Brasil
Famílias de pessoas com covid-19 denunciam falta d’água em hospital no RJ
Parentes dizem que falta higienização, e não há água nos banheiros e bebedouros; Cedae alega que abastecimento está normal
Escolhido para ser o “QG” da saúde do município do Rio de Janeiro no combate ao coronavírus, o Hospital municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, na Zona Norte, tem registrado problemas como
funcionários infectados com a Covid-19 e segundo parentes de pacientes, falta de informação sobre os internados e de água. Há pelo menos três dias, segundo funcionários e familiares de pacientes, o abastecimento está instável. A Companhia estadual de Águas e Esgotos do Rio (Cedae), porém, nega a falta de água.
No entanto, quem vai ao local para receber notícias de seus parentes – que estão internados com o novo vírus ou com suspeita – diz o contrário dos órgãos oficiais. Com o marido em estado grave na unidade, a técnica de enfermagem Rosicleia Severino da Silva Pinto, de 45 anos, conta que “não há mínima higienização do local e que não há água nos banheiros e nem nos bebedouros”. Desde a última sexta-feira, depois que, finalmente, Marcos Antônio de Oliveira Pinto, 48, conseguiu ser transferido da Coordenação de Emergência Regional (CER) do Centro, para o Ronaldo Gazolla, ela peregrina diariamente da Chatuba de Mesquita, em Mesquita, na Baixada Fluminense, em busca de informação do marido.
“Ele está intubado desde ontem. A gente não tem acesso a nada. Nenhuma informação. Não sabemos do prontuário, não recebemos nada. É um descaso total. Tratam os familiares dos pacientes como bicho. Não tem água que é o básico”, conta a técnica de enfermagem.
Antes de Marcos Antônio, que é auxiliar de transporte aéreo, ser hospitalizado em Acari, ele – que está com os sintomas da doença desde o dia 23 de março – e a mulher peregrinaram por sete hospitais – quatro só na Baixada.
“É um descaso total. Temo pelo meu marido. Quando vamos indagar os médicos, eles começam a debochar da gente”, completa Rosicleia.
Outra família que relata problemas no Hospital Ronaldo Gazolla é a da aposentada Marlene Conceição Ferreira Gomes, de 72. Mãe de quatro filhos e dez netos, a idosa – que mora em Turiaçu, na Zona Norte do Rio – saiu de casa na última terça-feira com muita dor no corpo, falta de ar e sem vontade de comer nada. Imediatamente internada no Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, foi diagnosticado pela equipe médica da unidade que dona Marlene estava com os pulmões comprometidos e que havia a suspeitas de estar infectada pelo coronavírus. A aposentada então precisou ser isolada em uma sala do local.
“Ela foi colocada num local, que não sei se podemos chamar de isolamento, já que outras pessoas estavam juntas e a separação era feita por um lençol. Na quinta-feira, o neto dela que é policial descobriu que a minha sogra tinha sido levada para o Hospital Ronaldo Gazolla. Fizeram a transferência sem a família saber. Quando chegamos no hospital vimos a quantidade de gente na recepção, funcionárias sem proteção e um caos total”, conta a nora da aposentada, a técnica de enfermagem Elaine Gomes dos Santos, 42.
Ainda de acordo com Elaine, a falta de água pode ser constatada todos os dias. Outra coisa que a preocupa é a estrutura oferecida pela Secretaria municipal de Saúde.
“Recebemos a informação dos nossos familiares, que estão internados, por um único telefone. A menina passa um álcool gel e mais nada. Ela chega com uma pilha de prontuários e vai chamando nome por nome. A gente vai ao telefone e fala com o médico. Isso tudo sem qualquer higienização, já que elas não estão com luva. O nosso medo é sermos infectados e também que os funcionários sejam”, relata Elaine. “É desumano o que está acontecendo no Hospital de Acari”, disse.
A Cedae disse que o abastecimento de água por parte da concessionária está sendo realizado plenamente na localidade. “De toda forma, equipe da companhia esteve esta manhã na unidade, e funcionário do hospital informou não haver desabastecimento. Cabe informar que a administração e a manutenção dos sistemas internos de imóveis não são realizadas pela companhia”. A Secretaria municipal de Saúde ainda não respondeu as denúncias.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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