos foram aqueles que fizeram a Revolução Industrial. E, por isso, têm que pagar a dívida histórica que têm com o planeta Terra”, afirmou.

Já em relação ao Brasil, ele disse que o governo será “muito duro com toda e qualquer pessoa que quiser derrubar uma árvore para plantar soja, milho ou criar gado”, mencionando três setores em que o país é competitivo no agronegócio mundial.

Na capital francesa, o presidente reforçou a importância da Amazônia, lembrando que a floresta está inserida em oito países sul-americanos e abriga mais de 400 povos indígenas e seus mais de 300 idiomas.

“A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e responde por 40% das florestas tropicais do planeta. Representa 6% da superfície e tem o rio mais caudaloso da Terra”, disse.

“Amazônia pertence a toda a humanidade”

O petista ainda reafirmou seu compromisso de zerar o desmatamento na floresta até 2030, declarando que a “Amazônia é um território soberano do Brasil, mas, ao mesmo tempo, pertence a toda a humanidade”. “Por isso, faremos todo o esforço para manter a floresta de pé”, declarou.

Ao encerrar seu discurso, que foi bastante aplaudido pela multidão presente, o presidente fez um convite à plateia para conhecer a Amazônia durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em 2025, que será realizada em Belém.

O festival Power Our Planet é um evento paralelo à Cúpula para o Novo Pacto Financeiro Global, que busca ampliar esforços para ajudar países pobres e emergentes a lidarem com os problemas das mudanças climáticas.

O evento foi realizado no Campo de Marte, em frente à Torre Eiffel, e contou com a presença de líderes do Timor-Leste, Barbados, Gana e Quênia, além da prefeita de Paris, Anne Hidalgo. Entre as atrações musicais, estavam artistas como Billie Eilish e Lenny Kravitz.

Foto: Kristy Sparow/Getty Images for Global Citizen

A visita a Paris

Lula chegou à capital da França na manhã desta quinta-feira, onde participará da cúpula promovida pelo presidente Emmanuel Macron. A cimeira de dois dias em Paris reúne centenas de entidades públicas, privadas ou não governamentais e mais de 100 chefes de governo e de Estado.

Em seu primeiro compromisso do dia, Lula se reuniu com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa. Os dois líderes conversaram sobre a cúpula do Brics – bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, que ocorre entre os dias 22 e 24 de agosto em Joanesburgo.

De acordo com a Presidência, Lula e Ramaphosa também discutiram opções para a solução pacífica da guerra travada pela Rússia na Ucrânia.

O brasileiro ainda se reuniu com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, com quem tratou sobre as potencialidades para aumentar a cooperação em áreas de interesse dos dois países e sobre assuntos relativos à conjuntura mundial.

Encontro com Macron

Lula terá um encontro bilateral com Macron nesta sexta-feira, após o encerramento da cúpula, quando o presidente brasileiro fará seu discurso oficial.

Na reunião com o líder francês, Lula deverá discutir o acordo de livre-comércio entre Mercosul e a União Europeia (UE) – que enfrenta dificuldades para ser concluído. Na semana passada, a Assembleia Nacional da França (câmara baixa do Parlamento francês) aprovou uma resolução sem poder de lei contra a ratificação do acordo.

Entre as razões para se opor ao pacto, os defensores da resolução destacaram os prejuízos para os produtores franceses em termos de concorrência desleal – a França alega que os produtos importados devem ser obrigados a cumprir os mesmos requisitos sanitários e ambientais exigidos na UE – e possíveis danos ambientais.

Em 12 de junho, Lula recebeu em Brasília Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, o braço executivo da UE, e criticou novas exigências ambientais feitas pelo bloco europeu. No entanto, o petista afirma ter interesse em concluir o acordo até o final do ano.

Passagem pela Itália

Antes de desembarcar em Paris, Lula cumpriu uma agenda de dois dias em Roma, na Itália, onde se reuniu com o presidente Sergio Matarella e com a primeira-dama Giorgia Meloni. Com Matarella, o brasileiro discutiu as relações bilaterais e o acordo de livre-comércio Mercosul-UE.

Foto: Vatican Media/IPA/picture alliance

Lula também visitou o papa Francisco, no Vaticano, onde discutiram temas como combate à fome e guerra na Ucrânia.

Ainda na Itália, o presidente encontrou o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, de centro-esquerda, que visitou o petista quando ele estava preso em Curitiba, em julho de 2018.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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