Tecnologia
Diversificação de investimentos com tokens de precatórios
Com a tokenização de precatórios, este ativo se torna disponível aos pequenos investidores, pois uma vez fracionados, o valor unitário do ativo passa a ser mais acessível, podendo o investidor, obter um ativo financeiro de alto retorno
A pandemia do Covid-19, suas variações e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia têm forçado governos e bancos centrais de todo o mundo a tomarem medidas econômicas agressivas para alcançar uma política monetária nacional mais estável e segura.
Desde então, esta incerteza no mercado financeiro tem levado investidores a redirecionar seu capital de investimentos como poupança, LCI, LCA e CDB, para investimentos alternativos capazes de apresentar retorno acima da taxa de juros proporcionada pela renda fixa, porém com risco ajustado, recorrendo aos títulos de precatórios tokenizados.
Precatórios são ordens ou requisições de pagamentos emitidos pela Justiça aos órgãos públicos (municipais, estaduais e federal), que possuem dívidas com pessoas físicas e/ou jurídicas e, os quais não são mais passíveis de contestação. Estes, podem ser pagamentos de pensões, aposentadorias, indenizações por morte ou invalidez, falta de equiparação salarial, ações de desapropriação, tributos, etc.
Assim, como outros ativos, os precatórios podem ser negociados em mercados de balcão, da seguinte forma: os investidores antecipam o valor do precatório com desconto a pessoa física ou jurídica antes do agente público honrar a dívida, ficando o investidor com a posse do valor original do precatório ajustado com juros e correção monetária. Os investidores por sua vez, aguardam a data determinada por um juiz para receber o valor total do precatório, alcançando liquidez neste ativo.
Esta operação de compra e venda de precatórios é burocrática e deve ser muito bem conduzida, principalmente, para que o comprador do precatório (investidor) possa identificar quem é o legítimo proprietário e vendedor do precatório e evitar a possibilidade de comprar um ativo que foi vendido múltiplas vezes de forma fraudulenta. Após a venda dos direitos econômicos de um título de precatório, o mesmo pode ser registrado em uma blockchain e tokenizado, dando assim acesso a investidores de varejo a comprar de forma fracionada e a certeza da legitimidade deste precatório, um acontecimento inédito de democratização na economia brasileira. Consequentemente, o mercado está adotando a tecnologia blockchain para a emissão de tokens lastreados em precatórios.
Com a tokenização de precatórios, este ativo se torna disponível aos pequenos investidores, pois uma vez fracionados, o valor unitário do ativo passa a ser mais acessível, podendo o investidor, obter um ativo financeiro de alto retorno. Atualmente, um token de precatório pode ser adquirido por cerca de R$ 100,00 em corretoras de criptoativos, como a Liqi, uma startup especializada em tokenização de ativos ou o exchange Mercado Bitcoin. Anterior a isto, estes títulos eram disponibilizados apenas aos investidores qualificados ou institucionais.
Assim, além da democratização do mercado de precatórios, este ativo tokenizado pode proporcionar ao investidor risco reduzido por se tratar de um crédito contra o poder público e não passível de contestação. Além disso precatórios tokenizados tem maior liquidez pois podem ser negociado 24/7, e trazem também baixa correlação com demais ativos, auxiliando na diversificação da carteira de investimentos, o que torna os tokens de precatório uma ótima opção para investidores mais conservadores ou que buscam reduzir a volatilidade do seu portfolio de ativos digitais.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) não considera precatórios como um ativo de valor mobiliário, o que possibilita que precatórios sejam tokenizados no Brasil. Com isso, o risco do investimento diretamente depende do compromisso do poder público com o pagamento da dívida no prazo estipulado pelo judiciário e da análise do investidor sobre o ativo e sobre a empresa que está emitindo e gerenciando os tokens de precatórios.
Duas grandes empresas que tem se destacado no mercado de tokenização de precatórios são o Mercado Bitcoin e a 7Visions LatAm Digital.
O Mercado Bitcoin lançou no início do ano tokens lastreados em recebíveis de um precatório do Estado de São Paulo. O precatório tokenizado tem o valor de R$ 3,5 milhões e pode ser adquirido a partir de R$ 100,00. O token de precatório do Mercado Bitcoin é composto por uma cesta de 13 precatórios. Dessa forma, o proprietário dos tokens irá receber proporcionalmente o valor investido, a medida que os precatórios forem pagos.
