Brasília
Primeiros hospitais de Brasília garantiram a saúde dos pioneiros
O HJKO ocupava o mesmo espaço que hoje abriga o Museu Vivo da Memória Candanga, enquanto o Hospital Distrital se transformou no Hospital de Base
Construir a nova capital federal em meio a uma região desértica do Planalto Central demandou a criação de uma série de serviços, entre eles, o de assistência médica. O primeiro hospital da cidade surgiu antes mesmo da inauguração para atender os operários. Em apenas 60 dias foi erguido nas proximidades da Cidade Livre, em 6 de julho de 1957, o Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira (HJKO).
A unidade hospitalar substituiu o barracão na Candangolândia que era utilizado para os atendimentos médicos simples. Os casos mais complexos eram direcionados para o estado de Goiás. O mineiro Edson Porto iniciou os trabalhos no local improvisado ainda em 1956, para no ano seguinte assumir o posto de diretor do HJKO.
O HJKO funcionava 24 horas por dia com 50 leitos. Bem equipado, atendia desde casos simples aos mais complicados, além de ter sido local de nascimentos e mortes
“Ele estava com 26 anos e se assustou quando chegou aqui. Falou que não ia ficar, que iria embora no outro dia, mas acabou ficando. Ninguém queria vir pra cá”, conta Marilda Porto, esposa do médico, morto em 2018. A pioneira lembra que a rotina de trabalho no hospital era intensa.
“Ele quase não dormia em casa. Não tinha muitos médicos. Embora fosse diretor, ele colocava a mão na massa igual a qualquer outro. Toda hora chegava um caminhão de acidentados que ele tinha que acudir. Muitas vezes, dormia no hospital”, recorda.
O hospital funcionava 24 horas por dia com 50 leitos, oito enfermarias, duas salas cirúrgicas, um laboratório de análise clínica, sala de ortopedia, maternidade, berçário, farmácia e gabinete dentário. Bem equipado, atendia desde casos simples aos mais complicados, além de ter sido local de nascimentos e mortes.
A unidade funcionou como hospital até 1968, quando passou a ser somente um posto de saúde. O espaço foi totalmente desativado seis anos depois, com a implantação dos serviços de saúde no Núcleo Bandeirante.
O Museu Vivo da Memória Candanga guarda alguns tesouros do HJKO, que ocupou o mesmo espaço até 1968. Na exposição permanente Poeira, Lona e Concreto, há a reprodução do consultório do médico Edson Porto
Em 1985, o conjunto arquitetônico composto por casas de madeira coloridas, onde os médicos moravam, foi tombado, sendo considerado Patrimônio Histórico e Artístico da cidade. No ano seguinte foi iniciada a restauração das edificações, que em 1990 passariam a integrar o Museu Vivo da Memória Candanga, espaço de resguardo da identidade histórica de Brasília até hoje.
Aberto para visitação de segunda a sábado, das 9h às 17h, o Museu Vivo da Memória Candanga guarda alguns tesouros do HJKO. Parte da exposição permanente Poeira, Lona e Concreto, há a reprodução do consultório do diretor Edson Porto, com objetos como mesa, cadeira, balança mecânica, balança pediátrica, esterilizador, geladeira e itens hospitalares, além de registros fotográficos da época.
“Ele tinha muita consciência do seu dever e responsabilidade. Tinha essa noção de que estava cumprindo um papel muito importante. Era uma pessoa muito generosa, e foi reconhecido por isso”, completa orgulhosa a viúva de Edson Porto.
“Quando fizeram o Hospital Distrital, foi comprado tudo do bom e do melhor. Cheguei aqui e estava todo equipado. O hospital era esse lugar especial” – Hélcio Luiz Miziara, primeiro patologista de Brasília
Novo hospital
O declínio do Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira se deu com o surgimento do Hospital Distrital de Brasília (HDB). A nova unidade foi inaugurada em 12 de setembro de 1960, no mesmo dia do aniversário do presidente JK, para ser o centro da rede hospitalar da capital federal, sob direção do médico Carlos Ramos.
Os trabalhos no hospital começaram com apenas dois andares do prédio concluído e os demais ainda em construção. Grande parte da lateral no térreo era reservada para os ambulatórios e pronto-socorro, em uma área mais interna funcionava o centro cirúrgico, enquanto a administração ficava no corredor principal.
“Não deixava a desejar a nenhum hospital do Brasil. Quando fizeram o Hospital Distrital foi comprado tudo do bom e do melhor. Cheguei aqui e estava todo equipado. O hospital era esse lugar especial”, lembra o primeiro patologista de Brasília, Hélcio Luiz Miziara, hoje com 88 anos.
O médico legista começou a trabalhar no Hospital Distrital em janeiro de 1961, quando tinha apenas 27 anos e acabara de voltar de uma residência no Hospital Mercy, em Pittsburgh, nos Estados Unidos. Miziara foi responsável pela constituição do laboratório de patologia em seu formato completo com área de fotografia, laboratório e sala de necropsia. “No início eu ficava no hospital o dia todo. Era minha casa, meu ambiente. Passei quase a minha vida inteira lá”, comenta.
