Brasil
Após 16 anos, FAB receberá os 4 primeiros caças suecos Gripen
Trata-se da mais moderna aeronave em operação na América Latina, que vai equipar o 1.º Grupo de Defesa Aérea (1.º GDA), em Anápolis (GO)
Após 16 anos do lançamento do projeto FX-2, o caça sueco F-39 Gripen E/F entra em operação amanhã na Força Aérea Brasileira (FAB). Trata-se da mais moderna aeronave em operação na América Latina, que vai equipar o 1.º Grupo de Defesa Aérea (1.º GDA), em Anápolis (GO).
“O recebimento das primeiras aeronaves Gripen simboliza um marco para a Força Aérea Brasileira. É a concretização de um projeto de longo prazo, que se traduz agora em capacidades operacionais que o País nunca teve”, disse o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, comandante da FAB.
A renovação da aviação de caça é um dos principais projetos estratégicos do Ministério da Defesa. Inicialmente, ele previa a compra e a entrega até 2027 de 36 Gripen por US$ 3,7 bilhões ou R$ 20 bilhões em valores atuais. Mas outras quatro aeronaves foram acrescidas neste ano ao contrato em vigor, totalizando 40 caças, que serão produzidos pela Saab em parceria com a Embraer. A FAB estuda ainda adquirir mais 26 Gripen por meio de outro contrato.
“Considero que, diante das dimensões continentais que o País possui, a aquisição de um segundo lote é uma necessidade que deve ser imediatamente analisada”, afirmou o comandante da FAB. Para ele, apesar das dificuldades fiscais do Brasil, é preciso que seja assegurado o fluxo de recursos para que o projeto mantenha “uma cadência de entregas adequada”.
As quatro primeiras unidades fabricadas na Suécia e trazidas para o Brasil em navios serão incorporadas amanhã ao 1.º GDA. As 15 últimas do primeiro lote de 36 caças serão construídas no País. “As parcerias formadas entre Brasil e Suécia garantem uma ampla transferência de tecnologia, que tem resultado em benefícios significativos em toda a cadeia produtiva envolvida”, disse Baptista Junior.
O acordo para a compra do Gripen prevê ainda o treinamento de dois anos para 350 profissionais que vão cuidar da preparação das aeronaves na planta da Saab em São Bernardo do Campo e da montagem final na planta da Embraer, em Gavião Peixoto (SP).
Foi ali que pilotos de prova da FAB, da Embraer e da Saab executaram ensaios em voo, parte do programa de transferência tecnológica, para que os caças recebessem a licença inicial de operação. Só então os quatro aparelhos puderam ser transferidos para o 1.º GDA, na Base Aérea de Anápolis (BAAN).
A base passou por três obras para abrigar as novas aeronaves. A primeira foi no hangar de manutenção, a segunda, nos chamados hangaretes da linha de voo – as garagens de aeronaves – e a última, nas instalações do 1.º GDA, cujo prédio foi dividido em duas grandes alas, uma administrativa e outra operacional, para abrigar os sistemas de missão e de suporte do Gripen, com a montagem de simuladores de voo e estações de planejamento e produção.
Por enquanto, os F-39 ficarão em Anápolis, mas o comando da FAB estuda distribuí-los em outras bases, de acordo com a necessidade operacional, a disponibilidade de infraestrutura e a posição geográfica. É que o Gripen vai substituir paulatinamente os F-5M, caça de fabricação americana que entrou em serviço no Brasil em 1975 e cuja modernização, executada pela Embraer, terminou em 2020.
Hoje, o F-5M é operado nas bases de Anápolis, de Canoas (RS) e do Rio. A entrada em operação dos Gripen marcará o último ato da gestão do atual comandante da FAB. Baptista Junior pretendia passar o comando da Força quatro dias depois para seu sucessor, o tenente-brigadeiro Marcelo Damasceno, antes da posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, mas foi convencido pelo futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, a ficar no cargo
“É um marco para a Força Aérea Brasileira, a concretização de um projeto de longo prazo, que se traduz agora em capacidades operacionais que o País nunca teve.”
Foi em uma concorrência com os caças F-18 Hornet americano e Rafale francês que o Gripen foi escolhido pela FAB para equipá-la nas próximas décadas. “O conjunto formado pelo novo vetor e os modernos armamentos adquiridos coloca a defesa aeroespacial brasileira em um elevado patamar, com um poder dissuasório inédito”, disse Baptista Junior.
Segundo a FAB, o avião pode receber mísseis ar-ar de curto e de longo alcance, mísseis ar-superfície e bombas guiadas por laser ou GPS para emprego contra alvos na terra e no mar. A carga em armamentos externos pode ser de até sete toneladas – a aeronave pode decolar com peso máximo de 16,5 toneladas para missões de defesa aérea, ataque e reconhecimento sem precisar voltar para a base e mudar a sua configuração.
