Economia
Conheça 6 fatores que podem impactar o preço do bitcoin
Com um aumento de preço vertiginoso nos últimos meses, o criptoativo têm chamado a atenção do mundo inteiro; entenda os fatores que podem direcionar sua cotação
Criado com o propósito de ser uma moeda descentralizada, sem nenhuma instituição financeira controlando sua emissão ou intermediando as transações, o bitcoin se tornou um dos ativos mais atraentes para os investidores nos últimos anos. Entretanto, por ter uma proposta tão inovadora e disruptiva, muitas pessoas não entendem o seu funcionamento ou suas constantes variações de preço.
Ao pesquisar sobre o bitcoin, certamente, entre as notícias mais lidas, você encontrará centenas de matérias abordando flutuações em sua cotação, que acontece por conta de fatores técnicos, jurídicos, de mercado e, até mesmo, através de mudanças em políticas monetárias. Confira abaixo alguns dos fatores mais relevantes que podem impactar positiva ou negativamente a cotação do bitcoin.
Hashrate: a segurança como um direcionador de preços
Para entender melhor como o nível de hashrate pode afetar o preço do bitcoin, antes é preciso entender o significado desse termo e qual é a sua importância para o ecossistema da moeda.
De forma simplificada, hashrate é, basicamente, um indicador que mensura o poder computacional aplicado à mineração do bitcoin em um determinado momento. Esse poder de processamento é visto como o esforço aplicado para validar e registrar as transações na rede, ou seja, quanto maior for seu nível, mais segura será a rede, principalmente por tornar ainda mais improvável um ataque 51%, que poderia ocorrer caso um indivíduo ou grupo malicioso detivesse mais da metade do poder computacional da rede.
Levando em consideração a importância de níveis altos de hashrate para a segurança da rede, fica mais claro o impacto que o indicador pode ter no preço do criptoativo. Partindo do pressuposto que a segurança sempre foi um dos pilares do bitcoin, quanto mais seguro for o ativo e sua rede, maior poderá ser o seu valor percebido para o mercado.
Atualmente, o bitcoin possui a rede mais segura entre todas as criptomoedas, funcionando praticamente de maneira ininterrupta desde o dia 3 de janeiro de 2009, sem nenhum registro de ataque bem sucedido. De acordo com dados do Glassnode, no último dia 19, o hashrate da rede do bitcoin atingiu a marca de 151,23 milhões de TH/s, aproximadamente 11,3% menor do que o no dia 14, quando o ativo atingiu o seu preço recorde.
No gráfico abaixo, é possível visualizar de forma mais clara, uma possível ligação entre os níveis hashrate e o preço do bitcoin nos últimos anos. Em grande parte das vezes, a cotação do ativo acompanhou o nível do hashrate, independente de sua direção.
Movimentações de baleias: um termômetro para a intenção de grandes investidores
Outro fator interessante obtido por meio de dados da própria rede do bitcoin diz respeito à movimentações do ativo, de carteiras para corretoras e vice-versa.
Para uma parcela dos investidores, assim como em outros mercados, os movimentos dos grandes players do mercado (saldos superiores a mil bitcoins por endereço) também são analisados com cautela, pois pode evidenciar um grande movimento que está por vir.
Nesse sentido, considera-se que transferências de grandes valores para corretoras indicam uma possível intenção de venda, fazendo com que investidores menores que estão comprados, repensem suas posições. Por outro lado, quando grandes volumes deixam as corretoras, a visão dos investidores é de que as baleias (pessoas ou grupos que possuem grandes quantidades de bitcoin), estão transferindo de volta seus bitcoins para um local mais seguro, aguardando uma valorização maior do ativo, para posteriormente, realizar a venda.
Perspectiva jurídica e os impactos das incertezas regulatórias
Distante de indicadores técnicos da força da rede e de dados de transações bilionárias que podem afetar o sentimento e, até mesmo, a direção do mercado, temos um fator tão importante quanto: as incertezas regulatórias.
Desde a sua criação, por ser um ativo financeiro que não é emitido por governos ou bancos centrais, o bitcoin é alvo de órgãos reguladores, que buscam trazer uma maior segurança jurídica para os mercados e usuários, por meio da implementação de regras do jogo para as negociações do criptoativo.
Como um reflexo do rápido crescimento do bitcoin nos últimos 5 anos, órgãos reguladores têm dedicado esforços para implementar medidas de prevenção à lavagem de dinheiro e, também, definir um conjunto de regras tributárias para essa classe de ativos. Nesse sentido, uma grande parcela dos investidores considera positivo o avanço nas regulações em casos que o governo adota uma postura capaz de fomentar a segurança jurídica para que o mercado do bitcoin possa se desenvolver ainda mais.
