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Troca de dívida de empreiteiras por obras alcança R$ 1,3 bilhão

Na prática, o governo pode dispor sobre a forma de receber cerca de R$ 1,3 bilhão, dos quase R$ 10 bilhões de dívidas que envolvem os termos celebrados

(Dado Galdieri/Bloomberg//Getty Images)

A proposta do governo Luiz Inácio Lula da Silva, verbalizada no início do ano pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, de fazer empreiteiras realizarem obras públicas para pagar a dívida oriunda dos acordos de leniência acertados durante a Operação Lava Jato atingirá cerca de 10% do montante que o Estado ainda tem a receber.

Na prática, o governo pode dispor sobre a forma de receber cerca de R$ 1,3 bilhão, dos quase R$ 10 bilhões de dívidas que envolvem os termos celebrados.As cifras foram discutidas em reunião com os ministros da Casa Civil, da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Carvalho, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Bruno Dantas, e o procurador-geral da União, Marcelo Eugênio, segundo foi relatado ao Estadão.

O montante previsto no plano de pagamento de dívidas com realização de obras se deve ao fato de a maior parte dos valores ser devida às estatais que foram lesadas pelos crimes de corrupção.

Outra parcela tem como destino o Ministério Público Federal (MPF), e o menor montante é destinado à CGU. Os créditos da Controladoria vão para o Tesouro, o que permite que sejam debatidos pelo governo dentro da proposta em elaboração. Os demais não são contabilizados.

A avaliação inicial do governo Lula é de que a ideia de receber o dinheiro devido na leniência com obras seria uma espécie de “projeto-piloto”. Se for bem-sucedido, o governo poderia propor a discussão no âmbito do MPF e das estatais, como sugestão para replicar o sistema.

A alta cúpula do governo já realizou três reuniões sobre o assunto. Segundo duas pessoas envolvidas nas tratativas, a proposta está sob análise, embora Costa já tenha verbalizado a ideia.

A discussão inicial é fazer com que as empresas devedoras finalizem obras que estão abandonadas e próximas de serem concluídas. Discute-se, por exemplo, usar o programa para terminar creches ou para construções do Minha Casa Minha Vida.

Levantamento do TCU apontou que há 8.674 obras paralisadas no País – a Região Nordeste é a que concentra o porcentual mais alto de obras paradas, segundo os dados de 2022.

Questionamentos

Especialistas questionam a viabilidade de contratar, sem licitação, empresas para a realização das obras públicas. Dentro do governo, o argumento é que seria uma espécie de contratação global, sem possibilidade de aditivos, em regime diferenciado para finalizar a obra já adiantada. Este sistema, sustentam, não interessaria a empresas privadas, exceto àquelas que precisam limpar o próprio nome na praça.

Além da discussão sobre a viabilidade jurídica e técnica da proposta, há desafios financeiros para tirar do papel os planos de usar a realização de obras públicas para pagar parte das dívidas. “Se a empresa está descapitalizada, ela não vai conseguir nem pagar em dinheiro nem pagar em obras”, afirmou o advogado Igor Tamasauskas, doutor em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de livro sobre acordos de leniência anticorrupção.

Investigadores da Lava Jato apostaram no estabelecimento de valores altos nas leniências acertadas, com pagamento prolongado no tempo. Nos últimos dois anos, sob argumento de que estão em sérias dificuldades financeiras, as mesmas empresas recorreram à CGU e ao MPF para pedir a repactuação dos acordos.

Um dos empecilhos para a proposta que vem sendo gestada no governo avançar é, justamente, a capacidade de as empreiteiras conseguirem financiamento com bancos. Fontes envolvidas nas negociações defendem que integrantes do governo assumam a tarefa de sondar, entre bancos privados, o apetite para conceder empréstimos a empresas que estiverem no programa. A demanda ainda não foi levada ao setor bancário.

O tema não agrada a parte das empresas, que defendem a renegociação de valores ou calendário de pagamento do montante acertado. Como o Estadão revelou, a Odebrecht, por exemplo, chegou a pedir o alívio nas prestações devidas até 2025, quando assumiria valores mais altos para cumprir com o total acordado.

“A discussão deve ser para verificar, em cada caso concreto, se a conta que foi feita reflete efetivamente uma melhor compreensão da legislação. A lei foi criada e foi aplicada já no calor dos acontecimentos. É preciso sentir se, hoje, dado todo o acúmulo que já se estabeleceu desde a vigência da lei, se esses números fazem sentido”, afirmou Tamasauskas. “É melhor entender se o cálculo está correto do que fazer uma mera conversão para um escambo em obra, em serviço ou produto”, disse.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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