Brasil
Covid-19: 47% das UTIs do Rio exclusivas para a doença estão fechadas por falta de pessoal
Só o Hospital de Bonsucesso, de portas cerradas desde o incêndio em outubro do ano passado, poderia oferecer 213 vagas para receber esses pacientes
No dia 1º de janeiro, a Prefeitura do Rio, que iniciava uma nova gestão, anunciou a abertura de 343 leitos para Covid-19 na cidade, sendo 193 na rede pública. Pouco mais de três meses depois, a pressão sobre o sistema caiu por conta do arrefecimento momentâneo da pandemia, o número não foi alcançado e hoje o município tem menos vagas na rede SUS do que tinha no ano passado. Hoje, com a curva da doença dando sinais de que volta a crescer, um levantamento do GLOBO mostra que o principal problema para a criação de vagas é a falta de pessoal. Do total de leitos de UTIs fechados para o tratamento de pessoas infectadas pelo coronavírus, 47% estão sem receber pacientes por falta de profissionais de Saúde.
O Rio tem, no momento, 623 leitos de UTI da Rede SUS para Covid-19, dos quais 548 estão ocupados — 88% do total. No fim de semana, essa taxa chegou a atingir 96%, mas ontem algumas vagas foram abertas às pressas para atender à demanda. Atualmente, o maior gargalo é a rede federal. Somente o Hospital de Bonsucesso, fechado desde o incêndio em outubro do ano passado, poderia oferecer 213 vagas para receber esses pacientes. Já o Hospital Clementino Fraga Filho, administrado pela UFRJ, tem 28 leitos fechados.
Procurado, o Ministério da Saúde afirmou que hoje a rede federal já dispõe de mais vagas para pacientes graves do que as que existiam no Hospital de Bonsucesso e que “tem apoiado irrestritamente estados e municípios e investido em ações, serviços e infraestrutura para o enfrentamento da Covid-19”. Já a direção do Hospital do Fundão disse que a falta de profissionais que levou ao fechamento de vagas de internação deve-se ao afastamentos de servidores por causa da pandemia. A unidade informou que a prefeitura do Rio ainda custeia parte de seus profissionais e que outros leitos serão habilitados quando chegar o pessoal que será pago pelo governo federal.
O secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, ressalta que há seis semanas a cidade do Rio não registra fila de pacientes aguardando transferência por mais de 24 horas. A meta, segundo o secretário, é manter essa fila zerada. Ele disse, por exemplo, que leitos de enfermaria podem ser transformados em UTIs em algumas unidades. Além do Fundão, os hospitais Evandro Freire, Ronaldo Gazolla e de Piedade têm condições de ampliarem o atendimento para atendera um aumento de demanda.
— O problema que a gente tem na rede hoje não se deve à estrutura física, hoje existe esta estrutura. Em 2021, a secretaria conseguiu zerar a fila, o que não tinha acontecido ano passado. Nosso problema nunca foi estrutura física. Tanto o governo estadual quanto o federal se comprometeram a enviar mais recursos para financiar a abertura de leitos. Ao longo da semana, vamos converter mais alguns em UTIs porque temos ocupação baixa em enfermarias — afirma Soranz, acrescentando que foram abertos, desde o início de sua gestão, 210 novos leitos e que mais vagas também dependem de acordo com a iniciativa privada.
Por causa da demora na expansão da assistência médica, a Defensoria Pública do Rio pediu à Justiça, na última sexta-feira, a abertura de todos os 160 leitos de UTI prometidos no Hospital municipal Ronaldo Gazolla e a apresentação de um plano com a compensação de vagas devido ao fechamento do hospital de campanha do Riocentro. Mas Soranz rebate, observando que os leitos do hospital de campanha, embora contabilizados, não eram operacionais.
Apesar da promessa da prefeitura, o núcleo de Saúde da Defensoria Pública do Rio argumenta que a nova gestão nunca apresentou um plano de contingência detalhado, com indicação das novas vagas abertas e prazos. Por isso, na ação judicial, pede-se o cumprimento do plano do ano passado, que foi incorporado ao estadual. Nele, estava previsto que, até o dia 30 de dezembro do ano passado, deveriam ter sido criados 338 leitos de UTIs e 797 de enfermarias.
Defensoria exige plano
A defensora Thaísa Guerreiro, coordenadora do núcleo de Saúde do órgão, diz ter constatado um aumento no total de UTIs e redução nas vagas de enfermaria, o que pode indicar a conversão de leitos clínicos para tratamento intensivo. No Bom Dia Rio, da TV Globo, Soranz disse ontem pela manhã que esse processo permitiu a abertura de mais 10 leitos de UTI no Ronaldo Gazzolla. Ao todo, o hospital agora tem 380 leitos, sendo 153 de UTI, sete a menos que estipulava o plano de contingência. Por nota, a Secretaria municipal de Saúde informou que um novo plano foi publicado em 25 de fevereiro e que “o número de leitos operacionais é dinâmico”. Mas, na petição, a Defensoria alega que o Rio não só não alcançou o objetivo previsto até o final do ano passado como retrocedeu no total de vagas.
Desde a sexta-feira passada, o Rio adotou medidas sanitárias mais rígidas, reduzindo o horário de funcionamento de bares e restaurantes até a 17h e proibindo a permanência das pessoas nas ruas das 23h às 5h. Ambulantes e quiosques nas praias foram proibidos por uma semana, tempo em que a iniciativa está em vigor.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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