Entretanto, em alguns casos, a postura dos reguladores não é tão flexível, tampouco adepta à inovações que podem ser promovidas por essa tecnologia. Nesse sentido, nos últimos anos, se tornou muito comum observar quedas na cotação do bitcoin após notícias que mencionam uma possível mão pesada de governos em relação ao ativo, como por exemplo, as menções sobre uma possível proibição da criptomoeda na India, que quando intensificadas, foram seguidas de uma queda de 10% em seu preço.
Levando em consideração o fato de que muitas pessoas e instituições deixam de investir no bitcoin por conta da ausência de uma regulação mais clara, fica claro que, uma política regulatória bem definida, que caminhe no sentido da inovação, sem impor restrições ao uso ou negociação da criptomoeda, pode ser uma forma de aumentar ainda mais o fluxo de capital e força compradora dentro desse mercado que já alcançou a marca de 1 trilhão de dólares. Por outro lado, caso as políticas regulatórias adotadas sejam mais duras, assim como as mencionadas pelos governos da Índia e Turquia, é provável que o impacto nos preços seja negativo, principalmente por posicionar o bitcoin e outras criptomoedas no cerco da ilegalidade, fazendo com que muitos investidores entendam a postura como um sinal claro de venda.
Liquidações de derivativos e seu poder de acelerar os movimentos no mercado
Além dos motivos supracitados, temos também os fatores que são efetivamente do mercado, ou seja, dizem respeito diretamente às negociações realizadas nas plataformas, principalmente em operações envolvendo derivativos do bitcoin, como por exemplo, a negociação de contratos futuros.
Usualmente, a maioria das pessoas negociam bitcoins no mercado à vista, comprando e vendendo determinadas quantidades do ativo. Entretanto, há um outro lado do mercado, que pode oferecer ganhos e riscos maiores do que os encontrados na negociação convencional.
De forma simplificada, a alavancagem é uma espécie de empréstimo, que as corretoras disponibilizam a seus investidores para que eles possam aumentar seus resultados de suas posições. Trazendo um pouco mais de luz ao tema, suponhamos que você queira investir 1000 reais em bitcoin. Caso você compre esse valor no ativo e ele suba 5%, você terá 1050 reais. Entretanto, a corretora que você utiliza oferece a possibilidade de alavancar o seu capital em 10 vezes. Nesse caso, você poderia investir 10 mil reais, utilizando apenas os 1000 reais iniciais. Com a alavancagem, o aumento de 5% no ativo resultaria em 500 reais de lucro (50% sobre o capital investido). Entretanto, caso o preço caísse na mesma proporção, você teria 5% de prejuízo sob os 10 mil reais caso desejasse encerrar a operação, resultando em um prejuízo de 50% do capital inicial.
Tendo isso mais claro, assim como no mercado de ações, milhares de investidores utilizam a alavancagem para potencializar seus ganhos, aumentando ainda mais sua exposição às variações de preço. Nesse cenário, diariamente, muitos investidores são liquidados com pequenas flutuações de preço, por estarem na contramão do mercado, em uma posição muito alavancada e sem margem para manter a operação por mais tempo.
Mas como isso pode afetar de fato o preço do bitcoin? De forma simplificada, em um mercado otimista, muitas posições compradas e alavancadas são abertas, esperando que o preço suba. Quando a cotação do ativo caminha na direção contrária, as liquidações dessas operações começam a acontecer, diminuindo drasticamente a força compradora do ativo, abrindo espaço para uma queda mais rápida e profunda, por conta da ausência de suportes criados através de ordens compradas. O mesmo pode ocorrer em um cenário pessimista, fazendo com que a liquidação de posições vendidas abram caminho para uma subida do ativo, através da ausência de uma resistência vendedora.
Nos últimos meses, o ativo tem vivenciado uma alta sem precedentes e, com isso, milhares de investidores montaram posições milionárias de compra alavancadas, ficando extremamente expostos a uma variação negativa no preço do ativo. Na madrugada de domingo, 18, houve uma queda no preço do bitcoin, que foi acelerada pela liquidação de milhares de posições, atingindo uma baixa de, aproximadamente, 14% na cotação da moeda em apenas uma hora. O valor total em liquidações de posições compradas em todas as corretoras durante este final de semana sangrento atingiu a marca de 9,1 bilhões de dólares, quase o dobro do antigo recorde de fevereiro (5,7 bilhões).
Funding Rate e o sentimento do mercado
Ainda dentro do ambiente de derivativos do bitcoin, temos outro fator que também pode impactar o preço do ativo: o funding rate.
