Tecnologia
WhatsApp lança pacote para PMEs venderem mais pelo app
Aplicativo de mensagens mais utilizado no Brasil vai simplificar configuração de APIs e permitir que o mesmo número de telefone seja usado por mais de um celular na interação com clientes
O uso do WhatsApp como um canal de vendas para pequenos negócios vai ficar mais fácil a partir de agora.
Nesta quinta-feira, 19, o aplicativo de mensageria da Meta (ex-Facebook) anuncia um novo jeito de conectar-se aos sistemas de empresas interessadas em vender produtos ou serviços por ali.
O que é uma API
No linguajar de programação, a conexão entre softwares de dois ou mais empresas ocorre via APIs, sigla em inglês para interfaces de programação capazes de fazer um software ‘conversar’ com o outro.
Até agora, empresas interessadas na conexão de seus softwares ao WhatsApp, para poder interagir com clientes por ali, precisavam começar esse tipo de integração praticamente do zero.
Tratava-se de um trabalho por vezes demorado e dependente da assistência de empresas de tecnologia dedicadas às APIs, e parceiras da Meta, como a mineira Take Blip.
O que muda no WhatsApp
Isso porque a junção desses sistemas, por exemplo, dependia da configuração dos servidores da empresa interessada com os datacenters da Meta e de parceiros.
A partir de agora, os interessados na venda pelo WhatsApp poderão configurar as APIs diretamente em servidores da Meta na nuvem.
A novidade pode evitar eventuais deslocamentos para fazer esse tipo de serviço no ambiente onde está o servidor da empresa.
Como muda a vida de empreendedores
Em paralelo, o site do WhatsApp para empresas terá uma série de conteúdos para facilitar a vida dos empreendedores — e dos programadores contratados por PMEs — na hora de plugar os sistemas das empresas ao da Meta.
Em outra frente da Meta na missão de virar um canal de vendas para empresas emergentes, o layout das contas comerciais do WhatsApp vai permitir ao empreendedor colocar mais informações de contato da empresa, como o endereço do site dela.
Além disso, um mesmo número de telefone comercial conectado ao WhatsApp poderá ser utilizado em até dez aparelhos celulares.
“Vai ficar mais fácil para qualquer empresa com uma equipe de atendimento a clientes, como call center, por exemplo, conversar com seus públicos pelo WhatsApp”, diz Matt Idema, vice-presidente da Meta.
Quem está envolvido no anúncio
Alçado ao posto em 2017, Idema tem a função de, entre outros temas, melhorar a experiência das empresas no uso comercial do app.
No Brasil, o WhatsApp ganhou em fevereiro um diretor-geral de operações: Guilherme Horn, executivo com 30 anos de experiência nas áreas de inovação e estratégia de grandes empresas como os bancos BV e Banco do Brasil e consultoria Accenture.
Além disso, Horn foi um dos fundadores da plataforma digital de investimentos Órama, vendida ao Bradesco em 2008. O Brasil é o segundo mercado do WhatsApp a ter um diretor com as atribuições de Horn — o primeiro foi a Índia.
As novidades estão sendo anunciadas nesta quinta-feira por Mark Zuckerberg, fundador da Meta.
“Em apenas alguns minutos, qualquer empresa ou desenvolvedor pode acessar facilmente nosso serviço, operar diretamente no WhatsApp para personalizar sua experiência e acelerar o tempo de resposta aos clientes usando nossa WhatsApp Cloud API segura hospedada pela Meta”, disse Zuckerberg na primeira edição da Conversations, uma conferência virtual dedicada a atrair empresas para o ecossistema da Meta.
“Este é um passo importante para ajudar mais empresas a se conectarem com as pessoas e ajudar mais pessoas a enviar mensagens para as empresas – grandes e pequenas.”
O tamanho do mercado do WhatsApp
Os números conquistados até aqui na frente de negócios do WhatsApp dão uma dimensão da oportunidade à frente da empresa.
Atualmente, 175 milhões de pessoas trocam mensagens todos os dias com uma conta WhatsApp Business, como é chamada a unidade de negócios do app. Por semana, são mais de 1 bilhão de pessoas conectadas.
Todos os meses, mais de 40 milhões de pessoas acessam catálogos virtuais de empresas. O Brasil responde a pouco mais de 25% desse fluxo.
