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A segunda onda da calamidade econômica está chegando

Subsídios de governos para manter pelo menos parte dos salários vão acabar ou diminuir e aí a realidade do estrago causado pela pandemia será brutal

Fila da sopa: a recessão é brava, embora diferente de 1929, e a “ponte” entre a desativação dos benefícios de emergência e a reativação da economia está cheia de perigos Bettmann / Contributor/Getty Images

Mais da metade da população adulta da Grã-Bretanha está recebendo dinheiro do governo para manter 80% dos rendimentos dos assalariados na crise, entre outros benefícios fixos.

Nos Estados Unidos, o cheque de 1.200 dólares para segurar a barra foi mandado de uma vez só.

Na Espanha, o governo está procurando uma fórmula que crie “incentivos para a volta ao trabalho” e diminua o tamanho da bolsa-salário, chamada ERTE. Não faltam resistências, tanto de empresas quanto de sindicatos, aliviados por jogar a bomba nas costas do “governo”.

Por quanto tempo é possível segurar isso?

“Claramente, não é uma situação sustentável”, disse o ministro da Economia britânico, Richi Sunak, que no começo da crise exibia um otimismo de fachada – como um milionário por direito próprios formado em Administração por Stanford, entendeu perfeitamente o tamanho do buraco.

Somando os beneficiados pela verba de emergência aos funcionários públicos, mais aposentados e pensionistas, o reino tem nada menos de 27 milhões de pessoas recebendo dinheiro do governo.

É possível isso? Todo mundo sabe que não.

Acenando com entusiasmo a maleta vermelha típica dos ministros ingleses quando anunciou que o governo bancaria a licença remunerada para os funcionários de empresas entaladas pela pandemia, Sunak agora está preparando o terreno para a má notícia.

O esquema vai ser gradualmente desativado, passando primeiro de 80% para 60% os pagamentos para cobrir salários, à medida em que a quarentena começa a ser levantada e os assalariados voltam a trabalhar.

Mas trabalhar aonde?

Sem a responsabilidade de manter a fachada de situação sob controle exigida aos que estão no comando, Norman Lamont, que já foi ministro da Economia, analisou: o sistema de licença remunerada bancada pelo governo ocultou uma realidade brutal.

Setores inteiros da economia vão desaparecer. Não haverá uma empresa, fábrica ou comércio para onde voltar.

Os mais atingidos já são conhecidos: a parte do setor de serviços que inclui hospitalidade, turismo, restaurantes, hotéis, empresas aéreas.

No conjunto da Europa, são 100 milhões de pessoas que trabalham – ou trabalhavam – nessas áreas.

Nos Estados Unidos, o exemplo mais conhecido, em todos os lugares do planeta, é o da Disney.

O reino encantado, com seus 14 parques temáticos, sofre com a maldição da bruxa má. Os lucros caíram nada menos que 91%, 100 mil funcionários foram para a licença não remunerada, 42 mil quartos de hotel em três continentes sofrem desocupação recorde, quatro navios de cruzeiro estão ancorados e é difícil imaginar quando voltarão a navegar.

O conglomerado é imenso, abarcando cinema, televisão, streaming e outras áreas, mas é o baque nas atividades turísticas que tem o maior efeito simbólico: um lugar criado para ser um mundo de fantasia devastado por um vírus alienígena.

A lista recente de falências e concordatas traz nomes conhecidos por quem gosta de viajar ou fazer compras online – ou desconhecidos pelo público comum, mas igualmente assustadores.

Foi-se a J. Crew, a rede de roupas femininas a preços razoáveis, turbinada quando Michelle Obama apareceu usando algumas peças, como se fosse uma americana comum.

A rede de restaurantes italianos Carluccio’s, com sede na Inglaterra, também não aguentou. Nem a tradicional Debenhams. Nunca mais as comidas chiques da Dean & DeLuca, com ingredientes para produzir um jantar a jato em Nova York ou Washington.

Extração de petróleo, aviação, a Rubie’s, maior fabricante mundial de fantasias malucas para o Halloween, tudo capotando.

A Airbnb demitiu 1.900 funcionários, 25% da sua folha de pagamentos em escala global. Se ninguém mais está viajando, imaginem alugar apartamentos de desconhecidos para estadias curtas.

Ou chamar um Uber para se deslocar despreocupadamente, celular na mão, sem nem olhar para quem vinha ou ia. Lá se foram 3.700 empregos.

Mais de 30 milhões de americanos pediram seguro desemprego. Ainda é difícil processar uma calamidade dessas dimensões. Vinte milhões de empregos no setor privado simplesmente sumiram do mapa em abril. Em um único mês, o dobro do número registrado depois da crise de 2009.

A única grande economia fora da lista da recessão é a China, depois do tombo de 6,8% no primeiro trimestre. Na Espanha, a previsão do encolhimento é de 9,4%; Alemanha, 6%; Estados Unidos, de 5% até 7% de queda.

O Banco da Inglaterra, equivalente ao Banco Central, avalia em 25% a contração no primeiro semestre, indo para 14% até o fim do ano, se a economia for reativada e não houver uma segunda onda de avanço da epidemia, obrigando uma nova paralisação de atividades.

Uma exceção: aquele país que ninguém resiste a acompanhar, a Suécia, uns torcendo secretamente para que se dê mal, comprovando a necessidade do sacrifício brutal da quarentena; outros esperando que demonstre a tese oposta.

Nos primeiros três meses do ano, o encolhimento da economia sueca foi de 0,3%, um bálsamo se comparado ao resto da Europa. Outros indicadores não são nada brilhantes, ao contrário. O país depende das exportações e da combalida saúde econômica da zona do euro.

Ressalva importante: a Suécia segue uma política de isolamento light por motivos sanitários, não econômicos – embora, obviamente, uma coisa não possa ser separada da outra.

Tornou-se lugar comum evocar a Grande Recessão, os anos amargos depois do crash de 1929, com americanos mendigando moedas ou na fila da sopa, desesperados por qualquer tipo de emprego.

As condições são muito diferentes hoje. Na hipótese menos pessimista: um tombo maior, mas uma recuperação mais rápida, mesmo que num panorama doloroso.

Com a retomada gradual de atividades em vários estados americanos, “o pior já está passando”, segundo avaliação otimista do economista-chefe da Moody’s Analytics, Mark Zandi. “Deve haver uma virada em breve nas estatísticas de emprego”.

Mas ainda será preciso surfar a segunda onda, o período entre o fim dos benefícios de emergência e a reativação da economia.

E depois pagar a conta do endividamento emergencial, desesperadamente necessário quando aconteceu, perigosamente arriscado no médio prazo. Só os Estados Unidos vão aumentar a dívida em 4,5 trilhões de dólares para enfrentar a praga da recessão com injeções astronômicas de dinheiro. Repetindo: trilhões.

Se os países mais ricos do mundo estão enrolados em dilemas quase intransponíveis, os outros então…

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

Por

Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

 

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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