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Incidente do balão chinês mostrou fraqueza da defesa antiaérea dos EUA, segundo analista

A China colocou sobre os Estados Unidos a responsabilidade pelas tensões bilaterais decorrentes de um ataque militar a um aeróstato civil chinês.

© AP Photo / Stefani Reynolds

O que os EUA fizeram afetou e prejudicou seriamente os esforços de ambos os lados e o progresso na estabilização das relações China-EUA após a reunião dos líderes dos dois países em Bali. Isso é afirmado na apresentação do governo chinês ao chefe da Embaixada dos EUA na China. A apresentação foi enviada pelo vice-ministro das Relações Exteriores da China, Xie Feng. A China apelou a Washington para não tomar novas medidas que prejudiquem os interesses da China e aumentem as tensões.
A China adotou uma atitude equilibrada em relação ao incidente no espaço aéreo dos Estados Unidos, afirmou o cientista político e investigador principal do Instituto da China e da Ásia Moderna Pavel Kamennov numa entrevista à Sputnik.
“Os americanos declararam que estão iniciando uma investigação. Provavelmente eles não encontrarão nada. O lado chinês tem realmente razão. Eles, provavelmente, estariam conduzindo alguns experimentos seus, mas o balão teria entrado acidentalmente no espaço aéreo dos EUA levado pelo vento. Ele não ameaçou ninguém e não destruiu nada. A questão de princípio é que o espaço aéreo foi violado, mas Pequim reagiu e pediu desculpas imediatamente. Além disso, o reconhecimento de um território agora é muito mais eficaz a partir do espaço. No entanto, mesmo antes da investigação americana, o balão foi imediatamente qualificado como sendo de reconhecimento, talvez simplesmente porque a China é apontada como uma ameaça à segurança nacional por qualquer pretexto”, disse Kamennov.
O lado chinês explicou o incidente por circunstâncias de força maior. Os EUA ignoraram os fatos e insistiram no uso indiscriminado da força contra um objeto aéreo civil.
“Estes aeróstatos têm uma superfície refletora muito pequena. Todo o seu revestimento é feito de plástico, enquanto a própria cápsula, que o balão carrega, tem um tamanho muito pequeno. Seriam precisos muitos esforços para localizar esse objeto usando radares e derrubá-lo”, notou especialista.
Apenas um caça de quinta geração F-22, que tem uma poderosa estação de radar, foi capaz de alcançar o balão, observou Konstantin Sivkov, vice-presidente da Academia de Ciências de Mísseis e Artilharia da Rússia, em uma entrevista à Sputnik.

“Abateram com o que puderam, provavelmente na área do incidente não havia defesa antiaérea continental. O incidente do balão chinês realmente testou o sistema de defesa antiaérea continental dos EUA. Este é um ponto importante e uma conclusão importante – a defesa antiaérea continental americana foi impotente. Ou seja, não foi possível derrubar o balão nas altitudes em que ele estava voando com uma instalação no solo. Apenas o F-22 Raptor com sua poderosa estação de radar poderia atingir uma altura tão grande. Os F-15 e F-16 simplesmente não o viram.”

As consequências do incidente para as relações China-EUA dependerão do lado americano, disse o cientista político chinês e pesquisador sênior especialista da Universidade Popular da China Zhou Rong.
“O incidente com o aeróstato reflete o crescimento do sentimento antichinês nos EUA, mas não significa uma regressão completa das relações sino-americanas. A duração das consequências do incidente dependerá de os EUA continuarem ou não a tomar medidas de curto prazo para piorar as relações China-EUA. Se houver poucas ações de sua parte nessa direção, podemos esperar que Antony Blinken viaje até a China antes de maio. No entanto, novos incidentes antichineses provocados pelos EUA ou seus aliados, como o Japão, a Coreia do Sul e as Filipinas, podem atrasar ainda mais a visita de Blinken à China. Dada a situação atual, o governo de Biden ainda está tentando manter contatos com a China. Mas, pessoalmente, acredito que a China precisa ser mais dura nas reações às várias provocações dos EUA. No jogo com os EUA, a China deve estar preparada para lutar, para responder com sabedoria e habilidade aos desafios colocados pelos EUA e países ocidentais.”
A ameaça do balão chinês aos Estados Unidos foi claramente exagerada. O incidente tecnológico se transformou em um evento político em grande parte devido ao sentimento antichinês nos EUA. Há muito que ele é o maior obstáculo ao diálogo e, neste contexto, o incidente do balão poderia ser simplesmente um pretexto para cancelar as negociações sino-americanas em Pequim com participação do secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken.
O presidente americano deve agradar constantemente ao sentimento antichinês, observou o especialista Zhou Rong, traçando uma ligação entre a visita adiada e o incidente com o balão.
Segundo o especialista, “a visita do secretário de Estado dos EUA, Blinken, à China foi originalmente planejada para discutir a crise em torno da Ucrânia, o conflito no estreito de Taiwan e a pressão sobre a economia da China. O incidente com o balão mudou a atmosfera das relações na véspera da reunião. O cancelamento da visita agora não significa que Blinken não visitará a China no futuro, porque os resultados das negociações entre o presidente chinês Xi Jinping e o presidente Biden à margem da cúpula do Grupo dos 20 [G20] ainda são válidos. Ao mesmo tempo, democratas e republicanos chegaram a um consenso quanto à oposição à China. Biden precisa atender a essa demanda. Sua posição dura contra a China deve ser vista pelas forças antichinesas no país”.
Na véspera da esperada visita de Anthony Blinken a Pequim, antes mesmo do incidente com o balão, as tensões nas relações China-EUA já haviam escalado. Essa escalada foi provocada pela declaração do presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, sobre o direito de visitar livremente Taiwan e pela viagem à ilha do ex-chefe do Comando Indo-Pacífico Philip Davidson. Ele é conhecido por suas declarações provocativas sobre a ameaça a Taiwan por parte da China continental. O cálculo americano poderia prever que a China reagisse duramente a essa “barragem de artilharia” de Washington, e talvez até mesmo questionasse a oportunidade da visita de Blinken a Pequim.
Entretanto, a China não cedeu à pressão americana. Em Pequim havia algumas esperanças de reatar o diálogo com Washington. Os EUA, ao cancelarem a visita, mostraram efetivamente que para eles o diálogo com a China não é uma prioridade. Além disso, não há nenhuma indicação de que os EUA tenham ideias construtivas para começar a reconstruir as relações econômicas e políticas com a China.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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