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Com recorde de casos, países apertam o cerco contra não vacinados

Novas restrições foram anunciadas na Itália para maiores de 50 anos, enquanto Senado da França decide sobre passaporte de vacinação

Macron: presidente disse que o governo chegou ao ponto de ter de “encher o saco” dos não vacinados (AFP/AFP)

A nova escalada de casos de covid-19 segue ampliando a preocupação mundo afora. Com a alta de infectados já pressionando hospitais e o mundo superando a marca de 2 milhões de casos diários (e contando), a semana terá destaque para novas restrições, com foco sobretudo nos grupos que não se vacinaram.

A Europa é um dos centros desse debate. Nos próximos dias, medidas de obrigatoriedade da vacinação e restrições aos não vacinados entram em vigor ou em fase final de discussão em países como Itália, França, Grécia e Áustria (veja abaixo).

A região tem menos de 70% da população vacinada, fatia abaixo da América do Sul. A média móvel de casos subiu mais de 150% desde o começo de dezembro, segundo os números compilados pelo Our World In Data, da Universidade de Oxford.

Nos Estados Unidos, na agenda da semana está também a decisão da Suprema Corte sobre a obrigatoriedade de vacinação de funcionários de grandes empresas, plano do presidente Joe Biden. A Corte, de maioria conservadora, começou a discutir o tema na semana passada e deve barrar a medida nesta segunda-feira, 10, após ação perpetrada por estados contrários.

O número de casos de covid-19 nos EUA cresceu mais de sete vezes desde o começo de dezembro, e já passa de 700.000 novos casos diários na média móvel em sete dias.

Alguns governos locais têm implementado medidas individualmente, como a própria obrigatoriedade de vacinação em empresas ou para entrada em locais como restaurantes. Em uma das ações mais duras anunciadas por empresas, o banco Citi também divulgou que vai colocar em licença quem não se vacinar até o fim desta semana.

A alta de casos tende ainda a levar os países a mais restrições gerais, ainda que mais leves do que no passado. Na Itália, depois do governo do ex-banqueiro Mario Draghi aprovar algumas das regras mais duras da Europa para não vacinados, o país também amanhece nesta segunda-feira, 10, com mais áreas tendo entrado na chamada zona “amarela”. São agora 11 zonas amarelas dentre as 21 subregiões italianas, e algumas correm o risco de avançar no fim da semana para a zona “laranja”, mais grave.

A Itália teve na sexta-feira, 7, seu maior número de casos desde o começo da pandemia, mais de 200.000 novos infectados.

Antes, na quarta-feira, 5, o governo italiano anunciou que a vacinação passa a ser obrigatória para pessoas com mais de 50 anos. Desde outubro do ano passado, todos os funcionários de empresas privadas já deveriam apresentar sua vacinação, mas havia a possibilidade de um teste negativo de covid-19, o que deixa de existir agora para os mais velhos.

A Áustria também anunciou plano de tornar a vacinação obrigatória a todos os maiores de 14 anos a partir de fevereiro, o que tornaria o país o primeiro da União Europeia a fazê-lo. As multas podem passar de 3.600 euros a quem for pego sem vacinação. Já a Grécia incluirá obrigatoriedade para os maiores de 60 anos a partir deste domingo, 16.

Na França, o Senado decide nesta semana se ratifica o projeto de lei aprovado na Câmara que exige passaporte de vacinação em uma série de espaços. A aprovação do texto na semana passada foi acompanhada de fala do presidente Emmanuel Macron de que é preciso “irritar” os não vacinados.

O uso do termo francês emmerder rendeu elogios e críticas à declaração, e Macron diz que não se arrepende. Mas a fala segue repercutindo negativamente na oposição, às vésperas da eleição presidencial de abril – Macron lidera as pesquisas, seguido de perto por rivais como o candidato de extrema direita, Éric Zemmour.

Apesar dos protestos, a medida na França é mais leve do que a obrigatoriedade vista na Áustria ou na Itália, e o governo diz que a decisão ocorreu porque as taxas de vacinação são mais altas (quase 80% dos franceses tomaram ao menos uma dose).

As diferentes abordagens devem ser observadas com atenção por outros países europeus que estudam ações semelhantes. O novo governo da Alemanha, liderado pelos social democratas, disse que poderia seguir o caminho da Áustria, mas não anunciou nenhum plano até agora. Na semana passada, o FDP, partido liberal que faz parte do governo, entrou com ação para barrar qualquer medida de obrigatoriedade.

Desde dezembro, quando os casos começaram a aumentar na Alemanha, o país já baniu não vacinados de entrar em alguns espaços. O público em jogos de futebol também foi reduzido, e locais com alta de casos têm de fechar locais como baladas, por exemplo.

O objetivo das medidas de restrição aos não vacinados é dois: reduzir as transmissões, uma vez que pessoas vacinadas transmitem menos o vírus entre si, e sobretudo, reduzir o número de casos graves e a pressão nos hospitais, uma vez que a maioria das internações têm sido de não vacinados.

Após anunciar sua obrigatoriedade para os mais velhos, o governo italiano afirmou que dois terços dos pacientes em unidades de terapia intensiva não estão vacinados, e afirma que este grupo é o que tem “causado o peso em nosso sistema hospitalar”. As mudanças, diz o ministro da Saúde italiano, são para “restringir os não vacinados o máximo possível”. A tendência é que cada vez mais países comecem a trilhar este caminho.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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