Brasil
Casos de síndrome respiratória aguda grave voltam a subir no RJ
Na capital, aumento foi de 120%; secretário municipal de Saúde atribui mudança à epidemia de influenza
Os casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) voltaram a aumentar no Rio de Janeiro após aproximadamente três meses de queda ininterrupta. Na capital, o número de confirmações semanais saltou de 287 na semana epidemiológica 46 (14 a 20 de novembro) para 633 na semana 49 (5 a 11 de dezembro), uma alta de 120%. As notificações no estado cresceram 30% no mesmo período.
Os dados são da plataforma de informações em Saúde do governo estadual, o tabnet, que segue reunindo informações do Sistema de Informações da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), apesar do sumiço dos dados públicos do Ministério da Saúde nas últimas semanas.
Para os especialistas, ainda não está claro se o aumento nos indicadores foi provocado somente pela epidemia de influenza na Região Metropolitana ou se também há a influência do próprio coronavírus, cuja nova variante, a Ômicron, tem apenas um caso identificado no estado até agora — uma ocorrência importada na capital, sem transmissão comunitária. No entanto, para o secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, o quadro se deve à influenza.
— Tivemos um aumento de casos de SRAG por causa da influenza, e felizmente a maioria desses casos já recebeu alta. Os números absolutos de internações são baixos em comparação com os picos da Covid-19 — diz.
Em todo o estado, o indicador subiu da marca de 700 em meados de novembro para 913 no início deste mês. As notificações totais do estado ainda tendem a ser especialmente subnotificadas, já que muitos municípios não têm a estrutura de que a capital dispõe para atualizar as informações com agilidade.
Esse atraso é a razão por que os números das últimas semanas ainda estão defasados. Para corrigir o problema, o pesquisador Leonardo Bastos, membro do grupo de especialistas Observatório Covid-19 BR e um dos criadores da plataforma InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), submeteu o banco de dados brutos do Sivep-Gripe, onde constam as informações de cada paciente identificado, ao método nowcasting, usado no próprio InfoGripe para detectar variações no cenário epidemiológico em tempo real.
O que ele viu pelas estimativas foi uma ascensão ainda mais acentuada: entre as semanas 43 (24 a 30 de outubro) e a 51, a atual, o número de hospitalizações por SRAG na capital saltou de aproximadamente 250 para cerca de 750, uma alta de 200%. Segundo a análise de Bastos, o aumento foi observado entre jovens adultos (15 a 29 anos) e nos idosos. O grupo de 80 anos ou mais está num patamar aproximado de 200 notificações semanais, um dado que o pesquisador considera preocupante.
— A razão do aumento deve ser influenza e Covid-19 juntos, mas provavelmente com uma proporção maior de influenza. Para confirmar isso, precisamos do dado das pesquisas laboratoriais por amostragem, que têm atraso maior ainda. Então só no ano que vem vamos ter uma ideia do que aconteceu agora em dezembro — diz Bastos.
A maioria dos casos de SRAG identificados passa por internação, que é outro indicador importante para o monitoramento epidemiológico, como mostra o levantamento de Bastos. Na capital, as internações por SRAG cresceram 112% entre as semanas epidemiológicas 46 e 49, quando o indicador saltou de 217 para 462 notificações semanais. No estado, a alta foi de 633 para 800 hospitalizações por semana no mesmo período — um aumento de 26%.
A cidade do Rio tem 11 pessoas internadas com Covid-19 e 25 com influenza. Para Soranz, isso ressalta a força da epidemia de gripe dentro do novo panorama.
— A gente tem mais casos de influenza A H3N2 do que de Covid-19 na cidade. Além disso, nesta época do ano, costumamos ter um aumento nas internações globais por diversas razões. No caso de SRAG, isso acontece por causa do aumento da circulação de pessoas e porque muitas pessoas não têm como cuidar dos idosos, que têm mais chances de desenvolver casos graves — explica o secretário.
Questionada, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que, este ano, foram registrados 362 casos de gripe (H1N1, H3N2, Tipo A sem subtipo discriminado e Influenza B) e 36 mortes pela doença. Em 2019, foram notificados 214 casos de influenza e 69 mortes. A pasta usou como parâmetro o ano de 2019 devido à “atipicidade do ano passado, quando foram notificados 47 casos e 6 mortes por influenza”.
Segundo a SES, em 2021, foram notificados 14 casos e uma morte por H1N1, e 47 casos e sete mortes por H3N2. Já em 2019, foram registrados 170 casos e 63 óbitos por H1N1, e 13 casos e 2 óbitos por H3N2.
A pasta pontua ainda que “o Tabnet recebe dados brutos dos municípios, que precisam passar por revisão para eliminação de inconsistências do banco. As notificações de 2021 referentes à SRAG por influenza ainda estão em investigação e revisão, pois, na Vigilância da Influenza, os casos só são confirmados por diagnóstico laboratorial. Por esse motivo, a SES reforça que os dados oficiais sobre a doença são apenas aqueles divulgados por meio da assessoria de comunicação”.
A SES não informou, contudo, os números referentes aos casos de SRAG. Além disso, nem todos os casos de influenza A H3N2, subtipo predominante nas amostras analisadas este ano por ocasião da epidemia, passam por sequenciamento genômico.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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