Além de ter se tornado referência nos atendimentos, também foi berço de formação de médicos do Distrito Federal e de outros estados. “O hospital na sua formação tinha o Plano Médico de Brasília. Muitos colegas vieram atraídos por ele. O hospital era realmente um primor. Tínhamos reunião todo sábado para discutir a política do hospital. Nossa ideia também era transformar o espaço em hospital de ensino”, recorda.
O médico trabalhou durante 43 anos no local, presenciando a transição de Hospital Distrital para Hospital de Base, feita em 1975. “O novo pronto-socorro seria independente, mas os colegas acharam que tinha que fazer parte do hospital. Então, passou de Distrital para Base”, afirma. O processo para transformação começou em 1968 com a elaboração do projeto de construção do Hospital de Base em uma área de 300 mil metros quadrados.
Ainda quando era Hospital Distrital, a unidade atendeu o presidente Tancredo Neves e teve em seu quadro de servidores o cantor Ney Matogrosso, que foi auxiliar do patologista Hélcio Luiz Miziara, no Arquivo Médico.
Motoristas que passaram pelo local estranharam a fumaça preta que sai das torres, que se trata, na verdade, de uma simulação de incêndio
Uma fumaça no Congresso Nacional assustou os brasilienses nesta sexta-feira (21/6). Quem passou pelo local, observou uma fumaça preta saindo pelas torres do órgão e se preocupou. Vídeos gravados pelos moradores da capital mostram o momento, confira:
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A fumaça se trata, na verdade, de um procedimento para exercício de enfrentamento de emergência, realizado pela Seção de Prevenção e Combate contra Incêndios do Departamento de Polícia Legislativa (Seprin/Depol) no Anexo I.
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) confirmou que a fumaça se trata da simulação.
A data da simulação não foi incialmente anunciada e terá duração de aproximadamente duas horas. A energia do edifício foi desligada e não é autorizada movimentação de veículos no estacionamento até o término da ação.
Brasília
Governo federal libera mais R$ 1,8 bilhão para ações de apoio ao RS
Crédito extraordinário foi autorizado por meio de medida provisória
A MP entra em vigor imediatamente, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional para não perder a validade.
A maior parte do montante irá para ações da Defesa Civil e o Auxílio Reconstrução, somando mais de R$ 1,4 bilhão. Os recursos autorizados hoje poderão também ser usados para volta das atividades de universidades e institutos federais, assistência jurídica gratuita, serviços de conectividade, fiscalização ambiental, aquisição de equipamentos para conselhos tutelares e atuação das polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.
No último dia 11, o governo federal já havia destinado R$ 12,1 bilhões, também por MP, ao estado, para abrigos, reposição de medicamentos, recuperação de rodovias e outros.
>> Veja como será distribuição do crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhão:
– Retomada de atividades das universidades e institutos federais (R$ 22.626.909)
– Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita (R$ 13.831.693)
– Suporte aos serviços de emergência e conectividade (R$ 27.861.384)
– Ações de fiscalização e emergência ambiental (R$ 26.000.000)
– Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares (R$ 1.000.000)
– Ações da Defesa Civil (R$ 269.710.000)
– Auxílio Reconstrução (R$ 1.226.115.000)
– Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (R$ 51.260.970).
De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o crédito visa atender “a diversas despesas relativas ao combate às consequências derivadas da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, tanto no aspecto de defesa civil e logística, como também o enfrentamento das consequências sociais e econômicas que prejudicam toda a população e os entes governamentais”.
No total, já foram destinados R$ 62,5 bilhões ao estado, arrasado pelas chuvas, conforme a Presidência da República.
Por Agência Brasil
Brasília
Senador abastece carros da família com verba pública; gasto por mês daria para cruzar 4 vezes o país
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) manteve perfil discreto desde que assumiu o cargo por ser suplente de Major Olímpio (do antigo PSL), que morreu em 2021 durante a pandemia vítima de Covid-19. Ele tem chamado atenção no meio político, porém, pela prestação de contas com combustíveis e seu périplo por restaurantes caros de São Paulo.
Levantamento da Folha de S.Paulo mostra que gastos de mais de R$ 336 mil abasteceram carros de Giordano, de seu filho e também de uma empresa da família. Com o combustível em preços atuais, o total seria o suficiente para dar 17 voltas na Terra. A média mensal de gastos com o item, de cerca de R$ 9.000, possibilitaria cruzar o país, em uma linha reta do Oiapoque ao Chuí, quatro vezes por mês.
O senador diz não haver irregularidade nos gastos e que não utiliza toda a verba disponibilizada. Ele ainda justifica o uso de veículos particulares para economia e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) já arquivou questionamento sobre gasto de combustível. A apuração, porém, não esmiuçava todos os detalhes dos gastos do senador ao longo de três anos.
