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Sem viagens, reservas de longo prazo no Airbnb sobem 24% no Brasil

Brasileiros alugam casas por um mês para se afastar de familiares do grupo de risco, diz a empresa. Mas reservas em cidades turísticas caíram mais de 70%

Rio de Janeiro: reservas na cidade, uma das mais representativas do Airbnb no Brasil, caíram 63% (Pilar Olivares/Reuters)

O desafio sem precedentes vivido pelo setor de turismo em meio ao coronavírus no mundo, com voos e viagens canceladas e fronteiras fechadas, também se reflete no Brasil. Um dos maiores símbolos é a plataforma de hospedagem Airbnb, que conecta proprietários a viajantes ou outras pessoas que queiram alugar temporariamente um espaço.

Por ser altamente ligado a viagens, o Airbnb sofre como nunca na crise do coronavírus. Um levantamento exclusivo feito a  empresa de inteligência AirDNA, que compila de forma independente dados do Airbnb em todo o mundo, mostrou como vai a taxa de reservas no Airbnb em algumas das principais cidades turísticas do Brasil. Os resultados são pouco animadores.

O número de novas reservas em todo o país caiu 74% na semana iniciada em 5 de abril ante a mesma semana de janeiro, antes da pandemia. Como o começo do ano é período de alta temporada no Brasil, parte da queda pode decorrer desta mudança de estação. Mas como muitas das reservas são feitas para o futuro, a tendência é também que parte do resultado tenha sido impacto pelo adiamento dos planos de viagem dos brasileiros.

No litoral norte do estado de São Paulo, em cidades como Caraguatatuba e Ubatuba, as reservas caíram mais de 80% no período. Em Santos, a queda foi de 60%.

Nas principais capitais do Nordeste, houve queda entre 50% (em Aracaju, no estado de Sergipe) e mais de 70% (em Fortaleza, no Ceará, Salvador, na Bahia, e Recife, em Pernambuco).

Mesmo na cidade de São Paulo, cujo turismo é majoritariamente de negócios, a queda no período foi de 73%. Entre 5 e 12 de janeiro, haviam sido feitas 7.064 novas reservas. No mesmo período de abril, foram 1.921 novas reservas. A explicação vem sobretudo do cancelamento de feiras, shows e eventos de negócios programados para o primeiro semestre. Não se sabe sequer se alguns destes eventos voltarão a acontecer ainda em 2020.

A cidade do Rio de Janeiro teve queda de 63%, menor do que em Angra dos Reis, no mesmo estado, cujas reservas despencaram 74%. O Rio foi a cidade com maior penetração do Airbnb no Brasil tanto no período analisado em janeiro quanto em abril, seguida por São Paulo.

Sem vez para o turismo

Não mais temporário

Com a queda abrupta nos planos de viagem, a empresa vem precisando se reinventar e apresentou no mês passado um novo modelo de negócio para os próximos anos. A mudança mais gritante é de posicionamento: o presidente do Airbnb, Bryan Chesky, disse que a companhia vai passar a focar também em estadias de longo prazo, não só para viajantes, mas para trabalhadores e estudantes.

Procurada , a empresa afirmou por meio de sua assessoria de imprensa no Brasil que já está vendo alta neste tipo de reserva no país e em todo o mundo. No Brasil, o número de reservas mais longas (acima de 28 dias) foi 24% maior em março do que no mesmo período do ano passado, segundo dados oficiais do Airbnb.

A empresa afirma que este tipo de reserva está sendo aceita, no mundo, por 80% dos anfitriões (como são chamados os proprietários que alugam suas casas no Airbnb).

Um dos motivos é a busca por estadia fora de casa para pessoas que moram com familiares do grupo de risco da covid-19, como idosos. “Tem havido, em diversos centros urbanos do Brasil, um aumento da demanda de hóspedes por estadias mais longas nos mesmos municípios em que moram”, diz a empresa, em nota.

Segundo o Airbnb, esse tipo de reserva também teve valor médio mais barato no Brasil. No mundo, metade dessas acomodações têm desconto caso o hóspede fique por mais de um mês, segundo dados oficiais da empresa.

Outro levantamento publicado pela AirDNA mostra que, no mundo, cresceu o número de reservas feitas em cidades menores ou rurais. O faturamento do Airbnb em áreas rurais nos EUA subiu 30% em março, cerca de 280 milhões de dólares, saltando mais de cinco vezes em alguns lugares. Em áreas urbanas, o faturamento foi 75 milhões de dólares menor. Reservas em Manhattan, na cidade de Nova York, e em Nova Jersey caíram 66%. Esse tipo de constatação é mais difícil de ser feita no Brasil, já que o número de cidades interioranas atendidas ainda é menor, diz a AirDNA.