Após o surgimento dos derivativos de bitcoin, se tornou possível operar alavancado dentro do mercado, tomando dinheiro emprestado da corretora para aumentar sua posição. Entretanto, para todo valor que é disponibilizado pela plataforma, há a incidência de uma taxa conhecida como funding rate.
Por meio de uma base de cálculo criada pela própria corretora, o funding rate tem como objetivo principal corrigir o preço do contrato sempre que houver um distanciamento do prêmio ou desconto quando comparado a seu preço no mercado à vista.
Por exemplo, caso o preço do bitcoin em uma determinada corretora esteja muito acima da cotação do bitcoin no mercado, a taxa de juros será utilizada para corrigir esse distanciamento, garantindo que os contratos estejam mais próximos do preço no mercado à vista.
Com seu funcionamento um pouco mais claro, resta entender para onde vai o pagamento dos juros e o que eles indicam de fato.
Ora, se a taxa de juros for negativa, temos um cenário em que investidores estão tomando bitcoins emprestados para vender e trocar por moedas fiduciárias, fazendo com que vendedores paguem juros para quem estiver comprando. Em contrapartida, quando a taxa de juros está positiva, há uma maior procura pela compra da criptomoeda, fazendo com que os compradores paguem juros aos vendedores.
Em suma, o funding rate pode ser um indicador útil para a tomada de decisão de compra e venda de bitcoins. Quando as taxas de juros estão menores do que a média dos dias anteriores, é possível inferir que o mercado se tornou pessimista, fazendo com que investidores tomem taxas mais altas para vender seus bitcoins. Em contrapartida, quando as taxas estão maiores que a média observada anteriormente, há uma indicação de otimismo dentro do mercado, demonstrando que investidores estão dispostos a pagar taxas mais altas para comprar mais unidades do criptoativo.
No gráfico abaixo, é possível visualizar que, em momentos nos quais o mercado está mais otimista, com preços subindo e investidores procurando comprar bitcoins, o funding rate também sobe. Já em momentos pessimistas, com uma correção acentuada, o aumento das vendas faz com que a taxa diminua e, em alguns casos, se torne negativa.
Economia
Carteira de dividendos: veja os papéis mais recomendados para julho
A Petrobras foi a empresa mais indicada pelas instituições financeiras consultadas pela CNN para compor a carteira de melhores pagadoras de dividendos em julho.
O levantamento considerou as avaliações de Santander, Empiricus, XP, Guide, Ativa e BTG Pactual.
Os papéis mais recomendados foram:
- 5 recomendações: Petrobras;
- 4 recomendações: Banco do Brasil, CPFL e Vale;
- 3 recomendações: BB Seguridade, Eletrobras e Itaú.
Após um impasse sobre o pagamento ou não de dividendos extraordinários, o conselho de administração da Petrobras aprovou em abril o repasse de 50% do valor total, referente ao exercício de 2023.
Com a distribuição, a equipe de analistas do Santander avalia manter o peso dos papéis da estatal em sua carteira. Já o BTG, optou por ampliar sua exposição à estatal.
“Embora a companhia esteja sinalizando maiores investimentos, a verdadeira questão para nós é se esse aumento em potencial poderia sacrificar a capacidade da empresa de distribuir dividendos substanciais, e acreditamos que não”, aponta a equipe do BTG em relatório.
Momento de incertezas
O Ibovespa encerrou o pregão de sexta-feira (28), o último de junho, em queda de 0,32% no dia. Apesar de ter acumulado alta de 1,47% no mês, o índice caiu 7,66% no primeiro semestre deste ano.
O que se avalia é que as incertezas se mantém e o mercado seguirá se pautando por elas.
“O cenário local segue girando em torno da dificuldade do governo em convencer o mercado quanto ao seu comprometimento fiscal”, aponta a Ativa Investimentos em relatório.
O governo trabalha com a meta de zerar o déficit neste ano e no próximo — após alterar a meta de 2025, o que não foi favorável para a imagem de responsabilidade fiscal.
Apesar de o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assegurar que o arcabouço será cumprido, o mercado vê o déficit primário em 0,7% do Produto Interno Bruto neste ano.
Lula se reuniu nesta quarta-feira (3) com ministros da área econômica do governo. Após o encontro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que o presidente mantém seu compromisso com as contas públicas.
“A primeira coisa que o presidente determinou é ‘cumpra-se o arcabouço fiscal’. Não há discussão sobre esse respeito. Em 2024, 2025, 2026, o compromisso nosso é de cumprimento das leis complementares de finanças públicas”, comentou Haddad.