Por aqui, são 5 milhões de contas de WhatsApp Business. Na pandemia, esse número mais que dobrou — e os brasileiros aparentemente estão gostando disso tudo.
Segundo dados da Meta, 2 em 3 brasileiros preferem interagir com empresas através de serviços de mensageria como o WhatsApp a ligar para números 0800, mandar e-mails para empresas e por aí vai.
O que já mudou no app
Em função disso, a lista de quem já adota o WhatsApp Business no Brasil inclui também grandes empresas como as varejistas C&A, Magalu, Renner, estrelas do e-commerce como iFood, PicPay e Quinto Andar, além de boa parte das instituições financeiras.
As novidades desta quinta-feira são mais uma aposta da Meta na faceta comercial do WhatsApp.
Em 2020 a versão comercial do app ganhou a função chamada Carrinho para clientes enviarem pedidos a empresas com catálogos virtuais extensos, como restaurantes ou lojas de roupas.
No ano passado, a empresa anunciou uma função de busca de negócios nas redondezas, num serviço com alguma semelhança ao oferecido pelo Google Maps. A ferramenta está em fase piloto na cidade de São Paulo.
No mês seguinte, o WhatsApp anunciou a ferramenta Coleções para permitir que produtos do catálogo sejam separados em categorias para facilitar as compras feitas pelo app.
Tecnologia
“Brainrot”, você tem isso? Conheça esse efeito colateral da vida digital
Termo descreve a “deterioração mental” causada por consumir grandes quantidades de conteúdo de baixo valor, como memes e vídeos sem sentido
Se você leu meu texto sobre a slopficação da internet, talvez agora você fique um pouco mais assustado. Senta que lá vem a história…
Se você é millennial, como eu, e tinha uma certa esperança que a próxima geração seria melhor e daria conta de um monte de coisas que não conseguimos, bem… nascer e crescer imerso em redes sociais parece que não está fazendo muito bem, pelo menos na construção de gosto e o que se escolhe consumir online.
Entender minimamente a GenZ (Geração Z) e a Geração Alpha tem consumido boa parte do tempo das minhas pesquisas online. Sacar os movimentos e tentar entrar na cabeça dos jovens é interessante e surpreendente, já que os valores e gostos são completamente diferentes. E olha que pra muita coisa eu sou mais Z que Y.
Mas vamos para o que interessa. Você já ouviu ou viu, em algum lugar, termos como:
- Skibidi Toilet
- Level Five Gyat
- Rizz
- Fanum Tax
- Only in Ohio
- Sigma Looksmaxxing
- Grimace Shake
Parece erro, palavras sem sentido, mas eles têm aparecido com frequência em uma série de conteúdos virais, mais especificamente memes, e que têm sido atribuídos ao tal do “brainrot”. Se você perguntar para o Google Tradutor, não vai conseguir nada. Já para o ChatGPT, ele traz uma luz. Olha só:
Acho que, com isso, você já consegue ir sacando o que é “brainrot”. Apesar desse termo ser antigo (usado desde 2004), é agora que ele está bombando em redes sociais muito usadas por jovens da GenZ, como o TikTok.
E não é pouco dizer que esses jovens internautas estão obcecados com a tal “brain rot” ou “brainrot”. Tanto que a própria viralização do termo explica muito o que estamos vivendo nos tempos atuais: “doomscrolling“, essa rolagem infinita nos nossos feeds, e também nosso estado online crônico.
Traduzido por “podridão cerebral”, “apodrecimento do cérebro” ou até “cérebro apodrecido”, o termo, ou condição, descreve a “deterioração mental” causada por consumir grandes quantidades de conteúdo de baixo valor, como memes e vídeos sem sentido, que podem afetar negativamente as habilidades cognitivas e a capacidade de pensar criticamente.
Longe de ser um termo médico ou científico, é simplesmente um efeito colateral do nosso comportamento online, principalmente em redes sociais, frequentemente motivado por um desejo compulsivo de se manter atualizado, principalmente com eventos negativos, mesmo quando isso pode ser emocionalmente desgastante ou prejudicial para a saúde mental.
Basicamente, estamos gastando mais tempo e literalmente nos entregando e absorvendo grandes quantidades de informações irrelevantes e de baixa qualidade.
Sem entrar nas questões neurodegenerativas, não precisamos de muito para entendermos que, ao consumirmos conteúdos piores, ficaremos piores. Ou seja, nossos cérebros vão trabalhar com o que recebem. Se consumimos porcarias, vamos pensar em porcarias. Simples assim.
