Economia
Dólar alto veio para ficar? Questões-chave para entender o pico da moeda
A recente escalada do dólar desafia a tese de que a aprovação da reforma da Previdência e a agenda liberal seriam necessárias para um real mais forte
Ao cravar que é melhor o Brasil se acostumar com um dólar alto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, talvez não imaginasse que a declaração levaria o câmbio a um estresse ainda maior. O Banco Central tentou acalmar o mercado após a moeda quebrar um novo recorde, atingindo o pico nominal de quase 4,28 reais nesta terça-feira (26). As intervenções no mercado à vista ajudaram, mas só como um paliativo: a cotação fechou em alta de 0,59%, em 4,24 reais.
A recente escalada do dólar desafia a tese de que a aprovação da reforma da Previdência e a agenda liberal do governo seriam as condições que faltavam para a moeda americana alcançar seu valor justo, fixado abaixo de 4 reais. Projeções mais otimistas chegaram a ver o dólar entre R$ 3,50 e R$ 3,80 ao longo do ano, tomando como base este cenário construtivo. Aconteceu o contrário. Agora, economistas e agentes do mercado atribuem o enfraquecimento do real a um coquetel de fatores que não estavam na conta.
A questão é entender por que a moeda vem subindo e por que analistas já consideram os 4,20 reais um novo patamar. Se o dólar funciona como um amortecedor de choques internos e externos, não deveria cair com risco-país em seu nível mais baixo, com o Ibovespa renovando recordes e com as projeções otimistas para a economia? Não há uma única resposta para o cenário que se desenha, mas agentes do mercado já especulam que a fraqueza do real resulta da constatação de que os problemas do país são bem mais complexos do que se imaginava.
A alta do dólar reflete uma piora da percepção sobre o Brasil?
Embora o consenso seja de que o país passa por um momento construtivo (reforma aprovada, criação de empregos, juros baixos), há quem defenda que fatores domésticos estão pesando mais que os problemas externos sobre a taxa de câmbio. Para o economista e diretor da LCA Consultores, Celso Toledo, o país cresceu menos do que se esperava no contexto de uma agenda liberal, o que gera uma percepção de que ele enfrenta um problema mais sério de competitividade.
Soma-se a isso uma queda generalizada nas exportações brasileiras, com efeito no déficit em conta corrente do país, indicando que saíram mais recursos do que entraram no país. “Isso está deixando os economistas com a pulga atrás da orelha e pode significar que o buraco é mais embaixo para o Brasil”, diz Toledo.
A incerteza sobre quando e como as reformas pós-Previdência vão avançar no Congresso no próximo ano também adicionam insegurança. Mas a gota d’água para a alta d dólar, segundo Toledo, foi a frustração com a ausência da participação de investidores estrangeiros no leilão da cessão onerosa do pré-sal, no início de novembro. Outro catalisador desta tendência, segundo ele, foi a decisão do Supremo Tribunal Federal em derrubar a prisão para condenados em segunda instância, que culminou na soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O fato acendeu mais uma fagulha no país”, complementa o economista.
A queda da Selic está forçando o dólar a subir?
Agentes do mercado defendem que o pilar de sustentação de um real mais forte frente ao dólar não existe mais: os juros altos no Brasil. Com a Selic reduzida ao nível histórico de 5% ao ano, o país perdeu a atratividade para o investidor que pagava caro para apostar contra o real. Os analistas da Rico Investimentos Thiago Salomão e Matheus Soares escreveram em relatório que o dólar mais forte faz sentido neste “novo Brasil” de juros estruturalmente baixos “Isso tira o interesse do investidor mais especulador, que via o Brasil como um país para fazer “carry trade”.
O chamado “carry trade” consiste em tomar dinheiro a juros mais baixos em um país e aplicá-lo em outra moeda, em mercados onde os juros são maiores – como era o caso do Brasil durante muito tempo. A queda da Selic ao seu menor nível torna o país menos atrativo para o investidor estrangeiro, que prefere aplicar em praças com um prêmio de risco maior.
“Acreditamos há algum tempo que a grande queda nas taxas de juros reais no Brasil desde 2017 tem sido um dos principais impulsionadores da fraqueza do real contra outras moedas e contra fatores mais ‘fundamentais’, como preços e crescimento de commodities”, escreveu a equipe do banco UBS em relatório.