Ao lado de negócios como agências de viagem, hotéis e companhias aéreas, o Airbnb faz parte de um ecossistema de turismo que foi duramente afetado por restrições de circulação de pessoas e viagens. A AirDNA calcula que, no mundo, houve uma queda de 32% no faturamento do Airbnb entre fevereiro e março e de 25% na comparação com março de 2019.

O setor de hotelaria tradicional no Brasil também deve sofrer imensamente com a crise. A Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) estima a falência de 10% dos hotéis brasileiros. Já a Confederação Nacional do Turismo (CNTur) projeta que 30% dos restaurantes e similares não suportarão a falta de clientes — o que levaria a cerca de 200.000 estabelecimentos fechados.

Novos rumos

A crise pega o Airbnb em um momento de expansão. A empresa vinha em um processo de aumentar sua oferta nos países em que opera para além das cidades mais óbvias, conforme mostram dados divulgados  no ano passado. Em 2011, somente 12 cidades tinham mais de 1.000 anúncios de locação na plataforma, isto é, com ampla disseminação do Airbnb. Hoje, quase 1.000 cidades chegaram a essa faixa.

Além disso, 92% de todas as chegadas de hóspedes já ocorriam fora das dez maiores cidades do Airbnb. Em 2011, esse número era de cerca de 60%. A plataforma está disponível em mais de 100.000 cidades em 200 países.

Criado em 2008, o serviço chegou ao Brasil em 2014, de olhos nos eventos internacionais que estavam para acontecer por aqui, como a Copa do Mundo de futebol no mesmo ano e as Olimpíadas de 2016, no Rio. A empresa vinha crescendo no país com a expansão para novas cidades: em 2018, último ano com dados divulgados, foram 3,7 milhões de hóspedes no Brasil, ante 600.000 em 2016.

O Airbnb não divulga oficialmente outros números específicos sobre o Brasil, mas afirma que gerou 7,7 bilhões de reais em impacto econômico no país em 2018, incluindo refeições e outros gastos que os turistas têm além de hospedagens. Nesse ranking, o Brasil é o 13º com maior impacto econômico do Airbnb no mundo, informação divulgada pela empresa em julho deste ano. Em 2018, último ano com dados divulgados, foram 3,7 milhões de hóspedes no Brasil, ante 600.000 em 2016.

Tentando apresentar novos formatos em meio à crise, o Airbnb também vai intensificar seu foco no que chama de “experiências”. A empresa lançou no último dia 9 de abril uma plataforma em que anfitriões especialistas em todo o mundo oferecem atividades de lazer online.

O projeto ainda não está disponível no Brasil, mas brasileiros podem se registrar para participar de experiências oferecidas em outras regiões do mundo. São 50 opções na plataforma, em que anfitriões de mais de 30 países ensinam, por exemplo, meditação, receitas ou truques de mágica.

Os projetos de experiência já vinham sendo novidade na plataforma nos últimos anos. No geral, são parcerias com os anfitriões selecionados (os chamados superhosts) para passeios com os viajantes e outras atividades.

“Embora esteja claro que o coronavírus terá impacto no segmento de viagens e turismo globalmente, essa indústria é umas das maiores e mais resilientes do mundo, e vai se recuperar, pois o desejo de viajar e ter novas experiências é permanente”, disse a empresa.

A companhia criou um fundo global de 250 milhões de dólares para cobrir os anfitriões nos custos de reservas canceladas durante a pandemia. As taxas de cancelamento deixaram de ser cobradas de hóspedes e proprietários. Outro fundo, de 17 milhões de dólares, está sendo destinado a ajudar financeiramente os anfritriões mais frequentes — já que muitos tiram toda ou grande parte da renda dos aluguéis via Airbnb. Os super anfitriões que precisem de ajuda para pagar financiamento ou aluguel receberão 5.000 dólares.

Antes da crise, o Airbnb planejava abrir capital em 2020. No começo do ano e antes dos últimos aportes feitos para reforçar o caixa nos últimos dois meses, a empresa era avaliada em 31 bilhões de dólares.

No último mês, a empresa levantou no mercado privado 2 bilhões de dólares. Em 7 de abril, o primeiro 1 bilhão de dólares veio de uma rodada de investimento liderada pelas empresas de capital de risco Silver Lake e Sixth Street Partners. Uma semana depois, em 15 de abril, a companhia levantou outro 1 bilhão de dólares em dívidas, novamente com a participação de Silver Lake e Sixth Street, além de outros fundos.

A companhia diz que parte do dinheiro irá para o fundo de apoio aos anfitriões. O montante também deve reforçar o caixa da empresa que, apesar das mudanças de posicionamento, deve continuar sofrendo com queda na receita nos próximos meses.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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