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EUA querem ampliar hegemonia e isolar China na América Latina, diz especialista

Pesquisadora consultada pela Sputnik Brasil afirma que os EUA buscam reativar papel de protagonismo no continente, em meio à expansão e influência do BRICS na América Latina e em outras regiões do mundo.

© AP Photo / Alex Brandon, Eraldo Peres

A XV Conferência de Ministros da Defesa das Américas (CMDA), realizada nesta semana, não foi construtiva para o desenvolvimento da região e serviu como instrumento dos Estados Unidos na busca de hegemonia no continente.
Esta é a avaliação da pesquisadora pós-doutoranda da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) Isabela Gama, especialista em teoria das relações internacionais e em segurança.
Segundo ela, os temas mais tratados, como ciberdefesa, mulher, paz e segurança deveriam ter dado espaço a assistência humanitária e questões relacionadas ao progresso econômico latino-americano.
Além disso, no evento, os países reafirmaram compromisso com a Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre “princípios democráticos”.
“Do meu ponto de vista, acabou sendo uma forma de os EUA tentarem assumir, mais fortemente, um papel hegemônico no continente americano, por conta da crescente influência chinesa”, avaliou Gama em entrevista à Sputnik Brasil.
O ministro da Defesa do Brasil, Paulo Sergio Nogueira, à esquerda, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, ao centro, e o secretário de Assuntos Internacionais de Defesa da Argentina, Francisco José, à direita, posam para uma foto de grupo na XV Conferência de Ministros da Defesa das Américas, em Brasília, Brasil, terça-feira, 26 de julho de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 29.07.2022
O ministro da Defesa do Brasil, Paulo Sergio Nogueira, à esquerda, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, ao centro, e o secretário de Assuntos Internacionais de Defesa da Argentina, Francisco José, à direita, posam para uma foto de grupo na XV Conferência de Ministros da Defesa das Américas, em Brasília, no Brasil, em 26 de julho de 2022. Foto de arquivo
Em discurso na terça-feira (26), o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, afirmou que a estabilidade democrática na região estaria, eventualmente, ameaçada pelo “esforço da China para obter influência”. Em flagrante cutucada no país asiático, o secretário declarou ainda que “a democracia é o símbolo das Américas”.
Para a especialista em relações internacionais, Austin tentou sugerir que a China seria “um risco à democracia das Américas”. Segundo Gama, ao contrário dos EUA, a presença chinesa no continente é bem mais econômica do que política.

“Já há algum tempo, [Joe] Biden vem fazendo críticas a presença chinesa no continente americano, porque os EUA estão se preparando para uma retomada de relações econômicas, uma reconstrução de laços, com o fortalecimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento [BID], por exemplo”, afirmou a pesquisadora.

Ela aponta que o objetivo dos EUA é isolar a China no continente. Gama diz que, principalmente após o convite de Pequim para a Argentina ingressar no BRICS, o governo americano acelerou o movimento, por medo de “maior influência do grupo nas América”.
A investida do secretário de Defesa dos EUA contra a China não ficou sem resposta. A Embaixada chinesa em Brasília rebateu afirmando que as declarações de Austin remontam à Guerra Fria e está repleta de preconceitos ideológicos.
“O gesto revela, mais uma vez, as intenções sinistras de certas forças nos EUA que visam cercear o desenvolvimento da China, prejudicar as relações China-América Latina e manter sua hegemonia no mundo. Manifestamos veemente objeção a esta atitude”, diz um trecho da nota da Embaixada.
Na foto, Lloyd Austin, Secretário de Defesa dos Estados Unidos, em Brasília 26 de julho de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 29.07.2022
Para Isabela Gama, a repercussão das declarações de Austin expõem como a conferência foi palco de provocações, e não de planos concretos de ação para problemas reais que os países das Américas enfrentam.
A especialista diz que não vê esforços dos americanos em contribuir para o desenvolvimento da região, e sim “no sentido de excluir determinados Estados ditos autoritários”. Venezuela, Nicarágua e Cuba não foram convidadas para a Cúpula das Américas organizada por Biden, neste ano, e sofrem com a política externa de Washington.

“Isso é uma forma de colonialismo. Cada estado precisa resolver suas questões, a menos que não seja capaz de fazê-lo. As intervenções precisam ser bem pensadas e delimitadas”, disse ela.

Sobre a visão americana de modelos políticos, a pesquisadora diz que “a democracia é uma luta constante”. Gama afirma que a democracia “é uma escolha e não deve ser imposta, muito menos pelos EUA”.
“O que vejo são os EUA se preparando realmente para aumentar sua influência no continente, tentando expulsar, especialmente, China e Rússia”, indicou.
A especialista afirma que a Rússia possui grande influência na América do Sul, seja na Venezuela, e até no Brasil, como “parceira estratégia”. Por isso, para a professora, não é surpresa que o cerco dos EUA contra China e Rússia continue presente.

“É o combo preferido dos EUA quando precisam de um inimigo externo comum. Encontraram a China e a Rússia”, disse. “Me parece que os EUA estão tentando recriar um momento de intervencionismo e de políticas pró-americanas”.

Apesar disso, de acordo com a pesquisadora, a perspectiva futura deverá ser de uma maior influência do BRICS na América Latina e em outras regiões do globo. Gama afirma que a expansão da aliança, abarcando novos membros, indica a mudança de patamar do grupo para um “bloco antiocidental”.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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