Segundo o chefe da equipe econômica, o governo realiza desde março um estudo entre os ministérios buscando despesas que podem ser cortadas. De acordo com Haddad, foram identificados R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias, cujo corte, segundo o ministro, já foi autorizado pelo presidente.
O economista-chefe da XP Inc., Caio Megale, apontou em entrevista ao WW de terça-feira (2) que além da questão fiscal, outro imbróglio do cenário doméstico também segue na mira do mercado: a questão monetária.
“Essa transição para o próximo presidente [do BC] é uma espada, de fato, na cabeça. A gente não sabe exatamente quem vai ser a próxima ou o próximo presidente, qual vai ser a visão de política monetária que essa pessoa vai ter na hora de conduzir a taxa de juros, de tomar as decisões”, pontuou Megale.
“Acho que dar uma clareza e maior transparência de como vai ser a gestão da política monetária depois da transição do Roberto Campos e medidas efetivas no sentido de controlar as despesas do lado fiscal, eu acho que é o que vai trazer uma tranquilidade [para o mercado].”
Economia
Venda de veículos eletrificados cresce 146% no primeiro semestre de 2024
Entre janeiro e junho, comercialização de automóveis registrou cerca de 79 mil vendas, de acordo com relatório da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE)
O comércio de automóveis movidos a eletricidade segue em crescimento no Brasil. No primeiro semestre de 2024, a venda de veículos leves eletrificados alcançou um total de 79.304 unidades em todo o país. Somente no último mês de junho, foram registrados 14.396 novos emplacamentos, o que representa a terceira melhor marca para um mês de toda a série histórica.
O número maior de vendas na metade inicial do ano indica um crescimento de 146% em relação ao primeiro semestre de 2023, e de 288% na comparação com o mesmo período de 2022. Além dos automóveis totalmente elétricos, também são incluídos na estatística os veículos parcialmente eletrificados – ou híbridos. Os dados foram levantados pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e divulgados nesta quarta-feira (3/7).
Com o avanço do número de vendas, a ABVE estima que o Brasil já atingiu a marca de 300 mil veículos comercializados desde o início da série histórica do levantamento, em 2012. Além disso, a previsão da associação para 2023 é que mais de 150 mil automóveis desta categoria sejam vendidos até o fim do ano em todo o território nacional, o que indica um crescimento de cerca de 60%.
No Brasil, ainda predominam os veículos elétricos plug-in, que se consolidaram no mercado nacional e representaram 69% de todas as vendas no primeiro semestre. Dentro desta categoria, estão incluídos os tipos BEV (totalmente elétricos) e PHEV (elétricos híbridos). Na sequência, os HEV convencionais (elétricos não plug-in a gasolina ou diesel) ficaram com 9,3% da parcela total de eletrificados vendidos.
Preocupação para o setor
Mesmo diante de um aumento das vendas, o setor de veículos elétricos está preocupado com o reajuste da tributação dos produtos. Desde a última segunda-feira (1º/7), passou a vigorar uma resolução que aumenta a alíquota para a importação de elétricos importados, de 10% para 18%. Em julho de 2025, sobe para 25%, até atingir 35% no ano seguinte.
“Temos ouvido notícias preocupantes sobre a antecipação da alíquota de 35% do Imposto de Importação de veículos elétricos, que estava prevista pelo Governo Federal somente para julho de 2026. Entendemos que, a se confirmar, essa antecipação configuraria uma lamentável quebra das regras estabelecidas há apenas seis meses pelo próprio governo”, avalia o presidente da ABVE, Ricardo Bastos.
Além disso, a associação teme a inclusão dos veículos elétricos no Imposto Seletivo, que é chamado popularmente de “imposto do pecado”. A lei foi estabelecida pela emenda constitucional da reforma tributária, aprovada no ano passado, com o objetivo de sobretaxar bens considerados danosos à saúde e ao meio ambiente.
Na avaliação da ABVE, a inclusão dos veículos eletrificados no IS “não faria sentido”, visto que esse tipo de automóvel emite menos gases de efeito estufa e reduz o nível de ruído nas cidades do país. “Eles são fatores decisivos para melhorar a qualidade de vida e diminuir as mortes associadas à poluição nas grandes cidades”. “Não nos parece cabível que esses veículos venham a ser taxados como se fossem produtos que fazem mal à saúde ou ao meio ambiente, o que absolutamente não é o caso”, conclui o presidente da associação.
Economia
Produção industrial cai 0,9% em maio, diz IBGE
No acumulado do ano, houve avanço de 2,5%
A produção industrial brasileira caiu 0,9% em maio em relação a abril. É o segundo recuo consecutivo, apontando retração de 1,7% no período. Com o resultado, o setor perdeu o ganho acumulado entre fevereiro e março deste ano (1,1%).