A analista de renda fixa e economia da Nord Research, Marília Fontes, diz que tudo o que havia aplicado em renda fixa graças ao juro alto foi embora e dificilmente vai voltar. “O país ficou menos atrativo para o capital especulativo”. Para ela, esse cenário só se reverter se o país atrair investimentos diretos (IED), projetos de longo prazo mais ligados à economia real, como de infraestrutura, algo que em sua visão pode ficar mais viável a partir do próximo ano.
Dá para atribuir fatores globais à alta do dólar frente ao real?
O real vem perdendo força frente a uma cesta de moedas emergentes desde o meio do ano, o que sugere que a fraqueza da moeda se deve a fatores locais, e não globais, segundo o UBS. Os analistas do banco defendem que não é possível atribuir a desvalorização do real desde o início do ano a fatores globais. “Há evidências de que eles não têm sido os maiores causadores da fraqueza da moeda”, escreveram.
No entanto, os efeitos da tensão comercial entre Estados Unidos e China tiveram seu peso. “Estamos em um patamar bastante elevado de incerteza sobre o crescimento da economia mundial, tendo em vista que o principal risco é a disputa comercial. Essa aversão ao risco acaba impulsionando o dólar por ser um ativo de segurança”, afirma o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti.
O dólar está fortalecido praticamente contra todas as moedas relevantes do mundo. Isso se deve, segundo Toledo, da LCA Consultores, a uma aversão ao risco e ao receio de que economia global possa mergulhar em uma recessão.
Recentemente, o Federal Reserve (BC norte-americano) ditou um tom um pouco mais rígido, apontando que não pretende cortar tanto os juros quanto o mercado chegou a precificar. “Um Fed mais duro significa um dólar mais forte, mas é possível que isso mude, pois já aparecem dados americanos mostrando uma certa fraqueza da economia”, afirma Marília Fontes, da Nord.
Se o dólar não caiu após a reforma da Previdência, ela não teve o efeito esperado?
Para o economista Celso Toledo, da LCA, a reforma da Previdência exerceu um papel “importantíssimo” para estabilizar o cenário econômico e criar perspectivas de crescimento, o que tem efeitos sobre a cotação da moeda americana. Em outras palavras, ele acredita que sem a reforma o dólar poderia estar ainda mais alto.b”Ao olhar o Brasil sob a perspectiva do longo prazo, ele está melhor com a reforma do que sem. O problema são os ruídos que se cria no curto prazo, mas a agenda econômica está no caminho certo”, diz.
O mercado reagiu com exagero à fala de Paulo Guedes?
O diretor de câmbio da FB Wealth, Fernando Bergallo, diz que a disparada do dólar nesta terça está nitidamente relacionado à fala de Paulo Guedes de que o país deve se acostumar ao enfraquecimento do real. “Houve uma reação exagerada do mercado sobre o que foi dito. Se o Guedes chegar e falar que não é bem isso, o dólar volta para 4,20 de novo”, diz.
Segundo Bergallo, Guedes fez uma constatação, e não uma previsão, de que o dólar vai ficar alto. “O contexto a gente já sabe, mas a colocação descontextualizada passou a mensagem que não era pra passar. De qualquer forma, o mercado reagiu mal à fala, que talvez tenha sido de uma sinceridade muito absoluta”.
Para o economista Celso Toledo, Guedes disse o óbvio ao declarar que em um cenário de juros mais baixos o câmbio tende a subir. O problema, segundo ele, foi o peso de a declaração ter sido feita por ele, em sua posição como ministro.
O Banco Central perdeu a capacidade de controlar a moeda?
Após o dólar alcançar novos picos nesta terça-feira, o BC fez dois leilões no mercado à vista para acalmar os nervos do mercado. No primeiro deles, o dólar sofreu uma queda imediata, mas não demorou para voltar a subir próximo de 4,27 reais. No final do dia, a nova intervenção fez mais efeito.
“Tendo a acreditar que foi algo pontual. O Roberto Campos [presidente do BC] deixou claro que não ia fazer leilão no mercado à vista, só de swap. Mas hoje o mercado foi supreendido”, diz Cristiane Quartaroli, economista banco Ourinvest.
Para Toledo, da LCA, algumas vezes a intervenção do BC tem um efeito até contrário à intenção, dependendo do humor do mercado. “Ele fez o que tinha que ter feito em momentos de nervosismo, mas se passar a mensagem de que está tentando defender o câmbio, é uma batalha que não dá para ganhar”, observa.
