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Época da liderança alemã na União Europeia está chegando ao fim, diz Bloomberg

A época em que na Europa se dizia que a “Alemanha é que sabe” está chegando ao fim. A crise energética quebrou o equilíbrio de décadas em que Berlim tinha na União Europeia um prestígio moral inquestionável. Agora, é o Sul da Europa que se torna cada vez mais assertivo, diz a edição Bloomberg.

© Sputnik / Sergei Guneev / Abrir o banco de imagens

Segundo a colunista Maria Tadeo, a crise ucraniana acabou por expor a forte dependência alemã da Rússia, o que demonstrou ao bloco as falhas de seu modelo econômico.

“A dependência alemã da Rússia expôs as falhas de seu modelo econômico – uma indústria de alta intensidade operando com gás barato, junto com a cegueira de sua classe política em relação à sua dependência do Kremlin. Enquanto Berlim ainda está tentando superar o choque, o Sul da Europa está se tornando cada vez mais assertivo. Não se trata de vingança pelos anos da política de austeridade, liderada pela Alemanha, mas uma recalibragem de forças, processo que pode, em última análise, resultar em uma UE mais saudável”, salienta a publicação.

Caso espanhol

Teresa Ribera, ministra espanhola para a Transição Energética, reagiu duramente às declarações da Comissão Europeia exigindo que todos os 27 países-membros do bloco limitassem o seu consumo de energia em 15% nos próximos meses. Conforme a Bloomberg, ao criticar a Alemanha, a ministra sublinhou que a Espanha investiu muito nas energias renováveis, mantendo laços mínimos com a Rússia e “vivendo de acordo com as suas possibilidades”. Esta menção referia-se à repreensão por parte da Alemanha, expressa durante a crise da dívida pública europeia em relação aos países do Sul da Europa, de que eles “viviam acima das possibilidades”.

“Esta foi uma demonstração incomum de bravata para um país como a Espanha, que tradicionalmente tem sido beneficiário líquido do financiamento europeu. […] As declarações de Ribera refletem a falta de desejo por parte da Alemanha de admitir o fracasso monumental das suas políticas em relação à Rússia”, diz o artigo.

“As reações às declarações da ministra espanhola dividiram-se entre aqueles que acham que é hora de apontar as inconsistências de Berlim e aqueles com medo de que tal linguagem arrisque inflamar velhas tensões”, escreve a autora.
Ministra espanhola para a Transição Ecológica, Teresa Ribera, fala com a mídia durante uma reunião de emergência dos ministros da Energia da União Europeia em Bruxelas, 22 de julho de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 28.07.2022
Ministra espanhola para a Transição Ecológica, Teresa Ribera, fala com a mídia durante uma reunião de emergência dos ministros da Energia da União Europeia em Bruxelas, 22 de julho de 2022
A Bloomberg lembra que a Espanha foi um dos primeiros países a tocar o sinal de alarme quanto à crise energética, assim que a Rússia começou a cortar o fornecimento. Salienta-se que, ainda no final do ano passado, o mercado começou a demonstrar sinais de estresse.
Madrid afirmou na época, diz a edição, que precisava melhorar a interconexão energética com o resto da Europa. As autoridades europeias não deram ouvidos a estas críticas, vendo-as como mais um exemplo do “sul à procura de uma esmola”. Ainda assim, a energia só se tornou um problema europeu quando os riscos para a Alemanha passaram a ser muitíssimo graves.
“Isso reflete o problema de formação da agenda na Europa. [… ] É mais do que tempo de as propostas do Sul serem levadas mais a sério. A mudança de equilíbrio, caso possa melhorar o processo de tomada de decisões, deve ser saudada por Bruxelas”.
Para concluir, Tadeo salienta que, tendo em conta a interdependência dos países do bloco, as crises europeias, na sua essência, têm um caráter circular: uma recessão na Alemanha, que é a maior economia da Zona Euro, vai prejudicar todos os países.
“Considerando a envergadura do fiasco alemão e os desafios que ele coloca para toda a Europa, Berlim não deve se surpreender ao ver o Sul pedindo para ser mais ouvido”, escreve a edição.
Um eventual confronto entre o Norte e o Sul pode levar a um retrocesso na tomada de decisões na Europa, após uma década de solução conjunta de problemas.

Mundo

Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

 

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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