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E o que são drogas sonoras? Áudios no TikTok viralizam entre adolescentes

Busca na internet por tema tem preocupado famílias e chamado a atenção de médicos; entenda o que são os sons que supostamente dão o efeito de um alucinógeno

(Divulgação/Pexels/Burst)

Um adolescente ensina na rede social TikTok a ficar “loucão” sem usar droga: segundo ele, bastaria ouvir um tipo de som em uma plataforma chamada i-doser para obter um efeito mental parecido ao de um alucinógeno.

A busca na internet por essas “drogas sonoras” ou “drogas digitais” tem preocupado famílias e chamado a atenção de médicos. Não são entorpecentes. Especialistas dizem que esses áudios não trazem risco de dependência, mas recomendam cautela para não prejudicar a audição.

Mas o que são, exatamente, essas “drogas”? São áudios, com frequências e intensidades variadas, vendidos online, em sites ou aplicativos. Há também músicas do tipo gratuitas no YouTube. Elaborado com base em uma técnica conhecida como binaural beats, descoberta no fim do século 19, esse tipo de conteúdo não é novo mas ganhou impulso com as redes sociais.

Mensagens na internet relacionam essas plataformas de som a efeitos alucinógenos e até a overdose – o que é falso. Ainda faltam evidências científicas para descrever consequências do consumo desses sons no organismo. Não é possível dizer que um adolescente que já ouviu esses áudios tenha sofrido algum dano cerebral. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendou cuidado, no entanto, pelos riscos ao aparelho auditivo.

Adeptos das batidas binaurais dizem ouvir os sons para relaxar, trabalhar melhor ou ter experiências sensoriais novas. As batidas oferecem sons de frequências diferentes para cada ouvido – o que torna a experiência diversa da de ouvir uma música comum.

Um estudo australiano publicado no fim de março identificou, pela primeira vez, que parte das pessoas que escutam esse tipo de som busca, com a experiência, obter efeito semelhante ao de outras drogas. Na i-doser, uma das plataformas que vende as batidas, os nomes de alguns desses áudios fazem referência ao de drogas já conhecidas, como a maconha. Uma “dose” do aplicativo custa menos de R$ 7.

A pesquisa, publicada no periódico Drug and Alcohol Review, aponta que 5,3% dos entrevistados escutaram batidas binaurais para vivenciar estados alterados nos 12 meses anteriores. Desses a maioria usou o recurso para relaxar ou dormir, mas 11,7% relataram usar os sons para simular a experiência com drogas.

A pesquisa ouviu 30,8 mil pessoas em 22 países. Aqueles identificados com maior prevalência de uso das batidas foram Estados Unidos, México, Brasil, Polônia, Romênia e Reino Unido. A frequência de consumo desses sons é maior na faixa etária entre 16 e 20 anos.

A pesquisa não investigou se houve alteração cerebral entre quem relatou escutar essas batidas. “Não está claro se batidas binaurais são semelhantes em efeito às drogas psicoativas que buscam simular”, ponderam os cientistas, ligados ao Instituto Real de Tecnologia de Melbourne, na Austrália.

Real ou placebo?

Especialistas destacam que áudios – mesmo esses de frequências variadas – não são capazes de viciar como as drogas. O que pode ocorrer, no entanto, é um efeito placebo. “Cria uma experiência sensorial auditiva incomum que faz com que uma pessoa sugestionada acredite que é o efeito de uma droga, psicodélico. Mas está longe disso”, explica o neurologista e neuroimunologista Thiago Taya, do Hospital Brasília, da rede Dasa.

Ele afirma que tem crescido a preocupação sobre esse tipo de consumo, mas o risco pode ser até inverso: ao experimentar essas batidas sonoras, vendidas como semelhantes a drogas, e identificar que parecem inofensivas, os jovens podem se sentir encorajados a buscar entorpecentes de verdade – esses, sim, com efeitos nocivos.

Diante do aumento da preocupação de famílias sobre as falsas drogas sonoras, a SBP divulgou este mês uma nota de alerta sobre o tema. O documento descreve o i-doser como um “fenômeno atual”, disseminado em vídeos nas redes sociais.

A preocupação é com danos aos ouvidos de crianças e adolescentes e com a estimulação auditiva exagerada. “A estimulação exagerada e contínua pode ocasionar a perda da neuroplasticidade e assim, afetar as conexões necessárias para o desenvolvimento cerebral e mental saudável”, aponta a nota de alerta da SBP.

No vídeo publicado no TikTok, o adolescente que incentiva outros a ouvir as batidas diz que a experiência só funciona com fones de ouvido em “um volume consideravelmente alto”. O documento da SBP destaca que o uso indiscriminado de fones de ouvido, em volumes acima do tolerável “vem repercutindo negativamente na audição, configurando um modismo que merece a atenção especial na era digital”.

Nível seguro para os ouvidos

A sociedade médica esclarece que o nível de intensidade de ruído de fones de ouvido varia entre 60-70 decibéis e 110-120 decibéis. Entre crianças e adolescentes, o nível seguro de ruído é de 70 decibéis. Para tentar obter o efeito alucinógeno prometido, é provável que adolescentes escutem essas batidas em níveis de intensidade superiores à recomendada.

“Os adolescentes são curiosos, impulsivos, desafiam limites, e mesmo percebendo riscos vão tentar ‘esticar’ seus limites corporais”, diz Evelyn Eisenstein, coordenadora do Grupo de Trabalho Saúde Digital da SBP. Outro problema é a exposição prolongada a sons intensos, o que pode levar à perda auditiva.

Segundo especialistas, a nova moda ressalta a necessidade de que as famílias acompanhem a vida digital dos filhos e o uso que fazem dos eletrônicos. “É importante que os pais tenham calma para entender que não é tudo o que dizem por aí. E que os filhos sejam instruídos e façam uso com bom senso de qualquer experiência na vida, não só do i-doser”, diz Taya. A reportagem não conseguiu contato ontem com a plataforma i-doser.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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