Brasil
MDB, PSD e União garantem a Lula aprovação da PEC da Transição; veja a votação no Congresso
Proposta abre espaço orçamentário para o petista honrar as promessas feitas durante a campanha
Partidos de centro que negociam indicações para o futuro Ministério do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), garantiram ontem a aprovação na Câmara da chamada PEC da Transição. A proposta, que abre espaço orçamentário para o petista honrar as promessas feitas durante a campanha, passou na Casa com amplo apoio de siglas como MDB, PSD, União Brasil e até do PP, um dos alicerces do Centrão, o grupo conhecido pelo pragmatismo político que deu sustentação ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao longo dos últimos anos.
A PEC, apreciada pelo plenário em dois turnos, recebeu a mesma quantidade de votos em ambas as etapas: 331, acima dos 308 necessários à aprovação. No turno inaugural, que representou o primeiro grande teste para o futuro governo no Congresso, juntos, MDB, PSD, União Brasil e PP contribuíram com 144 votos (43,5%) em favor da PEC. Aprovada horas mais tarde também pelo Senado, proporcionalmente, com até mais apoio dessas siglas, a proposta permitirá à próxima gestão manter o Bolsa Família no valor de R$ 600 e conceder reajuste do salário mínimo acima da inflação.
O placar dá uma medida aproximada do tamanho da base aliada com a qual Lula deverá contar na Câmara. PL e Republicanos foram os únicos partidos grandes a votar majoritariamente contra a PEC, num sinal de que, pelo menos no início do governo petista, devem formar principal núcleo da oposição na Casa. Os números da votação de ontem, contudo, não são suficientes para atestar com precisão a extensão da tropa governista. A atual legislatura terminará em 31 de dezembro e, de acordo com o resultado das eleições, o Congresso dará uma guinada à direita. Além disso, como a manutenção de programas sociais estava vinculada à PEC, os parlamentares tendem a apresentar mais dificuldade para votar contra esse projeto do que em outros temas de interesse do próximo titular do Palácio do Planalto.
Ainda assim, tanto congressistas do PT quanto dos partidos do Centrão admitiram ao GLOBO, reservadamente, que a votação da PEC indica que já há uma migração das legendas de centro rumo à base do próximo governo, inclusive das que eram mais fiéis a Bolsonaro. Até o líder do governo na Câmara e correligionário do atual presidente da República, Ricardo Barros (PP-PR), votou pela aprovação da proposta. Deputado desde 1995, ele já foi líder do governo Fernando Henrique, vice-líder do governo de Lula e ministro da Saúde do presidente Michel Temer. Ao GLOBO, ele justificou sua posição como uma questão de coerência, sob alegação de que parte dos benefícios garantidos com recursos previstos na PEC foram propostos pela atual gestão.
Os apoios dados pelas bancadas de União Brasil, PSD e MDB ocorrem no momento em que esses partidos trabalham ativamente para garantir espaços no Esplanada em 2023. As três legendas estão em franca negociação para compor o governo petista. Na outra ponta da mesa, o presidente eleito e seus aliados próximos sinalizaram que estão dispostos a acomodar nomes indicados por essas siglas.
O MDB, por exemplo, deixou claro a Lula que pleiteia a ocupação de três pastas. Uma delas ficaria com a candidata à Presidência da República pelo partido, senadora Simone Tebet (MS), que terminou em terceiro lugar na corrida pelo Palácio do Planalto. Tebet declarou apoio a Lula ao fim do primeiro turno, por isso MDB gostaria que ela fosse contemplada como uma escolha pessoal do petista.
O PSD, comandado pelo ex-ministro Gilberto Kassab, avançou nos últimos dias nas conversas para integrar o primeiro escalão da máquina federal a partir de janeiro. O deputado federal pela legenda Pedro Paulo (RJ) está cotado para ser o próximo ministro do Turismo. Ele pode ser anunciado ainda hoje.
O União Brasil mira num dos ministérios mais cobiçados do país, o da Integração Nacional. A pasta poderia ser entregue ao deputado Elmar Nascimento (União-BA), que conta com o apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Aliado de Bolsonaro até dois meses atrás, Lira também emite claros sinais de aproximação com Lula. O PT já declarou apoio ao projeto de reeleição do deputado alagoano, favorito para permanecer no comando da Câmara por mais dois anos.
Nesse contexto, Lira foi personagem central para a aprovação da PEC, com ampla contribuição de seu partido, o PP, do qual é um dos principais caciques. O apoio ao projeto foi consolidado em uma negociação que envolveu o presidente da Câmara e o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, além de lideranças partidárias. Além de reduzir o prazo de vigência do texto do projeto, o acordo firmado entre eles garantiu um incremento de R$ 9,7 bilhões para custear emendas individuais de deputados e senadores. A previsão foi incluída na versão final da PEC, dois dias após o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar a extinção do orçamento secreto, instrumento por meio do qual parlamentares destinavam verbas da União sem serem identificados e de maneira desigual.
Presidente do PP, o deputado Cláudio Cajado nega que o resultado da PEC seja uma prévia da relação que Lula terá com o Congresso.
— Para a PEC tinha consenso. No próximo ano, o governo terá de construir uma base, até porque muito dos que votaram (pela PEC) não estarão mais na Câmara — diz.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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