Já a 7Visions, busca a democratização e institucionalização de ativos reais tokenizados para mercados da América Latina, onde, por meio de parcerias estratégicas e processos apurados de “due dilligence” a empresa é capaz de identificar e adquirir os melhores títulos de precatórios a serem tokenizados e distribuídos. A 7Visions com o uso da tecnologia blockchain, participa desde a originação e seleção do ativo até sua estruturação, distribuição, gestão e monetização, atingindo um portfólio com uma TIR atraente. Para evitar que os investidores tenham que aguardar ate o pagamento final dos precatórios tokenizados a 7Visions oferece a capacidade de recompra de títulos de precatórios por ela tokenizados, trazendo maior liquidez e segurança para os investidores desse tipo de ativo.
Assim, é importante ressaltar que embora seja uma modalidade de investimento atrativa, também oferece riscos como qualquer outro investimento. Porém, precatórios tokenizados apresentam uma boa solução para investidores que querem reduzir a volatilidade e risco do seu portfolio de ativos digitais. A tokenização de precatórios demostra ser um dos primeiros casos de sucesso de uma tendência global de tokenização de ativos reais como títulos de divida publica, recebíveis, ativos agropecuários, commodities, ações de startups, imóveis e outros ativos que podem melhorar a performance e reduzir a volatilidade de um portfolio de cripto-ativos.
Tecnologia
“Brainrot”, você tem isso? Conheça esse efeito colateral da vida digital
Termo descreve a “deterioração mental” causada por consumir grandes quantidades de conteúdo de baixo valor, como memes e vídeos sem sentido
Se você leu meu texto sobre a slopficação da internet, talvez agora você fique um pouco mais assustado. Senta que lá vem a história…
Se você é millennial, como eu, e tinha uma certa esperança que a próxima geração seria melhor e daria conta de um monte de coisas que não conseguimos, bem… nascer e crescer imerso em redes sociais parece que não está fazendo muito bem, pelo menos na construção de gosto e o que se escolhe consumir online.
Entender minimamente a GenZ (Geração Z) e a Geração Alpha tem consumido boa parte do tempo das minhas pesquisas online. Sacar os movimentos e tentar entrar na cabeça dos jovens é interessante e surpreendente, já que os valores e gostos são completamente diferentes. E olha que pra muita coisa eu sou mais Z que Y.
Mas vamos para o que interessa. Você já ouviu ou viu, em algum lugar, termos como:
- Skibidi Toilet
- Level Five Gyat
- Rizz
- Fanum Tax
- Only in Ohio
- Sigma Looksmaxxing
- Grimace Shake
Parece erro, palavras sem sentido, mas eles têm aparecido com frequência em uma série de conteúdos virais, mais especificamente memes, e que têm sido atribuídos ao tal do “brainrot”. Se você perguntar para o Google Tradutor, não vai conseguir nada. Já para o ChatGPT, ele traz uma luz. Olha só:
Acho que, com isso, você já consegue ir sacando o que é “brainrot”. Apesar desse termo ser antigo (usado desde 2004), é agora que ele está bombando em redes sociais muito usadas por jovens da GenZ, como o TikTok.
E não é pouco dizer que esses jovens internautas estão obcecados com a tal “brain rot” ou “brainrot”. Tanto que a própria viralização do termo explica muito o que estamos vivendo nos tempos atuais: “doomscrolling“, essa rolagem infinita nos nossos feeds, e também nosso estado online crônico.
Traduzido por “podridão cerebral”, “apodrecimento do cérebro” ou até “cérebro apodrecido”, o termo, ou condição, descreve a “deterioração mental” causada por consumir grandes quantidades de conteúdo de baixo valor, como memes e vídeos sem sentido, que podem afetar negativamente as habilidades cognitivas e a capacidade de pensar criticamente.
Longe de ser um termo médico ou científico, é simplesmente um efeito colateral do nosso comportamento online, principalmente em redes sociais, frequentemente motivado por um desejo compulsivo de se manter atualizado, principalmente com eventos negativos, mesmo quando isso pode ser emocionalmente desgastante ou prejudicial para a saúde mental.
Basicamente, estamos gastando mais tempo e literalmente nos entregando e absorvendo grandes quantidades de informações irrelevantes e de baixa qualidade.