E tem muita gente online falando que já está com “brainrot” só de ter recebido ou passado por certos conteúdos, justamente porque estão muitos expostos a eles. E assim como os “slops” causam uma certa confusão mental, os conteúdos associados ao brainrot também, desassociando imagens ou conceitos de seus contextos reais.
Um exemplo é a imagem de um soldado da Segunda Guerra Mundial com um olhar atordoado, que faz parte da pintura de Tom Lea “That 2,000 Yard Stare“, que é usado em muitos conteúdos meméticos, e que TikTokers dizem ser brainrot.
Popularização e perigos
Fazendo uma pesquisa rápida no Google Trends, percebemos que tivemos uma procura maior do termo em 2005 e 2010, mas, a partir da segunda metade de 2023 até agora, o termo explodiu. E é interessante notar que esses picos estão muito associados à cultura gamer e a jogos que contribuíram com seu uso ao longo da década de 2010.
Inclusive, “brainrot” é uma doença que os jogadores podem contrair no jogo de “2011 The Elder Scrolls V: Skyrim“. Em 2007, ano que muita gente considera o surgimento do termo, ele aparece em posts no X, nos quais os usuários descreviam reality shows de namoro, videogames e certos comportamentos, como brainrot.
Um artigo recente do NYT, Jessica Roy relata como alguns usuários do TikTok até começaram a criar paródias de pessoas que parecem “ter” essa condição, ajudando, assim, na popularização, ridicularização e adoção do termo. E, apesar de não ser um elogio falar que alguém tem brainrot, algumas pessoas demonstram um leve orgulho ao admitir a condição.
Em um quiz recente do BuzzFeed, dava até pra saber se “o seu cérebro está 1000% cozido”. Outra leva de vídeos fala que quanto mais gírias da internet uma pessoa usa, mais brainrot ela tem.
E apesar do humor que tudo isso traz, existe um lado bem ruim. Sabe quando a gente fica obcecado por algo e vê aquilo em todo lugar, ou quando gostamos tanto de um personagem ou uma celebridade e começamos a ficar parecidos com elas? Bem, consumir conteúdos de baixa qualidade pode nos deixar menos preparados a certaz situações e “menos inteligentes”, como colocam os jovens com brainrot. Muitos compartilham nas redes seu medo de ficaram “burros”.
Há muitos pesquisadores que estão se debruçando nesse tema, como o neurocientista Michel Desmurget, que tem um livro bastante controverso, assim como outros que se adentram nesse tema, “A fábrica de cretinos digitais: Os perigos das telas para nossas crianças”.
Esse medo de ficarmos piores cognitivamente é real, porque somos o que comemos e consumimos. A “Geração Touch” e as “crianças de iPad” certamente carregam consequências disso, tanto pela tela e o aumento de miopia, muita quantidade de luz azul, que traz alterações no sono, e por aí vai, até o que é visto, assistido e lido.
Em toda a história da humanidade, acompanhamos as consequências boas e ruins das mais diversas tecnologias que foram sendo introduzidas nas nossas vidas, e se tratando de internet, hoje e sempre, independente da tecnologia em si, sabemos que “gostamos” de certos conteúdos justamente pelo modo como nosso próprio cérebro funciona.
Nem vou entrar nessa discussão, porque isso daria um outro texto, mas, no caso dos memes, eles são divertidos, rola uma conexão emocional positiva com eles, e isso dá uma ajudinha na disponibilidade de dopamina no nosso cérebro. É entretenimento puro e viciante.
Por isso mesmo, existem muitos pesquisadores interessados no assunto, tanto que, nos Estados Unidos, diversas instituições de saúde já estão estudando isso como um distúrbio. No artigo no NYT, é citada a pesquisa do Hospital Infantil de Boston, que chama essa condição de “Uso Problemático de Mídia Interativa”. E ela mostra que, conforme passamos muito tempo online, mudamos nossa percepção do espaço físico para o online, e isso tem consequências.
E a GenAI nessa história?
Brainrot está na moda hoje em dia, assim como a GenAI (inteligência artificial generativa). Mas será que a IA está ajudando a nos levar a um estado de brainrot generalizado?