Embaixo das asas, o Gripen pode carregar até sete mísseis BVR Meteor e dois mísseis infravermelhos Iris-T. Ambos foram comprados recentemente pela FAB, após o abandono do projeto em parceria com a África do Sul para o fornecimento de mísseis. No futuro, o Gripen poderá disparar mísseis cruzeiro.
Segundo a FAB, o Gripen voará com sua capacidade completa em 2025. Só então todos os sistemas da nova aeronave estarão integrados, testados e prontos para serem empregados em combate. São sistemas que contaram com a participação de empresas brasileiras no desenvolvimento da produção de peças estruturais e de aviônicos – a eletrônica de bordo dos aviões -, além de suporte logístico para a manutenção no País.
Um deles foi o desenvolvimento do Wide Area Display(WAD) pela empresa AEL, uma solução tecnológica que foi adotada pela Força Aérea Sueca, transformando o fabricante brasileiro em fornecedor para os F39 Gripen E/F produzidos para os dois países – a Suécia adquiriu 60 desses caças.
Os pilotos brasileiros selecionados para voar o Gripen fazem um treinamento de seis meses na Suécia, voando o Gripen C/D, uma versão mais antiga do caça. Após essa etapa, o treinamento é concluído no Brasil, já com o novo Gripen E, modelo adotado pela FAB, que será a primeira a operá-lo. Aqui, a Aeronáutica está terminando de criar o pacote de treinamento que vai durar um ano, incluindo a parte teórica dos sistemas do avião, o treinamento no simulador e os voos reais.
O maior desafio para os pilotos será aprender a gerenciar os múltiplos sistemas embarcados no Gripen de forma quase simultânea. É que o caça é uma aeronave com múltiplas funções e armamentos inexistentes na FAB. Além disso, ele tem potência e manobrabilidade superiores aos das aeronaves atuais e equipamentos de última geração, como o radar eletrônico capaz de encontrar alvos a distâncias superiores, inclusive com detector passivo por infravermelho.
Para suas tarefas, o piloto do Gripen contará com um sistema de controle de voo e de piloto automático, o que permitirá que sua atenção seja voltada mais para os sistemas de combate, sem ser sobrecarregado com o trabalho para o voo básico.
O custo da hora de voo do F39 é de US$ 4,5 mil, bem menor do que os US$ 15 mil de seu concorrente francês, o Rafale. É com esse avião “barato” que a FAB pretende recuperar sua capacidade de defesa do espaço aéreo em um entorno estratégico que abriga o caça russo Sukhoi SU-30, da Venezuela, e o americano F-16, do Chile.
O início de uma nova era na defesa aérea do Brasil
A mais nova máquina de guerra do Brasil pode muito. Pode voar a 2.400 km/h e a 16 km de altitude. Cobre a distância entre São Paulo e Rio em 12 minutos e leva debaixo das asas seis toneladas de mísseis e bombas. Uma dessas armas, o míssil Meteor, atinge alvos a até 200 km. Custa, a peça, US$ 2,5 milhões. O segundo míssil é o Iris-T, para atuar no raio de 30 km. Sai por US$ 430 mil. Ambos são fornecidos por consórcios europeus. Carregado para sua missão básica, a defesa aérea, cobre 1.500 km de raio de ação.
O novo caça da FAB, o F-39 Gripen E/F, recebido com festa na base aérea de Anápolis, é o mais avançado avião de combate da América Latina. O lote contratado com o fornecedor sueco Saab – 36 aeronaves por US$ 3,7 bilhões, em 2014, com transferência de tecnologia – cresceu. O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Batista Jr. anunciou, em abril, a extensão da encomenda para mais 4 supersônicos. Ele também abriu negociações de um segundo lote, com 26 unidades.
Os Gripen ficarão com o 1.º Grupo de Defesa Aérea (GDA) de Anápolis. O plano prevê que parte da frota equipe uma nova base. O caça não vai envelhecer. Seu software é de arquitetura aberta, facilita a atualização constante.
O F-39 é o último caça multimissão que a FAB compra fora do País. O tempo de convivência com o novo caça é estimado em 40 anos. Passando por até seis processos de atualização, eles podem operar até 2063. Segundo um brigadeiro ouvido pelo Estadão, “é tempo suficiente para toda a pesquisa e desenvolvimento que um programa desses implica”.
Os fundamentos da ideia consideram necessidade estratégica e possibilidades comerciais. A base industrial do setor, liderada pela Embraer Defesa & Segurança, já reúne 42 organizações. A referência de tudo é o atual contrato com a Saab. Os 8 caças do modelo F de dois lugares estão sendo projetados por um bureau binacional, com engenheiros suecos e brasileiros.
No futuro, o sucessor do F-39 disputará um mercado denso. Para competir na segunda metade do século terá de estar no estado da arte, incorporando tecnologia ‘stealth’ de furtividade, para dificultar a detecção. Eventualmente, poderá ser empregado como aeronave líder de esquadrões de drones armados. Ou mesmo voar sem piloto, de forma autônoma, orientado por inteligência artificial.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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