Sem entrar nas questões neurodegenerativas, não precisamos de muito para entendermos que, ao consumirmos conteúdos piores, ficaremos piores. Ou seja, nossos cérebros vão trabalhar com o que recebem. Se consumimos porcarias, vamos pensar em porcarias. Simples assim.
E tem muita gente online falando que já está com “brainrot” só de ter recebido ou passado por certos conteúdos, justamente porque estão muitos expostos a eles. E assim como os “slops” causam uma certa confusão mental, os conteúdos associados ao brainrot também, desassociando imagens ou conceitos de seus contextos reais.
Um exemplo é a imagem de um soldado da Segunda Guerra Mundial com um olhar atordoado, que faz parte da pintura de Tom Lea “That 2,000 Yard Stare“, que é usado em muitos conteúdos meméticos, e que TikTokers dizem ser brainrot.
Popularização e perigos
Fazendo uma pesquisa rápida no Google Trends, percebemos que tivemos uma procura maior do termo em 2005 e 2010, mas, a partir da segunda metade de 2023 até agora, o termo explodiu. E é interessante notar que esses picos estão muito associados à cultura gamer e a jogos que contribuíram com seu uso ao longo da década de 2010.
Inclusive, “brainrot” é uma doença que os jogadores podem contrair no jogo de “2011 The Elder Scrolls V: Skyrim“. Em 2007, ano que muita gente considera o surgimento do termo, ele aparece em posts no X, nos quais os usuários descreviam reality shows de namoro, videogames e certos comportamentos, como brainrot.
Um artigo recente do NYT, Jessica Roy relata como alguns usuários do TikTok até começaram a criar paródias de pessoas que parecem “ter” essa condição, ajudando, assim, na popularização, ridicularização e adoção do termo. E, apesar de não ser um elogio falar que alguém tem brainrot, algumas pessoas demonstram um leve orgulho ao admitir a condição.
Em um quiz recente do BuzzFeed, dava até pra saber se “o seu cérebro está 1000% cozido”. Outra leva de vídeos fala que quanto mais gírias da internet uma pessoa usa, mais brainrot ela tem.
E apesar do humor que tudo isso traz, existe um lado bem ruim. Sabe quando a gente fica obcecado por algo e vê aquilo em todo lugar, ou quando gostamos tanto de um personagem ou uma celebridade e começamos a ficar parecidos com elas? Bem, consumir conteúdos de baixa qualidade pode nos deixar menos preparados a certaz situações e “menos inteligentes”, como colocam os jovens com brainrot. Muitos compartilham nas redes seu medo de ficaram “burros”.
Há muitos pesquisadores que estão se debruçando nesse tema, como o neurocientista Michel Desmurget, que tem um livro bastante controverso, assim como outros que se adentram nesse tema, “A fábrica de cretinos digitais: Os perigos das telas para nossas crianças”.
Esse medo de ficarmos piores cognitivamente é real, porque somos o que comemos e consumimos. A “Geração Touch” e as “crianças de iPad” certamente carregam consequências disso, tanto pela tela e o aumento de miopia, muita quantidade de luz azul, que traz alterações no sono, e por aí vai, até o que é visto, assistido e lido.
Em toda a história da humanidade, acompanhamos as consequências boas e ruins das mais diversas tecnologias que foram sendo introduzidas nas nossas vidas, e se tratando de internet, hoje e sempre, independente da tecnologia em si, sabemos que “gostamos” de certos conteúdos justamente pelo modo como nosso próprio cérebro funciona.
Nem vou entrar nessa discussão, porque isso daria um outro texto, mas, no caso dos memes, eles são divertidos, rola uma conexão emocional positiva com eles, e isso dá uma ajudinha na disponibilidade de dopamina no nosso cérebro. É entretenimento puro e viciante.
Por isso mesmo, existem muitos pesquisadores interessados no assunto, tanto que, nos Estados Unidos, diversas instituições de saúde já estão estudando isso como um distúrbio. No artigo no NYT, é citada a pesquisa do Hospital Infantil de Boston, que chama essa condição de “Uso Problemático de Mídia Interativa”. E ela mostra que, conforme passamos muito tempo online, mudamos nossa percepção do espaço físico para o online, e isso tem consequências.
E a GenAI nessa história?
Brainrot está na moda hoje em dia, assim como a GenAI (inteligência artificial generativa). Mas será que a IA está ajudando a nos levar a um estado de brainrot generalizado?