No acumulado nos últimos 12 meses, houve crescimento de 1,3%, o que acabou por reduzir a intensidade no ritmo de evolução se comparado ao resultado do mês anterior. Os dados foram anunciados nesta quarta-feira (3), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Os números fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta quarta-feira (3) pelo órgão, que mostrou ainda avanço de 2,5% no acumulado dos cinco primeiros meses de 2024, se comparado ao mesmo período do ano anterior.
Influências
Nessa comparação, entre as atividades, as principais influências positivas na totalidade da indústria foram anotadas por produtos alimentícios (5,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,1%), indústrias extrativas (2,3%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (4,8%).
O gerente da pesquisa, André Macedo, disse que, em maio de 2024, a indústria apresentou “predominância de resultados negativos de forma geral”, com recuo na margem e na comparação com maio de 2023.
Houve, ainda, interrupção da trajetória ascendente no índice de média móvel trimestral e perda de intensidade no ritmo de expansão no acumulado do ano e dos 12 meses anteriores.
Nesse mês, a indústria intensificou a queda que já tinha sido registrada no mês anterior, e entre os fatores que explicam esse resultado, estão as chuvas no Rio Grande do Sul, que tiveram um impacto local maior, mas também influenciaram o resultado negativo na indústria do país, informou o texto publicado pelo IBGE.
Conforme a pesquisa, 16 das 25 atividades investigadas tiveram recuo em maio de 2024. Veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,7%) e produtos alimentícios (-4,0%) foram as duas maiores influências negativas para o resultado geral da indústria em maio.
O gerente afirmou, também, que esses dois setores foram prejudicados pelas enchentes do Rio Grande do Sul. No setor de veículos automotores, a paralisação das plantas industriais locais provocou impactos diretos e indiretos. Por causa do mau tempo, tanto as montadoras de veículos, quanto as fábricas de autopeças pararam com as produções e isso afetou também o abastecimento para a produção de bens finais no restante do país.
“Houve, por exemplo, a concessão de férias coletivas em uma planta industrial em São Paulo como forma de mitigar os efeitos das paralisações ocorridas em unidades produtoras de peças no Rio Grande do Sul”, completou.
Greve
Macedo acrescentou que a paralisação decorrente de greve em outra montadora e a base de comparação elevada também contribuíram para a queda de dois dígitos na atividade. Em abril, o setor de veículos registrou crescimento de 13,8%.
A atividade de produtos alimentícios, que responde por cerca de 15% da produção industrial do país, teve em maio o segundo mês seguido de queda. A perda acumulada no período é de 4,7%.
“A retração no processamento da cana-de-açúcar, por conta da condição climática menos favorável na segunda quinzena de maio, provocou uma queda pontual na produção do açúcar. Já entre os impactos negativos que podem ter a ver com as chuvas no Rio Grande do Sul estão as carnes de aves, de bovinos e de suínos e os derivados da soja, que são produtos que têm grande peso no setor”, explicou.
Outros setores que recuaram e influenciaram o resultado negativo do mês foram os de produtos químicos (-2,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,3%), produtos do fumo (-28,2%), metalurgia (-2,8%), máquinas e equipamentos (-3,5%), impressão e reprodução de gravações (-15,0%) e produtos diversos (-8,5%).
Os principais impactos positivos no resultado geral da indústria foram as indústrias extrativas (2,6%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,9%). De acordo com Macedo, esses segmentos têm grande peso e evitaram uma queda maior no resultado da indústria.
“O crescimento do setor extrativo veio após uma queda no mês anterior, ou seja, tem o efeito de uma base de comparação mais negativa. Também houve aumento na extração dos dois principais produtos, o petróleo e o minério de ferro”, afirmou.
As atividades de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (3,7%), produtos têxteis (2,9%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (1,5%), produtos de borracha e de material plástico (0,5%), outros equipamentos de transporte (0,2%), móveis (0,2%) e celulose, papel e produtos de papel (0,1%) também tiveram desempenho favorável.
“Ainda na comparação com abril, as quatro grandes categorias econômicas recuaram: bens de consumo duráveis (-5,7%), bens de capital (-2,7%), bens intermediários (-0,8%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,1%)”, pontuou o IBGE.
O recuo de 1,0% na comparação de maio de 2024 com maio do ano anterior teve influência dos resultados negativos de duas das quatro grandes categorias econômicas, 14 dos 25 ramos, 43 dos 80 grupos e 50,4% dos 789 produtos pesquisados, finalizou o IBGE.
Agência Brasil
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