Bergallo, da FB Wealth, pontua que não é o BC que vai determinar um teto para o dólar. “O próprio Roberto Campos foi enfático em dizer que não vai usar o câmbio para nada. O que pode acontecer atuar pontualmente quando há movimento muito abrupto de compra e venda”.
A alta do dólar veio para ficar?
Na avaliação de Luiz Mariano de Rosa, da Improve Investimentos, o dólar deve começar a trabalhar em um patamar mais alto daqui para frente, diante de um cenário de juros baixos. “Caso o país cresça e o estrangeiro venha aproveitar esse crescimento, deve entrar mais dólares”, aponta.
Bergallo, da FB Wealth, não vê o dólar em hipótese alguma abaixo de 4 reais nos próximos meses. “Vejo convergindo perto dos 4 reais em janeiro, se o cenário externo propiciar isso, com um avanço nítido nas relações entre China e Estados Unidos”. Para cair mais, teria que haver a soma de dois fatores.
Ele aponta que o primeiro seria o avanço da primeira fase do acordo comercial entre China e Estados Unidos, amenizando o ambiente externo e criando condições para o capital voltar. O outro seria a continuidade de notícias indicando recuperação. “Tem muita gente ainda achando que o dólar vai voltar a 3,80 reais a qualquer momento. No momento, o tripé econômico de inflação, juros e câmbio prevê e acomoda o câmbio em patamar mais alto”, diz Bergallo.
A economista do Ourinvest, Cristiane Quartaroli, destaca que uma eventual queda da moeda norte-americana daqui para frente vai depender, principalmente, do desenrolar das reformas no Congresso, especialmente a tributária, que é o principal impasse do governo.
Economia
Carteira de dividendos: veja os papéis mais recomendados para julho
A Petrobras foi a empresa mais indicada pelas instituições financeiras consultadas pela CNN para compor a carteira de melhores pagadoras de dividendos em julho.
O levantamento considerou as avaliações de Santander, Empiricus, XP, Guide, Ativa e BTG Pactual.
Os papéis mais recomendados foram:
- 5 recomendações: Petrobras;
- 4 recomendações: Banco do Brasil, CPFL e Vale;
- 3 recomendações: BB Seguridade, Eletrobras e Itaú.
Após um impasse sobre o pagamento ou não de dividendos extraordinários, o conselho de administração da Petrobras aprovou em abril o repasse de 50% do valor total, referente ao exercício de 2023.
Com a distribuição, a equipe de analistas do Santander avalia manter o peso dos papéis da estatal em sua carteira. Já o BTG, optou por ampliar sua exposição à estatal.
“Embora a companhia esteja sinalizando maiores investimentos, a verdadeira questão para nós é se esse aumento em potencial poderia sacrificar a capacidade da empresa de distribuir dividendos substanciais, e acreditamos que não”, aponta a equipe do BTG em relatório.
Momento de incertezas
O Ibovespa encerrou o pregão de sexta-feira (28), o último de junho, em queda de 0,32% no dia. Apesar de ter acumulado alta de 1,47% no mês, o índice caiu 7,66% no primeiro semestre deste ano.
O que se avalia é que as incertezas se mantém e o mercado seguirá se pautando por elas.
“O cenário local segue girando em torno da dificuldade do governo em convencer o mercado quanto ao seu comprometimento fiscal”, aponta a Ativa Investimentos em relatório.
O governo trabalha com a meta de zerar o déficit neste ano e no próximo — após alterar a meta de 2025, o que não foi favorável para a imagem de responsabilidade fiscal.
Apesar de o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assegurar que o arcabouço será cumprido, o mercado vê o déficit primário em 0,7% do Produto Interno Bruto neste ano.
Lula se reuniu nesta quarta-feira (3) com ministros da área econômica do governo. Após o encontro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que o presidente mantém seu compromisso com as contas públicas.
“A primeira coisa que o presidente determinou é ‘cumpra-se o arcabouço fiscal’. Não há discussão sobre esse respeito. Em 2024, 2025, 2026, o compromisso nosso é de cumprimento das leis complementares de finanças públicas”, comentou Haddad.
Segundo o chefe da equipe econômica, o governo realiza desde março um estudo entre os ministérios buscando despesas que podem ser cortadas. De acordo com Haddad, foram identificados R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias, cujo corte, segundo o ministro, já foi autorizado pelo presidente.
O economista-chefe da XP Inc., Caio Megale, apontou em entrevista ao WW de terça-feira (2) que além da questão fiscal, outro imbróglio do cenário doméstico também segue na mira do mercado: a questão monetária.
