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Putin: relações russo-chinesas superam as alianças político-militares da Guerra Fria

No fim do domingo (19), o presidente russo, Vladimir Putin, publicou um artigo no jornal chinês O Diário do Povo, “Rússia e China – uma parceria olhando para o futuro”, sobre as relações entre os dois países.

© Sputnik / Gabriil Grigorov

Relações com Pequim

O presidente russo observou que a visita do líder chinês à Rússia é uma grande oportunidade para ele ver um bom velho amigo.
“Sinto-me feliz por me dirigir ao povo amigo chinês, na véspera da visita de Estado do presidente da China Xi Jinping, a partir das páginas de uma das maiores e mais prestigiadas publicações mundiais.”
De acordo com Putin, este evento significativo reafirma a natureza especial da parceria russo-chinesa, que sempre se baseou na confiança mútua e no respeito pela soberania e pelos interesses uns dos outros.

“Temos grandes expectativas para as próximas negociações. Não temos dúvida de que eles darão um poderoso novo impulso a todo o complexo da cooperação bilateral. Para mim é também uma ótima oportunidade para ver um bom velho amigo com quem temos um relacionamento muito caloroso.”

O chefe de Estado russo também lembrou no artigo que se encontrou com o presidente chinês Xi Jinping em março de 2010, quando veio a Moscou à frente de uma representativa delegação chinesa. Segundo o presidente, o encontro foi “muito profissional e ao mesmo tempo sincero e amistoso”. E esse estilo de comunicação atrai profundamente Putin.
“Sei que na China se dá grande importância à amizade e às relações humanas. Não foi por acaso que o sábio Confúcio disse: ‘Não é uma alegria quando um amigo vem de longe!’ Nós na Rússia também apreciamos muito essas qualidades, para nós um verdadeiro amigo é como irmão. Nisso os nossos povos são muito semelhantes”, acrescentou Putin no artigo.
O presidente da Rússia salientou que a reunião seguinte com Xi também foi realizada em Moscou, quando o presidente da China visitou a Federação da Rússia com sua primeira visita oficial após a eleição para o cargo de presidente da República Popular da China (RPC). Segundo ele, essa cúpula definiu o tom e a dinâmica das relações russo-chinesas por muitos anos e se tornou uma evidência brilhante da natureza especial das relações entre os dois países.

Em seu artigo, o líder russo observou que muitas coisas mudam no mundo durante última década, “e muitas vezes não foi para melhor, mas permaneceu o principal – a sólida amizade russo-chinesa, que está sendo consistentemente reforçada para o benefício e no interesse dos nossos países e povos”.

Ele observou que as relações entre a Rússia e a China atingiram o nível mais alto de sua história e continuam a se fortalecer, o progresso é impressionante.

“O progresso nas relações biliterais é impressionante. As relações russo-chinesas atingiram o nível mais alto de sua história e continuam a crescer, em qualidade superam as alianças político-militares dos tempos da Guerra Fria, elas não têm um líder e um liderado, não há quaisquer restrições ou tópicos proibidos. O nosso diálogo político tornou-se extremamente confiante, a relação estratégica – abrangente e entrando numa nova era.”

Cooperação econômica

Vladimir Putin também abordou o tema da cooperação comercial e econômica com a China. Ele considerou essa parceria com a China uma prioridade e expressou confiança de que a meta de trocas comerciais entre os países de US$ 200 bilhões (R$ 1,06 trilhão) será excedida já neste ano.
Ao mesmo tempo, Putin mencionou a importância de que “a parcela no comércio bilateral em moedas nacionais está crescendo e nossas relações estão se tornando ainda mais soberanas”.
Também foi notado que o gasoduto Power of Siberia (Força da Sibéria) se tornou “o negócio do século” por sua escala, os volumes de fornecimento de petróleo e carvão russos para a China aumentaram significativamente.
“Os planos e programas conjuntos de longo prazo estão sendo implementados com sucesso. Por exemplo, o principal gasoduto russo-chinês Força da Sibéria tornou-se sem exagero o ‘negócio do século’ pela sua escala. O fornecimento de petróleo e carvão nacionais aumentou significativamente. Com a participação de nossos especialistas, novas unidades geradoras de energia nuclear estão sendo construídas na China, empresas chinesas estão participando ativamente de projetos de GNL [produção de gás natural liquefeito], a cooperação industrial e agrícola está sendo fortalecida. Estamos explorando o espaço exterior juntos, desenvolvendo novas tecnologias”, diz o artigo.

