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‘Angra 3 é projeto prioritário’: presidente de nova estatal explica construção da usina nuclear

A Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A. (Enbpar), criada para assumir o controle de áreas não privatizáveis da Eletrobras, chegou a dois meses de funcionamento com grandes desafios pela frente. Em entrevista à Sputnik Brasil, o presidente da estatal, almirante Ney Zanella dos Santos, falou dos planos da Enbpar.

© Folhapress / Rafael Andrade

Segundo o artigo 177 da Constituição Federal, “a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados” são monopólio da União. Com isso, a privatização da Eletrobras não poderia envolver a Eletronuclear.
Diante disso, foi criada a Enbpar, com objetivo de atuar como uma holding controladora da Eletronuclear e da Itaipu Binacional, que também não pode ser privatizada em razão dos acordos com o Paraguai.
Apesar de especialistas temerem que a privatização da Eletrobras fragilize o setor nuclear brasileiro e exponha as tecnologias desenvolvidas no Brasil, Zanella garante que não há riscos.

Desafios

Durante entrevista, Ney Zanella dos Santos apontou que, nesse momento inicial, o principal desafio tem sido estruturar essa nova estatal do zero.
“Efetivamente, [a Enbpar] começou a partir do dia 17 de junho. Estamos falando de dois meses e alguns dias de de funcionamento. Os nossos principais projetos são os de buscar a sustentabilidade da empresa com as atividades que herdamos da Eletrobras, afinal, ela foi criada para assumir atividades da Eletrobras que não podem ficar na mão do setor privado”.
Entre essas atividades estão a comercialização da energia da Itaipu Binacional e o controle acionário de 62% da Eletronuclear — os outros 38% ficaram com a Eletrobras privada. “A União ficou com o controle das usinas nucleares, conforme o monopólio previsto pela Constituição”, disse.
Outras atividades que estão previstas para a estatal são os programas Luz Para Todos e Mais Luz pra Amazônia, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa).
Zanella disse que a empresa está agora com 30 funcionários e segue se estruturando para garantir o funcionamento de todas as atividades necessárias.

A construção de Angra 3

Questionado pela Sputnik Brasil, Zanella afirmou que a construção da usina nuclear de Angra 3 é “um projeto prioritário do Ministério de Minas e Energia que está sob responsabilidade da Eletronuclear e da Enbpar”.
O almirante explicou que a retomada da construção da usina termonuclear de Angra 3 foi dividida em duas partes. A primeira, chamada de linha crítica, diz respeito à construção da infraestrutura que estava inacabada.

“O Plano de Aceleração da Linha Crítica já passou por licitação e o consórcio vencedor já está trabalhando para recompor o parque de trabalho. Essa etapa deve ficar pronta até 2024.”

A segunda parte da construção diz respeito à montagem eletromecânica, que ainda depende de licitação para ser iniciada. Zanella destacou que o processo licitatório está sendo modelado há mais de um ano pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e terá que passar posteriormente pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Programa nuclear brasileiro está resguardado, diz almirante

Especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil em maio apontaram que o processo de privatização da Eletrobras poderia permitir que informações sigilosas do programa nuclear brasileiro sejam acessadas por entidades privadas. A Comissão de Infraestrutura do Senado chegou a aprovar a realização de uma audiência pública para discutir o tema, a pedido do senador Jean Paul Prates (PT-RN), que é líder da Minoria e presidente da Frente Parlamentar de Recursos Naturais e Energia.
Questionado durante a entrevista, Zanella afirmou que não há risco. O presidente da Enbpar destacou que todos os contratos possuem cláusulas de sigilo e lembrou que a construção de Angra 1 e Angra 2 envolveu uma empresa privada, a Siemens. Zanella afirmou que o consórcio vencedor terá acesso à montagem da usina, mas que isso em nada compromete o programa nuclear brasileiro.

“Com relação ao sigilo do programa nuclear brasileiro, ele não é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, fica no GSI [Gabinete de Segurança Institucional] lá na Presidência da República. Participam desse comitê [de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro], nove ministérios e tem todo um regramento com relação a ele”, apontou o almirante.

“As tecnologias que cada setor tem e desenvolveu têm as suas proteções, como o próprio INPI [Instituto Nacional da Propriedade Industrial] estabelece, como as patentes. Não vejo risco nesse sentido de expor o conhecimento que o Brasil desenvolveu autóctone”, destacou.
O presidente da Enbpar também apontou que não há risco de perda de financiamento para a Eletronuclear em detrimento do lucro buscado pela Eletrobras privatizada, algo que também alarmou especialistas ouvidos anteriormente pela Sputnik Brasil.
“O financiamento para a montagem da usina de Angra 3 tem financiamento do BNDES, da Caixa Econômica… Essa modelagem que está sendo feita no BNDES, cujo valor ainda não temos acesso, vai envolver entidades financeiras que vão ajudar nesse financiamento. Tem bancos privados, estatais, multilaterais, estrangeiros e não tem problema nenhum, é um contrato de financiamento que terá a aprovação do TCU”, disse.

“Feita a licitação, esses recursos virão de financiamentos, não é uma fonte única que vai financiar, não existe isso, principalmente em uma montagem com dois sócios. A Eletronuclear tem dois sócios, a Enbpar e a Eletrobras”, destacou.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

 

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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