Brasil
Desmatamento da Amazônia cai 70% em janeiro; ambientalistas citam aumento de chuvas
O Ministério da Defesa atribuiu a queda à operação Verde Brasil 2, iniciada em maio de 2020 e na qual militares vêm atuando no combate aos crimes ambientais na Amazônia
O desmatamento da Amazônia registrou queda de 70% em janeiro deste ano na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), uma redução que o governo atribui à atuação dos militares na região, mas que ambientalistas afirmam que pode estar relacionada às condições meteorológicas no período.
Segundo os dados do Inpe, o sistema Deter, que aponta alertas de desmatamento na Amazônia em tempo real, mostrou 86 quilômetros quadrados de área desmatada em janeiro, contra 284 quilômetros quadrados registrados em janeiro de 2020.
Em nota, o Ministério da Defesa atribuiu a queda à operação Verde Brasil 2, iniciada em maio de 2020 e na qual militares vêm atuando no combate aos crimes ambientais na região amazônica.
“Do início da operação até janeiro deste ano, foram apreendidos 331 mil metros cúbicos de madeira, 1.699 embarcações, 326 tratores e 20 aviões/helicópteros, resultando na aplicação de 4.842 multas e totalizando o valor de 3,33 bilhões de reais”, disse a pasta em nota.
Para o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, entretanto, a atuação do governo não é uma explicação para a queda do desmatamento em janeiro, e o aumento das chuvas na região parece ser um motivo mais plausível para o resultado.
“Olha, o número diminuiu, mas esses anúncios do governo parecem mais um ato de desespero para pegar qualquer notícia de redução do desmatamento e colocar isso na conta de ações do governo. Não existe nenhuma ação nova do governo, ou eficiente, que possa ter levado à redução do desmatamento. O Exército que está lá é o mesmo que estava nos meses que o desmatamento aumentou”, disse Astrini.
“É muito mais provável que essa retração do dado agora em janeiro tenha a ver com condições meteorológicas de aumento de chuva, por exemplo”, acrescentou.
Astrini lembrou que, apesar da queda em janeiro, que ele afirma não ser possível de analisar isoladamente para se ter um panorama do que pode vir a acontecer na floresta, o acumulado entre agosto do ano passado e janeiro deste ano ainda representa o segundo pior período dos dados do Deter disponibilizados pelo Inpe.
O período entre agosto de um ano e julho do ano seguinte é apontado por especialistas como o ano-referência para a medição do desmatamento da Amazônia.
Entre agosto de 2020 e janeiro deste ano, o desmatamento apontado pelo Deter foi de 3.772 quilômetros quadrados, uma queda de 20,7% em relação ao acumulado entre agosto de 2019 e janeiro de 2020, mas uma elevação de 65,5% na comparação com agosto de 2018 a janeiro de 2019 e de 94% quando comparado com agosto de 2017 a janeiro de 2018.
“Não tem muito o que se comemorar não. Nós estamos ainda com uma taxa altíssima no acumulado do desmatamento e não existe nenhuma política do governo que indique que vai ser colocado e prática algo para reverter esses números tão grandes”, avaliou Astrini, lembrando que janeiro tradicionalmente é um mês em que o desmatamento não costuma ser elevado.
Nesta semana, o vice-presidente Hamilton Mourão, que também presidente o Conselho Nacional da Amazônia Legal, reiterou que a atuação dos militares na região será encerrada ao final de abril e que, a partir daí, a fiscalização será concentrada em 11 municípios da região onde, segundo ele, ocorrem 70% dos crimes ambientais.
O presidente Jair Bolsonaro vem sendo pressionado dentro e fora do Brasil por causa do aumento do desmatamento da Amazônia, assim como das queimadas na região da floresta tropical e no Pantanal.
A gestão ambiental do governo tem sido apontada como um entrave, por exemplo, para a concretização de um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia e também tem potencial de elevar as tensões entre o governo brasileiro e a gestão do recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que colocou o meio ambiente e as mudanças climáticas no topo de sua agenda.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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