Se o uso preguiçoso da GenAI pode nos fazer desenvolver menos algumas habilidades ao longo do tempo, não há dúvida. É como foi com a nossa memória, tanto que hoje não guardamos o número do celular de quase ninguém. Claro que nesse cas,o é reversível, podemos treinar e melhorar, graças a neuroplasticidade cerebral.
Mas, assim como a internet está se “slopificando”, ou seja, sendo tomada por conteúdos sem valor sendo gerados sinteticamente, nós também poderemos acabar nos deparando cada vez mais com esse conteúdo, e (por que não?) aumentando o brainrot, assim como nos enganando cada vez mais por conteúdos falsos. As consequências de longo prazo não sabemos, e muito estudo ainda será feito, mas, com certeza, uma coisa pode alimentar a outra.
Deveríamos nos preocupar com o “brainrot”?
Em certo sentido, sim, embora devamos ser cautelosos ao soar o alarme sobre o que impulsiona ou leva ao “brainrot”. É muito fácil referir-se a praticamente qualquer coisa como causadora de “brainrot”, se formos pensar.
A cultura da internet sempre traz questões e termos interessantíssimos que podem nos fazer pensar e desenvolver muitas teorias e conceitos. Brainrot ainda é uma expressão que carece de rigor científico, principalmente para descrever ou quantificar a saúde mental real. Mesmo assim, não significa que devemos ignorar ou minimizar as preocupações que estão no cerne desse termo.
Tecnologia
Tik Tok planeja lançar o Whee, plataforma de fotos ‘cópia’ do Instagram
Na plataforma, será possível manter um feed de imagens, utilizar filtros nas fotos tiradas pelo próprio aplicativo, além de manter um fluxo de conexão de amigos
O TikTok está trabalhando em seu próprio Instagram, afirmou o site Android Police na terça-feira, 18. O aplicativo, chamado Whee, tem como objetivo o compartilhamento de fotos com melhores amigos – uma mistura da rede de Mark Zuckerberg com o BeReal, de fotos instantâneas e não editadas. O app, que já pode ser utilizado em alguns países, ainda não chegou ao Brasil.
De acordo com as imagens vistas pelo Android Police, o Whee é um app separado do TikTok, mas também mantido pela ByteDance. Na plataforma, é possível manter um feed de imagens, utilizar filtros nas fotos tiradas pelo próprio aplicativo, além de manter um fluxo de conexão de amigos.
Configurações básicas como curtidas e comentários também estão presentes, em um layout bastante parecido com o do Instagram.
“Capture e compartilhe fotos da vida real que somente seus amigos podem ver, permitindo que você seja mais autêntico”, afirma a descrição do Whee no Google Play, loja de apps do Android. “Whee é o melhor lugar para amigos próximos compartilharem momentos da vida”, completam.
O TikTok e a ByteDance ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o aplicativo, mas já é possível encontrar a nova rede social em alguns países em celulares com sistema operacional Android.
Tecnologia
YouTube testa recurso que introduz “notas” de contexto em vídeos
Testes começarão nos Estados Unidos e serão feitos, inicialmente, com usuários e criadores selecionados
O YouTube anunciou, nesta segunda-feira (17), que permitirá em breve que os usuários adicionem “notas” que fornecerão contexto sobre alguns de seus vídeos. Os testes fazem parte de um novo recurso que inicialmente será lançado nos Estados Unidos.
A plataforma convidará alguns usuários e criadores de conteúdo, como parte da fase inicial de teste, para escrever notas destinadas a fornecer “contexto relevante, oportuno e fácil de entender” sobre os vídeos.
As notas, por exemplo, poderão esclarecer quando uma música é uma paródia, apontar quando uma nova versão de um produto que está sendo analisado estiver disponível ou informar aos espectadores quando imagens antigas são erroneamente apresentadas como eventos atuais.
A rede social X, antigo Twitter, possui um recurso semelhante chamado Notas da Comunidade, que permite que colaboradores selecionados adicionem contexto às publicações, incluindo tags como “enganoso” e “fora de contexto”.
O recurso de notas no YouTube será, inicialmente, disponibilizado em dispositivos móveis para usuários nos Estados Unidos e em inglês. Nessa fase, avaliadores externos classificarão a utilidade das notas, o que ajudará a treinar os sistemas, antes de um possível lançamento mais amplo, disse o YouTube.
*Com reportagem de Yuvraj Malik, em Bengaluru
CNN Brasil
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