“Essa transição para o próximo presidente [do BC] é uma espada, de fato, na cabeça. A gente não sabe exatamente quem vai ser a próxima ou o próximo presidente, qual vai ser a visão de política monetária que essa pessoa vai ter na hora de conduzir a taxa de juros, de tomar as decisões”, pontuou Megale.
“Acho que dar uma clareza e maior transparência de como vai ser a gestão da política monetária depois da transição do Roberto Campos e medidas efetivas no sentido de controlar as despesas do lado fiscal, eu acho que é o que vai trazer uma tranquilidade [para o mercado].”
Economia
Venda de veículos eletrificados cresce 146% no primeiro semestre de 2024
Entre janeiro e junho, comercialização de automóveis registrou cerca de 79 mil vendas, de acordo com relatório da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE)
O comércio de automóveis movidos a eletricidade segue em crescimento no Brasil. No primeiro semestre de 2024, a venda de veículos leves eletrificados alcançou um total de 79.304 unidades em todo o país. Somente no último mês de junho, foram registrados 14.396 novos emplacamentos, o que representa a terceira melhor marca para um mês de toda a série histórica.
O número maior de vendas na metade inicial do ano indica um crescimento de 146% em relação ao primeiro semestre de 2023, e de 288% na comparação com o mesmo período de 2022. Além dos automóveis totalmente elétricos, também são incluídos na estatística os veículos parcialmente eletrificados – ou híbridos. Os dados foram levantados pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e divulgados nesta quarta-feira (3/7).
Com o avanço do número de vendas, a ABVE estima que o Brasil já atingiu a marca de 300 mil veículos comercializados desde o início da série histórica do levantamento, em 2012. Além disso, a previsão da associação para 2023 é que mais de 150 mil automóveis desta categoria sejam vendidos até o fim do ano em todo o território nacional, o que indica um crescimento de cerca de 60%.
No Brasil, ainda predominam os veículos elétricos plug-in, que se consolidaram no mercado nacional e representaram 69% de todas as vendas no primeiro semestre. Dentro desta categoria, estão incluídos os tipos BEV (totalmente elétricos) e PHEV (elétricos híbridos). Na sequência, os HEV convencionais (elétricos não plug-in a gasolina ou diesel) ficaram com 9,3% da parcela total de eletrificados vendidos.
Preocupação para o setor
Mesmo diante de um aumento das vendas, o setor de veículos elétricos está preocupado com o reajuste da tributação dos produtos. Desde a última segunda-feira (1º/7), passou a vigorar uma resolução que aumenta a alíquota para a importação de elétricos importados, de 10% para 18%. Em julho de 2025, sobe para 25%, até atingir 35% no ano seguinte.
“Temos ouvido notícias preocupantes sobre a antecipação da alíquota de 35% do Imposto de Importação de veículos elétricos, que estava prevista pelo Governo Federal somente para julho de 2026. Entendemos que, a se confirmar, essa antecipação configuraria uma lamentável quebra das regras estabelecidas há apenas seis meses pelo próprio governo”, avalia o presidente da ABVE, Ricardo Bastos.
Além disso, a associação teme a inclusão dos veículos elétricos no Imposto Seletivo, que é chamado popularmente de “imposto do pecado”. A lei foi estabelecida pela emenda constitucional da reforma tributária, aprovada no ano passado, com o objetivo de sobretaxar bens considerados danosos à saúde e ao meio ambiente.
Na avaliação da ABVE, a inclusão dos veículos eletrificados no IS “não faria sentido”, visto que esse tipo de automóvel emite menos gases de efeito estufa e reduz o nível de ruído nas cidades do país. “Eles são fatores decisivos para melhorar a qualidade de vida e diminuir as mortes associadas à poluição nas grandes cidades”. “Não nos parece cabível que esses veículos venham a ser taxados como se fossem produtos que fazem mal à saúde ou ao meio ambiente, o que absolutamente não é o caso”, conclui o presidente da associação.
Economia
Produção industrial cai 0,9% em maio, diz IBGE
No acumulado do ano, houve avanço de 2,5%
A produção industrial brasileira caiu 0,9% em maio em relação a abril. É o segundo recuo consecutivo, apontando retração de 1,7% no período. Com o resultado, o setor perdeu o ganho acumulado entre fevereiro e março deste ano (1,1%).