Os dados no site do Senado apresentam limitações por misturar despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação uma minoria de senadores traz um detalhamento ampliado, o que não ocorre nos dados relativos a Giordano. Nessa categoria mais ampla, Giordano tem o sexto maior gasto desde que assumiu, com um total de R$ 515 mil. A reportagem localizou R$ 336 mil em despesas exclusivamente com postos de gasolina por meio da análise do nome dos estabelecimentos, que é de longe o maior entre senadores por São Paulo.
Pelo mesmo recorte, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL), por exemplo, gastou por volta de R$ 10 mil em postos de gasolina e centros automotivos nos últimos três anos. Já Mara Gabrilli (PSD) gastou R$ 26 mil. No caso de Giordano, a maioria das notas está concentrada no Auto Posto Mirante (R$ 183 mil), zona norte da capital paulista, região do escritório político e empresas da família do senador. Outro posto, o Irmãos Miguel consta de reembolsos que somam por volta de R$ 122 mil. O estabelecimento fica na cidade de Morungaba, de menos de 14 mil habitantes, no interior de São Paulo.
O lugar abriga o Hotel Fazenda São Silvano, do qual Giordano é dono. O senador não detalhou por qual motivo concentra tamanho gasto em combustível na cidade. A Folha de S.Paulo também encontrou gastos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Todas registradas em finais de semana, quatro notas, totalizam gastos de R$ 1.200 no Auto Posto Ipiranguinha, que fica na rodovia Oswaldo Cruz a reportagem localizou ação judicial do ano passado que cita um imóvel do filho de Giordano, Lucca, em condomínio a cerca de 2 km do local.
Em um dos domingos em Ubatuba, em janeiro de 2023, também foi registrado um gasto R$ 255 com um pedido de um abadejo para dois. Na época desse gasto, o Senado estava em recesso. A reportagem encontrou diversos gastos com refeições aos finais de semana, mesmo durante a pausa do Legislativo. As despesas do senador com alimentação chamam a atenção pela predileção por restaurantes caros, conforme foi revelado pelo Metrópoles.
Em março, há uma nota fiscal de R$ 681 da churrascaria Varanda Grill, na região da Faria Lima, que incluiu dois carrés de cordeiro por R$ 194 cada. Em 2022, o ressarcimento foi de R$ 810 na churrascaria Rodeio, em Cerqueira Cesar, com direito a uma picanha para dois no valor de R$ 385. A lista traz locais como Fogo de Chão, Outback, Jardim Di Napoli e Almanara.
A exigência não vai apenas para os pratos. Uma nota fiscal do restaurante Cervantes traz R$ 144 apenas em seis unidades de água, das marcas premium San Pellegrino e Panna. Em 2018, Giordano declarou R$ 1,5 milhão em bens à Justiça Eleitoral. Desafeto de Ricardo Nunes (MDB), Giordano levou para Guilherme Boulos (PSOL) seu apoio, mas também um histórico de polêmicas na política.
O caso mais ruidoso veio à tona em 2019, quando Giordano foi personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Segundo as investigações, o então suplente usou o nome da família Bolsonaro para se credenciar na negociação da compra de energia. Ele nega ter falado em nome do governo ou do clã Bolsonaro.
SENADOR DIZ QUE USA CARROS PARTICULARES PARA ECONOMIZAR
O senador Giordano afirma que os os gastos já foram analisados pelo Senado, pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, sendo que os dois últimos arquivaram procedimento preliminar “por entenderem que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos realizados”.
O MPF havia pedido à corte que intimasse o senador após apurar gasto de R$ 3,9 mil em gasolina e diesel em um só dia. O arquivamento aconteceu após explicação de que esse tipo de gasto se referia a 15 dias ou mais, e não a uma única visita.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aceitou o argumento e ressaltou que os gastos não ultrapassam o limite mensal de R$ 15.000 para este tipo de item. Giordano diz que cota parlamentar contempla também de sua assessoria quando em atividade e afirma que “utiliza e disponibiliza para seus assessores, quando em apoio à atividade parlamentar, os veículos que possui”. Ele afirmou ainda que assessores utilizam, se necessário, os próprios veículos para deslocamentos no âmbito da atividade também.
A resposta aconteceu após a reportagem enviar quatro placas de veículos à assessoria de Giordano, no nome dele, do filho e de empresa da família, que constavam das notas. Ele justifica o uso dos automóveis para “evitar a ampliação do uso da verba de gabinete com aluguéis de veículos” e que os gastos nos postos citados ocorrem por questões logísticas. “Vale ressaltar que este parlamentar não utiliza toda a verba disponibilizada, tendo mensalmente sobras acumuladas”, afirma, em nota.
O senador ainda afirmou que atividade parlamentar não se restringe a dias úteis, “estando o parlamentar em contato constante com sua base para atender às demandas postas”. Giordano também afirmou que os gastos com alimentação ocorrem no exercício de atividades parlamentares e que as refeições mencionadas estão ligadas ao cumprimento do mandato, estando em conformidade com a lei.
A reportagem localizou recibos com placas de veículos em nome do filho do senador, Lucca Giordano, de empresa da família e do próprio parlamentar as notas citam o senador como cliente. A maioria dos comprovantes, porém, não especifica o carro abastecido.
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