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Mundo

Lula enfrenta questionamentos em agenda de aproximação com Portugal

Em boas-vindas a Lula, presidente de Portugal diz que paz no mundo pressupõe retirada da Rússia da Ucrânia

(Horacio Villalobos#Corbis/Corbis/Getty Images)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou o dia e a agenda oficial da sua viagem a Portugal neste sábado, 22, num cartão postal da cidade e um ícone da história do país: o Mosteiro dos Jerônimos. O local foi escolhido pelo governo português para Lula receber as honras de estado. Em seguida, o presidente fez uma visita guiada ao local e depositou flores no túmulo de Luiz de Camões.

A segunda agenda, os trabalhos no âmbito da 13°Cimeira Portugal-Brasil, acontece no Palácio de Belém, sede da presidência da república portuguesa. Lula está sendo recebido pelo presidente lusitano Marcelo Rebelo de Souza e participa de almoço a convite do primeiro-ministro António Costa. Lula conversa reservadamente com os dois, em momentos diferentes.

A tarde foi reservada para as discussões da Cimeira onde serão firmadas parcerias entre os dois países em diversas áreas. Entre os acordos bilaterais estão um entendimento de cooperação entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Portugal Space, agência espacial portuguesa; trabalhos conjuntos entre a Fundação Oswaldo Cruz e o Ministérios de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior português; protocolo para coprodução audiovisual entre a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e o Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA). Também deve ser acordado o reconhecimento mútuo dos documentos de condução e a concessão de equivalência de estudos no ensino fundamental básico e médio e ensino secundário, o que beneficia os imigrantes dos dois países.

Polêmicas

A deferência prestada a Lula na agenda oficial, no entanto, contrasta com o debate que continua ocorrendo no ambiente político português em relação ao líder brasileiro e à sua visita a Portugal no momento atual. Depois de questionarem a presença de Lula nas comemorações do 25 de abril, data que comemora o fim da ditadura fascista em Portugal, os parlamentares lusitanos argumentam que as posições de Lula em relação à guerra da Ucrânia tornam a visita inconveniente.

O assunto esteve em todos os noticiários da TV ontem à noite. Em debate, a representante do bloco de esquerda de Portugal, Mariana Mortágua, simpática ao PT e a Lula conseguiu defender o presidente das acusações de corrupção, mas encontrou dificuldades quando o assunto foi a guerra da Ucrânia. Ela disse não ter entendido as declarações de Lula, ao rebater as críticas feitas pelo líder do partido de direita Nuno Melo.

Ontem, a Associação dos Ucranianos, que defende a colônia de refugiados do país em Portugal protestou em frente à embaixada de Portugal e foi recebida, a pedido de Lula, pelo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Marcio Macêdo.

Guerra na Ucrânia

O presidente de Portugal, Marcelo Rabelo, em discurso de boas-vindas ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que a paz no mundo pressupõe retirada das forças armadas da Rússia da Ucrânia. “Paz para ser duradoura e justa, nos termos da resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas votada em fevereiro por Brasil e Portugal, pressupõe a disponibilidade da federação russa de retirada imediata das forças armadas”, disse Rabelo, em entrevista coletiva a jornalistas ao lado de Lula. A declaração de Rabelo ocorre na esteira de falas do presidente Lula que colocou em situação de igualdade a Rússia e a Ucrânia, o que desagradou a países da União Europeia e aos Estados Unidos.

Rabelo citou uma eventual adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e defendeu soberania de Estado. “Para aceitação de paz complementados na defesa dos princípios de direitos internacionais como soberania de Estado e integridade do território invadido”, afirmou o presidente português ao mencionar casos em que Brasil e Portugal podem desempenhar parcerias multilaterais. Rabelo se dispôs também a ajudar o Brasil a retirar brasileiros que estão no Sudão em meio aos conflitos que ocorrem no país. “O presidente sabe melhor que eu quando Portugal ou União Europeia pode desenvolver papel de ajuda em relação a esses irmãos brasileiros”, disse.

O presidente português mencionou a cimeira luso-brasileira, na qual serão assinados pelo menos 13 acordos de cooperação entre os países. “Teremos cimeira para tratar dos nossos povos e dos irmãos brasileiros, para construir o futuro na inovação científica, na energia, na economia, no plano civil e militar multilateral e bilateral”, defendeu Rabelo.

Rabelo resgatou elogios anteriores feitos ao presidente Lula, destacando que é um dos “líderes” do seu tempo e citando em generosidade. “Sejam bem-vindos a esta pátria que tanto deve aos irmãos brasileiros”, disse ao cumprimentar Lula e a primeira-dama Janja.

Acordos econômicos

O presidente de Portugal, Marcelo Rabelo, afirmou que o acordo entre Mercosul e União Europeia é importante para os dois poderes econômicos. “Reforço a importância do acordo entre Mercosul e União Europeia. É muito importante e Portugal tem sido firme na defesa desse acordo que consideramos tão importante para os dois poderes econômicos constituídos entre Mercosul e União Europeia e para todo o mundo”, disse Rabelo, em entrevista coletiva a jornalistas ao lado de Lula. Ele lembrou que estará no Brasil no fim de agosto para a cimeira luso-brasileira no país.

Rabelo deu boas-vindas ao presidente Lula afirmando que o país está de volta ao mundo. “Sejam bem-vindo neste tempo em que o Brasil retorna ao mundo, ao multilateralismo, ao diálogo entre culturas, continentes e oceanos que quer abrir pontes, desvendar caminhos e fomentar paz e justiça. Sejam bem-vindos neste tempo que comemoramos a chegada ao Brasil” citando 200 anos de independência do Brasil. “Agora é tempo de futuro, de olhar para frente, de alargar horizontes. Esse é significado decisivo da sua visita”, afirmou, voltando a destacar a cooperação entre povos irmãos brasileiros e portugueses.

 

Mundo

Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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