Se o uso preguiçoso da GenAI pode nos fazer desenvolver menos algumas habilidades ao longo do tempo, não há dúvida. É como foi com a nossa memória, tanto que hoje não guardamos o número do celular de quase ninguém. Claro que nesse cas,o é reversível, podemos treinar e melhorar, graças a neuroplasticidade cerebral.
Mas, assim como a internet está se “slopificando”, ou seja, sendo tomada por conteúdos sem valor sendo gerados sinteticamente, nós também poderemos acabar nos deparando cada vez mais com esse conteúdo, e (por que não?) aumentando o brainrot, assim como nos enganando cada vez mais por conteúdos falsos. As consequências de longo prazo não sabemos, e muito estudo ainda será feito, mas, com certeza, uma coisa pode alimentar a outra.
Deveríamos nos preocupar com o “brainrot”?
Em certo sentido, sim, embora devamos ser cautelosos ao soar o alarme sobre o que impulsiona ou leva ao “brainrot”. É muito fácil referir-se a praticamente qualquer coisa como causadora de “brainrot”, se formos pensar.
A cultura da internet sempre traz questões e termos interessantíssimos que podem nos fazer pensar e desenvolver muitas teorias e conceitos. Brainrot ainda é uma expressão que carece de rigor científico, principalmente para descrever ou quantificar a saúde mental real. Mesmo assim, não significa que devemos ignorar ou minimizar as preocupações que estão no cerne desse termo.
Tecnologia
Tik Tok planeja lançar o Whee, plataforma de fotos ‘cópia’ do Instagram
Na plataforma, será possível manter um feed de imagens, utilizar filtros nas fotos tiradas pelo próprio aplicativo, além de manter um fluxo de conexão de amigos
O TikTok está trabalhando em seu próprio Instagram, afirmou o site Android Police na terça-feira, 18. O aplicativo, chamado Whee, tem como objetivo o compartilhamento de fotos com melhores amigos – uma mistura da rede de Mark Zuckerberg com o BeReal, de fotos instantâneas e não editadas. O app, que já pode ser utilizado em alguns países, ainda não chegou ao Brasil.
De acordo com as imagens vistas pelo Android Police, o Whee é um app separado do TikTok, mas também mantido pela ByteDance. Na plataforma, é possível manter um feed de imagens, utilizar filtros nas fotos tiradas pelo próprio aplicativo, além de manter um fluxo de conexão de amigos.
Configurações básicas como curtidas e comentários também estão presentes, em um layout bastante parecido com o do Instagram.
“Capture e compartilhe fotos da vida real que somente seus amigos podem ver, permitindo que você seja mais autêntico”, afirma a descrição do Whee no Google Play, loja de apps do Android. “Whee é o melhor lugar para amigos próximos compartilharem momentos da vida”, completam.
O TikTok e a ByteDance ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o aplicativo, mas já é possível encontrar a nova rede social em alguns países em celulares com sistema operacional Android.
Tecnologia
YouTube testa recurso que introduz “notas” de contexto em vídeos
Testes começarão nos Estados Unidos e serão feitos, inicialmente, com usuários e criadores selecionados
O YouTube anunciou, nesta segunda-feira (17), que permitirá em breve que os usuários adicionem “notas” que fornecerão contexto sobre alguns de seus vídeos. Os testes fazem parte de um novo recurso que inicialmente será lançado nos Estados Unidos.
A plataforma convidará alguns usuários e criadores de conteúdo, como parte da fase inicial de teste, para escrever notas destinadas a fornecer “contexto relevante, oportuno e fácil de entender” sobre os vídeos.
As notas, por exemplo, poderão esclarecer quando uma música é uma paródia, apontar quando uma nova versão de um produto que está sendo analisado estiver disponível ou informar aos espectadores quando imagens antigas são erroneamente apresentadas como eventos atuais.
A rede social X, antigo Twitter, possui um recurso semelhante chamado Notas da Comunidade, que permite que colaboradores selecionados adicionem contexto às publicações, incluindo tags como “enganoso” e “fora de contexto”.
O recurso de notas no YouTube será, inicialmente, disponibilizado em dispositivos móveis para usuários nos Estados Unidos e em inglês. Nessa fase, avaliadores externos classificarão a utilidade das notas, o que ajudará a treinar os sistemas, antes de um possível lançamento mais amplo, disse o YouTube.
*Com reportagem de Yuvraj Malik, em Bengaluru
CNN Brasil
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