No acumulado nos últimos 12 meses, houve crescimento de 1,3%, o que acabou por reduzir a intensidade no ritmo de evolução se comparado ao resultado do mês anterior. Os dados foram anunciados nesta quarta-feira (3), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Os números fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta quarta-feira (3) pelo órgão, que mostrou ainda avanço de 2,5% no acumulado dos cinco primeiros meses de 2024, se comparado ao mesmo período do ano anterior.
Influências
Nessa comparação, entre as atividades, as principais influências positivas na totalidade da indústria foram anotadas por produtos alimentícios (5,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,1%), indústrias extrativas (2,3%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (4,8%).
O gerente da pesquisa, André Macedo, disse que, em maio de 2024, a indústria apresentou “predominância de resultados negativos de forma geral”, com recuo na margem e na comparação com maio de 2023.
Houve, ainda, interrupção da trajetória ascendente no índice de média móvel trimestral e perda de intensidade no ritmo de expansão no acumulado do ano e dos 12 meses anteriores.
Nesse mês, a indústria intensificou a queda que já tinha sido registrada no mês anterior, e entre os fatores que explicam esse resultado, estão as chuvas no Rio Grande do Sul, que tiveram um impacto local maior, mas também influenciaram o resultado negativo na indústria do país, informou o texto publicado pelo IBGE.
Conforme a pesquisa, 16 das 25 atividades investigadas tiveram recuo em maio de 2024. Veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,7%) e produtos alimentícios (-4,0%) foram as duas maiores influências negativas para o resultado geral da indústria em maio.
O gerente afirmou, também, que esses dois setores foram prejudicados pelas enchentes do Rio Grande do Sul. No setor de veículos automotores, a paralisação das plantas industriais locais provocou impactos diretos e indiretos. Por causa do mau tempo, tanto as montadoras de veículos, quanto as fábricas de autopeças pararam com as produções e isso afetou também o abastecimento para a produção de bens finais no restante do país.
“Houve, por exemplo, a concessão de férias coletivas em uma planta industrial em São Paulo como forma de mitigar os efeitos das paralisações ocorridas em unidades produtoras de peças no Rio Grande do Sul”, completou.
Greve
Macedo acrescentou que a paralisação decorrente de greve em outra montadora e a base de comparação elevada também contribuíram para a queda de dois dígitos na atividade. Em abril, o setor de veículos registrou crescimento de 13,8%.
A atividade de produtos alimentícios, que responde por cerca de 15% da produção industrial do país, teve em maio o segundo mês seguido de queda. A perda acumulada no período é de 4,7%.
“A retração no processamento da cana-de-açúcar, por conta da condição climática menos favorável na segunda quinzena de maio, provocou uma queda pontual na produção do açúcar. Já entre os impactos negativos que podem ter a ver com as chuvas no Rio Grande do Sul estão as carnes de aves, de bovinos e de suínos e os derivados da soja, que são produtos que têm grande peso no setor”, explicou.
Outros setores que recuaram e influenciaram o resultado negativo do mês foram os de produtos químicos (-2,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,3%), produtos do fumo (-28,2%), metalurgia (-2,8%), máquinas e equipamentos (-3,5%), impressão e reprodução de gravações (-15,0%) e produtos diversos (-8,5%).
Os principais impactos positivos no resultado geral da indústria foram as indústrias extrativas (2,6%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,9%). De acordo com Macedo, esses segmentos têm grande peso e evitaram uma queda maior no resultado da indústria.
“O crescimento do setor extrativo veio após uma queda no mês anterior, ou seja, tem o efeito de uma base de comparação mais negativa. Também houve aumento na extração dos dois principais produtos, o petróleo e o minério de ferro”, afirmou.
As atividades de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (3,7%), produtos têxteis (2,9%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (1,5%), produtos de borracha e de material plástico (0,5%), outros equipamentos de transporte (0,2%), móveis (0,2%) e celulose, papel e produtos de papel (0,1%) também tiveram desempenho favorável.
“Ainda na comparação com abril, as quatro grandes categorias econômicas recuaram: bens de consumo duráveis (-5,7%), bens de capital (-2,7%), bens intermediários (-0,8%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,1%)”, pontuou o IBGE.
O recuo de 1,0% na comparação de maio de 2024 com maio do ano anterior teve influência dos resultados negativos de duas das quatro grandes categorias econômicas, 14 dos 25 ramos, 43 dos 80 grupos e 50,4% dos 789 produtos pesquisados, finalizou o IBGE.
Agência Brasil
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