Mundo
Maioria dos presidentes que tentaram reeleição nos EUA venceu a disputa
Dos 25 presidentes dos Estados Unidos que disputaram uma um novo mandato, 16 conseguiram continuar na Casa Branca. A maioria também venceu no voto popular
Dos 25 presidentes dos Estados Unidos que tentaram reeleição, 16 conseguiram levar a melhor na disputa eleitoral (64%). A maioria também venceu no voto popular. No total, os EUA tiveram 45 presidentes até o momento. Entretanto, especialistas afirmam que, nas eleições deste ano, há grande probabilidade de os americanos alternarem o poder, pois a conjuntura atual parece mais desfavorável a Donald Trump, que tenta reeleição.
Desses 16 presidentes reeleitos, 10 eram republicanos, cinco democratas e um independente. O último se trata do primeiro presidente dos EUA, George Washington, que concorreu às duas primeiras eleições sem oposição. Foi ele também que instituiu a tradição do chefe de Estado americano ocupar o cargo por apenas dois mandatos.
Essa tradição seguiu até Franklin Roosevelt, que se reelegeu por três vezes. No entanto, ele morreu no início do seu quarto mandato vítima de um derrame cerebral, em 1945. Até então, não havia proibição legal sobre um presidente tentar um terceiro mandato. Mas, em 1947, o Congresso americano aprovou a 22ª emenda Constitucional que estabeleceu regras para a reeleição presidencial, vetando a possibilidade de reeleição por mais de uma vez. Em 1951, a emenda foi aprovada pelos estados americanos e passou a vigorar.
Reeleição ou não
Na história americana, existem vice-presidentes que assumiram o cargo mais alto do Executivo após a morte do titular eleito. Estes vices, nas eleições posteriores após assumirem o comando dos EUA, candidataram-se e venceram as eleições. Isso poderia ser considerado uma reeleição?
De acordo com Leonardo Paz Neves, cientista político e pesquisador do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV NPII), alguns destes casos poderiam ser considerados uma reeleição, considerando algumas regras comuns aos países presidencialistas.
“Em geral, nesses países é comum ter dois tipos de regras para os vice-presidentes. Se o presidente deixar o cargo vago ainda nos dois primeiros anos do mandato, quem assume é o vice. Da metade do mandato para o fim, é comum a convocação de novas eleições. Considero os casos em que o vice assume e depois se elege como uma reeleição”, comenta.
Para Virgílio Arraes, historiador especialista em história americana e professor da Universidade de Brasília (UnB), as eleições de alguns vice-presidentes poderiam ser consideradas reeleição de acordo com a 22ª emenda da Constituição americana. No entanto, Arraes alerta para que não haja anacronismo na aplicação desta análise. “No entanto, essa observação feita com base na 22ª emenda só poderia ser feita após o período em que ela passou a valer. Aplicá-la em um contexto anterior seria anacronismo”, pontua.
Há um outro caso a parte, o do ex-presidente democrata Grover Cleveland. Ele venceu a eleição presidencial de 1884, tentou reeleição em 1888, mas perdeu para o republicano Benjamin Harrison, que obteve a maioria no colégio eleitoral, mas perdeu por pouco mais de 90 mil votos de diferença no voto popular. No entanto, Cleveland se candidatou novamente para presidente no pleito ocorrido em 1892, e, dessa vez, levou a melhor contra o então presidente, Benjamin Harrison, que tentava prosseguir para mais um mandato.
Nesta situação, Leonardo Paz Neves faz a análise de que não se trata de uma reeleição. “Não considero uma reeleição, porque a lógica para isso é que a eleição se trata de um referendo da população em relação ao governo. Aquela é a política de governo”, afirma. “Se o atual presidente não conseguiu uma eleição consecutiva, isso significa uma reprovação em relação ao primeiro mandato”, conclui.
O cientista político também destaca que é mais fácil e provável que o candidato que concorre à reeleição consiga levar a melhor na disputa eleitoral. “O presidente tem sempre mais força para conseguir se reeleger em alguns casos, porque ele tem um aparato político por trás e também pela propaganda espontânea, uma vez que quase tudo que ele faz ou fala é noticiado”, analisa.
O Correio optou por deixar esses casos a parte fora da contagem de reeleições que, incontestavelmente, ocorreram na história americana.
Dificuldades que Trump enfrenta para conseguir a reeleição
Considerando a partir das eleições de 1992 até as de 2016, somente uma vez o partido Republicano ganhou também no voto popular, que foi na reeleição de George W. Bush, em 2004. Nesse período, os EUA elegeu e reelegeu dois presidentes do partido Democrata, Bill Clinton e Barack Obama, ambos também conseguiram a maioria no voto popular.
O pesquisador Leonardo Paz Neves avalia que o contexto em que George W. Bush conseguiu a maioria também dos votos da população era singular. “Era o contexto das guerras do Iraque e Afeganistão, ele (George W. Bush) foi o presidente do 11 de Setembro, então é um contexto de guerra, algo fora do normal”, observa.
Leonardo Paz Neves também ressalta a perda de popularidade que o partido Republicano vem enfrentando entre a população, principalmente no cenário atual com Donald Trump. “O Trump foi um péssimo presidente para o partido Republicano, porque ele não é partidário”, avalia.
Em agosto, 73 importantes eleitores republicanos, entre diplomatas e ex-governantes de diversas áreas, assinaram uma carta em que consideram Donald Trump como inadequado para liderar. Entre as personalidades estão: John Negroponte, ex-diretor da Agência Nacional de Inteligência; Michael Hayden, antigo diretor da Agência Nacional de Segurança; Colin Powell, antigo secretário de Estado e ex-chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas; e Eric Edelman, do Departamento de Defesa durante o governo de George W. Bush.
Para Virgílio Arraes, o atual presidente também está em desvantagem considerando o contexto político atual. “No começo do ano, o Trump despontava como um dos favoritos por conta dos baixos índices de desemprego no país”, lembra. “Mas a forma como ele se comportou durante a pandemia do novo coronavírus, que gerou desemprego em todo o mundo, minimizando o impacto sanitário do fato, fez com que a candidatura dele ruísse”, pontua.
“O Trump perdeu crédito com a população americana por três pontos principais: o aumento do desemprego, o descaso com a pandemia de covid-19 e a postura insensível com que tratou a luta das minorias nos Estados Unidos”, conclui Arraes.
Até o momento, mais de 82 milhões de eleitores americanos já votaram presencialmente ou pelo correio. A eleição nos EUA ocorre na próxima terça-feira (3/11).
Mundo
Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas
Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”
Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.
A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.
A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.
Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.
Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.
A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.
Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.
No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.
O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.
“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.
“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.
Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.
Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.
Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
versão original
Mundo
Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano
Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra
Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.
Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.
Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.
Mundo
Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder
País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando
Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.
A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.
Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.
Como funcionam as eleições?
O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.
Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.
Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.
O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.
Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.
O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.
A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.
O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.
Quem é Keir Starmer?
O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.
Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.
Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.
O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.
Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.
Quando saíram os resultados?
Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.
Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.
Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.
Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.
De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.
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