Brasil
Taxa de desemprego no Brasil sobe e fecha em 8,8% no primeiro trimestre
Alta no desemprego foi puxada pelos trabalhadores sem carteira assinada e por questões sazonais, segundo o IBGE
A taxa de desocupação no Brasil subiu e fechou em 8,8% no primeiro trimestre, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira, 28, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O desemprego no Brasil chega a seu terceiro mês seguido de leve alta trimestral, novamente com queda puxada por trabalhadores sem carteira assinada. Ainda assim, o resultado representa o menor para um primeiro trimestre no Brasil desde 2015, segundo o IBGE, devido a fatores sazonais que fazem com que o começo do ano seja historicamente período de baixa no número de vagas.
Quanto ficou a taxa de desemprego no Brasil?
- A taxa de desemprego no Brasil ficou em 8,8% no trimestre até março;
- No trimestre encerrado em fevereiro, a taxa estava em 8,6%;
- No trimestre anterior, de outubro a dezembro, a taxa estava em 7,9%;
- Já no mesmo período de 2022, a taxa estava em 11,2%.
O resultado ficou em linha com as projeções do mercado.
O número de desempregados no Brasil ficou em 9,4 milhões de pessoas no período, alta de 10% em relação ao trimestre anterior, de outubro a dezembro.
Efeito sazonal
A coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, afirmou que o resultado tem também componentes sazonais, passado o período de fim do ano. Por esse motivo, apesar da alta no percentual da população desocupada, o IBGE apontou que o resultado de 2023 representa o menor desemprego de um primeiro trimestre desde 2015 (quando a taxa foi de 8%).
“Esse movimento de retração da ocupação e expansão da procura por trabalho é observado em todos os primeiros trimestres da pesquisa, com exceção do ano de 2022, que foi marcado pela recuperação pós-pandemia”, disse Beringuy, em nota.
“Esse resultado do primeiro trimestre pode indicar que o mercado de trabalho está recuperando seus padrões de sazonalidade, após dois anos de movimentos atípicos”, afirmou a coordenadora do IBGE.
Setores como agricultura, construção e comércio tiveram queda no número de pessoas ocupadas com forte participação do componente sazonal, segundo o IBGE.
A renda média real ficou estável em relação ao trimestre anterior (de outubro a dezembro) e, em relação ao mesmo período no ano passado, subiu 7,4%. A massa de renda real habitual também ficou estável em relação ao trimestre anterior e subiu 10,8% em relação ao mesmo período de 2022.
Aumento no desemprego de CNPJs e sem carteira
Como havia ocorrido no trimestre até fevereiro, o aumento no número de pessoas sem ocupação veio principalmente de trabalhadores não formalizados ou trabalhadores por conta própria com CNPJ. Já o número de trabalhadores com carteira assinada ficou estável.
“A queda na ocupação reflete principalmente a redução dos trabalhadores sem carteira, seja no setor público ou no setor privado”, disse Beringuy, do IBGE.
- O total de trabalhadores por conta própria com CNPJ recuou 8,1% em relação ao trimestre anterior;
- O número de trabalhadores sem carteira no setor privado caiu 3,2%;
- O de sem carteira no setor público caiu 7%;
- O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado ficou estável;
- O número de trabalhadores domésticos ficou estável.
A taxa de informalidade no trimestre foi de 39,0% da população ocupada, com o Brasil chegando a 38,1 milhões de trabalhadores informais. Houve leve alta em relação ao trimestre anterior (38,8%) e queda em relação ao mesmo período de 2022 (40,1%).
Desemprego no Brasil vai cair?
O mercado de trabalho brasileiro, após ter atingido picos de desemprego durante a pandemia, vinha se recuperando sobretudo a partir do segundo semestre de 2022. A renda real, por exemplo, tem voltado a subir após chegar a seus piores resultados em uma década entre o fim de 2021 e o começo de 2022, diante do desemprego alto e inflação que chegou a superar 10% no período e ajudou a corroer os salários.
A partir de agora, porém, há debates entre os economistas sobre até onde irá o movimento de recuperação. Não se sabe ainda se a queda no desemprego seguirá para além do atual patamar de 8% ou 9% de desocupação. Caso as quedas na população ocupada vistas neste começo do ano continuem para além do primeiro trimestre, a indicação será de que a recuperação no mercado pode já ter chegado ao fim por enquanto.
Além dos movimentos sazonais, para 2023, há cenário de desaceleração da economia brasileira, em meio a fatores como o aperto monetário, riscos de inflação ainda no radar e crises globais, que têm levado empresas a enxugar quadros e segurar investimentos produtivos.
Neste início de ano, os números mostram que a tendência é que trabalhadores sem carteira assinada estejam entre os mais suscetíveis à volatilidade, enquanto o contingente de trabalhadores com carteira (39% da população brasileira) tem tido números estáveis, sem acompanhar o aumento do desemprego visto nos outros grupos.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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