Mundo
Principal navio da Rússia no Mar Negro sofre sérios danos após explosão
A Rússia sofreu nesta quinta-feira (14) uma das mais importantes perdas materiais desde o início da guerra, com a invasão da Ucrânia, quando o navio “Moskva”, carro-chefe da frota de Moscou no Mar Negro, foi “gravemente danificado” por uma explosão que Moscou atribui a uma detonação de munição a bordo e Kiev a um ataque com mísseis.
No momento em que as tropas russas tentam tomar o porto estratégico de Mariupol, no Mar de Azov, para estender sua ofensiva no sul e leste da Ucrânia, o navio “Moskva” sofreu danos significativos, segundo o Ministério da Defesa russo, citao pelas agências estatais Ria Novosti e Tass.
“Devido a um incêndio algumas munições que explodiram a bordo” e a tripulação foi retirada do navio, segundo essas fontes, que explicaram que há uma investigação em andamento.
As autoridades ucranianas alegaram, no entanto, que o “Moskva” foi atingido por mísseis.
“Mísseis Neptune que protegem o Mar Negro causaram danos significativos a este navio russo”, segundo o governador de Odessa, Maxim Marchenko.
Um conselheiro do presidente ucraniano, Oleksiy Arestovich, confirmou no YouTube que “o carro-chefe da frota russa no Mar Negro teve uma surpresa”.
Agora “queima forte. Agora mesmo. E com estes mares tempestuosos não se sabe quando poderão receber ajuda”, assegurou numa transmissão em que afirmou que havia 510 tripulantes a bordo no momento do ataque.
“Moskva” iniciou suas operações na era soviética em 1983 e participou da intervenção russa na Síria a partir de 2015.
O navio ganhou notoriedade no início da guerra quando participou de um ataque à Ilha das Serpentes, na fronteira romena, no qual 19 marinheiros ucranianos foram capturados e trocados por prisioneiros russos.
Ucrânia reinicia evacuações
Em Donbass, no leste da Ucrânia, as autoridades disseram que vão retomar a retirada de civis, depois de suspendê-los porque Kiev os considerou muito “perigosos”.
“Os corredores humanitários na região de Luhansk funcionarão com a condição de que o bombardeio das forças de ocupação pare”, disse Vereshchuk.
As autoridades ucranianas instaram a população da região a se retirar para o oeste por medo de uma ofensiva em larga escala da Rússia, que aspira controlar esta região, onde as autoproclamadas “repúblicas” separatistas pró-Rússia de Donetsk e Luhansk estão em confrontos com tropas de Kiev desde 2014.
“Não há eletricidade ou água”, diz Maria, de Severodonetsk, a cidade mais ao leste ainda sob o controle do exército ucraniano.
“Mas eu prefiro ficar aqui, na minha casa. Se sairmos, para onde iremos? Quem sai recebe atendimento por dois ou três dias e depois nada”, diz essa mulher que decidiu ficar nesta cidade deserta, junto com o marido, o filho de seis anos e a sogra.
Em Washington, o presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu na quarta-feira uma nova entrega de ajuda militar de 800 milhões de dólares.
Até agora, os Estados Unidos hesitaram em entregar equipamentos pesados à Ucrânia por medo de agravar ainda mais as tensões com Moscou e serem considerados parte do conflito.
Biden prometeu “fornecer à Ucrânia capacidades para se defender” em uma ligação de uma hora com seu colega ucraniano, Volodimir Zelensky.
Este pacote inclui artilharia de última geração, como metralhadoras M777 Howitzer, 40.000 obuses, 300 drones “kamkaze”, 500 mísseis antitanque Javelin, radares antiartilharia e antiaéreos, 200 veículos blindados e 100 blindados leves , segundo a Casa Branca.
Ameaça sobre Kiev
Esta renovação do equipamento de Kiev coincide com a ameaça lançada por Moscou de atacar Kiev, depois de o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, ter denunciado “tentativas de sabotagem e bombardeamentos das forças ucranianas contra posições no território da Federação Russa “.
“Se esses eventos continuarem, o exército russo atacará centros de tomada de decisão, também em Kiev”, acrescentou o porta-voz.
As forças russas se retiraram dos arredores de Kiev em meados de março, depois de tentar em vão por um mês cercar a capital ucraniana. Enquanto isso, no sul, as autoridades locais anunciaram que a área do porto comercial de Mariupol foi tomada pelos russos.
A conquista de Mariupol seria uma vitória importante para os russos, pois permitiria consolidar sua posição no mar de Azov, ligando as áreas de Donbass controladas por separatistas pró-russos no leste, com a península da Crimeia, que Moscou anexou em 2014.
Vários especialistas acreditam que a queda da cidade é inevitável, mas os militares ucranianos não desistiram e agora os combates estão concentrados na zona industrial da cidade.
Labirinto
A resistência do exército ucraniano se concentra agora no vasto complexo metalúrgico de Azovstal.
A presença dos militares ucranianos neste labirinto de túneis subterrâneos sugere que as forças de Kiev vão oferecer uma resistência tenaz antes de desistir da cidade, que dizem já estar 90% destruída.
Os jornalistas da AFP que conseguiram entrar na cidade junto às forças russas viram as ruínas carbonizadas de Mariupol.
Desde o início da semana correm rumores, até agora não confirmados, do uso de armas químicas por soldados russos nesta cidade, rejeitados por Moscou.
Analistas acreditam que o presidente russo Vladimir Putin, diante da feroz resistência ucraniana, quer garantir uma vitória no leste antes do desfile militar de 9 de maio na Praça Vermelha, que comemora a vitória soviética contra os nazistas em 1945.
Na quarta-feira o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), o britânico Karim Khan, disse que a Ucrânia é uma “cena de crime”.
“Estamos aqui porque temos boas razões para acreditar que crimes dentro da jurisdição do Tribunal estão sendo cometidos”, disse Khan.
O magistrado visitou a cidade de Bucha, que se tornou um símbolo das atrocidades do conflito onde dezenas de corpos foram encontrados no final de março.
A Ucrânia atribui a morte de mais de 400 civis aos soldados que ocuparam a cidade, uma versão negada pelo Kremlin.
Mundo
Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas
Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”
Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.
A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.
A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.
Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.
Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.
A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.
Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.
No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.
O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.
“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.
“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.
Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.
Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.
Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
versão original
Mundo
Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano
Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra
Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.
Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.
Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.
Mundo
Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder
País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando
Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.
A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.
Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.
Como funcionam as eleições?
O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.
Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.
Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.
O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.
Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.
O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.
A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.
O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.
Quem é Keir Starmer?
O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.
Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.
Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.
O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.
Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.
Quando saíram os resultados?
Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.
Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.
Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.
Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.
De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.
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