Política e segurança internacional

Vladimir Putin observou em seu artigo que, ao contrário de alguns países que causam discórdia na harmonia mundial, a Rússia e a China literal e figurativamente constroem pontes.

“Ao contrário de alguns países que pretendem a hegemonia e introduzem a discórdia, Rússia e China estão literal e figurativamente construindo pontes. Assim, no ano passado nossas regiões fronteiriças uniram duas passagens por pontes através do rio Amur, que há muito se tornou um ‘rio da amizade’.”

Ele também declarou que o curso da política conduzido pelos Estados Unidos de dupla contenção da Federação da Rússia e da China, bem como daqueles que não se submetem à ditadura dos EUA, está se tornando cada vez mais assertivo.
“Vemos que a paisagem geopolítica exterior está passando por mudanças radicais. O ‘Ocidente coletivo’ está se agarrando cada vez mais desesperadamente a dogmas arcaicos, ao seu domínio em declínio, colocando Estados e povos inteiros em jogo. A política dos EUA de dupla contenção da Rússia e da China, bem como de todos aqueles que não cedem à ditadura dos EUA, está se tornando mais aguda e assertiva. A arquitetura da segurança e cooperação internacionais está a ser desmantelada. A Rússia é declarada uma ‘ameaça imediata’, e a China é declarada um ‘concorrente estratégico’.”
O artigo também afirma que Rússia está aberta a uma solução política e diplomática da situação na Ucrânia e está grata à China por sua posição equilibrada.

“Estamos gratos pela atitude equilibrada da República Popular da China em relação aos eventos que ocorrem na Ucrânia, pelo entendimento de sua história prévia e razões reais. Saudamos a prontidão da China em desempenhar um papel construtivo na resolução da crise”, disse Putin.

Segundo ele, a Rússia, assim como a China, defende o estrito cumprimento da Carta das Nações Unidas e o respeito pelas normas do direito internacional.

“Estamos comprometidos com o princípio da indivisibilidade da segurança, que é grosseiramente violado pelo bloco da OTAN. Estamos profundamente preocupados com as ações irresponsáveis e simplesmente perigosas que podem minar a segurança nuclear global. Não aceitamos sanções unilaterais ilegítimas, que devem ser canceladas”, disse o presidente russo.

Crise ucraniana

Vladimir Putin observou que a crise provocada e fomentada pelo Ocidente na Ucrânia é hoje a mais evidente manifestação, mas não a única, de manter o domínio internacional.
“Entretanto, a crise provocada e diligentemente fomentada pelo Ocidente na Ucrânia é hoje a mais evidente, mas não a única, manifestação das intenções de manter o domínio na arena internacional e uma ordem mundial unipolar”, diz o artigo.
Além disso, o líder russo enfatizou que o futuro do processo de paz na Ucrânia depende apenas da prontidão para uma conversa séria, levando em conta as realidades geopolíticas atuais.
“O futuro do processo de paz depende unicamente da vontade de ter uma conversa séria, levando em conta as realidades geopolíticas que surgiram. Infelizmente, exigências dirigidas sob forma de ultimato à Rússia falam apenas do distanciamento de tais realidades e do desinteresse em encontrar uma saída para a situação atual”, escreveu Putin no artigo.
Em conclusão de seu artigo, Vladimir Putin afirmou mais uma vez que as relações entre Rússia e China são a pedra angular da estabilidade regional e global, são um modelo de cooperação entre grandes potências.

“São precisamente as relações russo-chinesas que são hoje de fato a pedra angular da estabilidade regional e global, estimulam o crescimento econômico e servem como garantia de uma agenda positiva nos assuntos internacionais. Elas são um modelo de cooperação criativa harmoniosa entre grandes potências”, disse no artigo o chefe de Estado.

Ele acrescenta estar convencido de que a amizade e a parceria entre os dois países continuarão a crescer e a se fortalecer: “Isso será, sem dúvida, facilitado pela atual visita do presidente chinês à Rússia”.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

Por

Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

 

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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