Brasil
Divórcios extrajudiciais sobem 26,9% de janeiro a maio de 2021 e disparam na pandemia; SP lidera ranking nacional
Foram 29.985 separações nos cinco primeiros meses deste ano, contra 23.621 de janeiro a maio de 2020, ano de recorde de separações no país. No estado de SP, as separações extrajudiciais cresceram 36,35% em 12 meses.
O número de divórcios feitos em cartórios de notas do país subiu 26,9% de janeiro a maio deste ano, em relação ao mesmo período de 2020. Foram 29.985 separações nos cinco primeiros meses de 2021 contra 23.621 de janeiro a maio do ano passado, segundo os dados do Colégio Notarial do Brasil.
São Paulo ocupa o primeiro lugar do ranking, com 7.306 processos. Se comparado a igual período de 2020, o crescimento foi de 36,35% em 12 meses.
Depois de São Paulo, vem o Paraná, com 3.728 divórcios; Minas Gerais, com 3.089; Rio Grande do Sul, com 2.331; e Rio de Janeiro, com 1.835 (veja ranking completo abaixo).
O ano de 2020 também foi marcado pelo recorde de 76.175 divórcios, contra 45.928 em 2010 e 22.109 em 2007.
O Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal representa os 9.778 cartórios de notas do país. Para Andrey Guimarães Duarte, diretor da instituição, é inegável a tendência de alta dos casos também em 2021.
Casais em conflito
“A convivência 24 horas por dia é muito pesada. Antes da pandemia, a gente tinha nossas válvulas de escape, como o trabalho e os compromissos externos. Ninguém se preparou para ficar em casa o tempo todo. A quarentena deixou tudo exposto, e os problemas ficaram insuportáveis.”
A declaração é de uma arquiteta, de 35 anos, que não quer ser identificada. A rotina de sair para trabalhar em tempo integral, todos os dias, foi trocada pelo home office. O então marido, que é músico, perdeu grande parte dos trabalhos e também passou a ficar em casa.
Com as creches fechadas, os cuidados com a filha, de 3 anos, tornaram-se responsabilidade exclusiva do casal.
“Ainda que ele participasse, a maior carga de trabalho com a criança e com a casa recaía sobre mim”, diz ela. Depois de cinco anos, o relacionamento chegou ao fim há três meses.
A paulistana é o retrato de mais uma consequência da pandemia para os lares brasileiros. Dezembro de 2020 se destacou como o mês com o maior número de divórcios em cartórios brasileiros desde janeiro de 2007, quando as separações extrajudiciais foram regulamentadas no país: 8.064 casais se divorciaram naquele período.
Crise conjugal e guarda dos filhos
A advogada de família Marcela Pimentel, que atua na área há sete anos, confirma que cresceu a procura de pessoas interessadas em buscar informações sobre o processo de divórcio, principalmente neste segundo ano da pandemia.
“Normalmente, são mulheres em crise conjugal que querem saber detalhes sobre como ficará a guarda dos filhos e quais são os direitos deles”, ela explica.
A advogada percebe uma mudança no padrão: “Antes, muitos casais se separavam e levavam anos para regularizar a situação; com a pandemia, as pessoas têm buscado formalizar logo o processo, assim que a relação se dissolve”.
A própria Marcela se separou três semanas antes de começar a quarentena, na época, com um filho de 2 anos e 8 meses. O relacionamento de nove anos acabou, e a advogada se viu entre as decepções pelo término do casamento e as decisões sobre o regime de convivência da criança com o pai, em plena quarentena.
Quem vive a experiência relata que é nessa hora que as brigas, muitas vezes, acentuam-se, já que nem sempre pai e mãe seguem as mesmas medidas restritivas de circulação e cuidados para evitar o contato com o coronavírus.
“Enquanto eu passei quatro meses sem ver meus pais, meu ex-marido ia a festas e, muitas vezes, nem usava máscaras”, conta uma química, de 35 anos, que também não quer ter a identidade revelada. Mãe de um filho de um ano e meio, ela se separou em maio de 2020, depois de mais de quatro anos de relacionamento.
A química entrou com uma petição para que o juiz determinasse que o ex-companheiro usasse máscara durante as visitas ao bebê. Ela diz que, revoltado, ele passou cinco meses sem visitar o filho.
Audiência de divórcio é realizado por vídeoconferência por conta do coronavírus no Maranhão. — Foto: Divulgação/Defensoria Pública do Estado do Maranhão (DPE-MA)
Vídeochamada
Se comparados os cinco primeiros meses de 2021 com os cinco primeiros meses de 2007, no estado de São Paulo, a alta no número de divórcios chegou a 75,34%.
Para realizar o processo em cartório, o casal não pode ter conflitos de interesses, nem filhos menores de idade ou incapazes.
Desde maio do ano passado, não é necessário sequer comparecer ao cartório, e o casal pode dar sequência ao processo por videoconferência. A norma, publicada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), prevê que haja consenso entre as partes e a presença de um advogado.
Segundo Andrey Guimarães Duarte, atualmente metade dos divórcios é feita na Justiça e metade nos cartórios, onde o processo pode ser solucionado em menos de meia hora. Para quem vem de uma relação conturbada, a ferramenta virtual é um alívio.
“É extremamente estressante o procedimento em si e, estando lá, seria pior ainda. A audiência remota é um desgaste a menos”, conta a química, que passou por uma sessão desse tipo há 20 dias.
Ranking nacional das separações
Divórcios extrajudiciais no Brasil
UF | 2020 | 2021 |
Total Geral | 76.175 | 29.997 |
SP | 17.395 | 7306 |
PR | 9641 | 3728 |
MG | 7911 | 3089 |
RS | 5866 | 2331 |
RJ | 5276 | 1835 |
SC | 4877 | 2060 |
GO | 4866 | 1714 |
ES | 2547 | 1006 |
CE | 2335 | 756 |
DF | 1850 | 1002 |
BA | 1837 | 680 |
RO | 1448 | 601 |
PE | 1352 | 613 |
MA | 1344 | 489 |
MT | 1328 | 548 |
PA | 1272 | 410 |
MS | 980 | 354 |
AM | 778 | 308 |
PB | 721 | 220 |
TO | 590 | 200 |
RN | 536 | 200 |
SE | 408 | 150 |
PI | 378 | 120 |
AL | 285 | 103 |
AC | 180 | 93 |
RR | 99 | 55 |
AP | 75 | 26 |
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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