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Após reajuste de policiais, elite do funcionalismo cobra aumentos

Receita tem entrega de cargos de chefia em protesto. Servidores da AGU e do Banco Central também reivindicam salário maior

Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado(Fotos Públicas)

Um dia depois de o Congresso reservarR$ 1,9 bilhão no Orçamento de 2022 para o presidente Jair Bolsonaro conceder reajuste a policiais e outros agentes de segurança federais em ano de eleição, categorias que compõem a elite do funcionalismo intensificaram a pressão por aumentos salariais.

Ministros do próprio governo reconhecem nos bastidores que a insistência do presidente em conceder o aumento apenas a policiais vai gerar uma reação em cascata dos demais servidores.

A concessão de reajustes funciona como a criação de uma despesa e, por isso, exige corte de outras áreas do Orçamento, em razão do teto de gastos (a regra que restringe o crescimento das despesas públicas).

Como não há muita margem de manobra, eventuais cortes viriam de uma fatia de R$ 130 bilhões do Orçamento (ou cerca de 6% de todas as despesas) voltadas para investimentos, programas governamentais e manutenção da máquina pública.

Além disso, aumentos concedidos têm caráter permanente, engessando o Orçamento no longo prazo. Na prática, a medida vai na direção contrária do ajuste fiscal. Atualmente, há cerca de 600 mil servidores ativos em âmbito federal e a maioria dessa grupo teve uma última parcela de reajuste paga em 2019.

O presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, prevê mobilizações adiante:

— A pressão (por reajuste) vai aumentar. É muito estranho que se tenha concedido reajuste para um segmento que considera 40 mil servidores e tenha deixado de fora um milhão — afirma Marques, citando número que considera, servidores ativos, aposentados e pensionistas federais.

A primeira categoria a iniciar a mobilização com mais força foi a dos auditores fiscais da Receita Federal. Com salários iniciais de R$ 21.014,49, eles protestam contra cortes no orçamento do Fisco para 2022 e também pela não regulamentação dos bônus de produtividade da categoria, de cerca de R$ 3 mil.

Aviso de Guedes

Cerca de 500 auditores fiscais entregaram seus cargos na mobilização da categoria. Esses auditores estão abrindo mão de funções de gestão, chefia e com gratificação, mas permanecem no quadro funcional do Fisco.

Na mesma faixa de salário inicial dos auditores fiscais estão carreiras da Advocacia-Geral da União (AGU), procuradores do Banco Central (BC) e da Fazenda Nacional. A Associação dos Servidores da AGU pleiteia a reestruturação da carreira, que resulta em aumento de salário, e deve intensificar a pressão no ministério.

Servidores do BC, cujo salário inicial de nível superior é R$ 19.197,06, querem aumentos. O presidente do sindicato da categoria, Fabio Faiad, diz que os funcionários devem começar mobilização, cobrando um plano do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, para a reestruturação das carreiras.

Atualmente, cerca de 60% dos servidores do Executivo federal recebem menos de R$ 12 mil e cerca de 19% ganham acima de R$ 18 mil mensais.

Dentro do governo, porém, ninguém foi pego de surpresa com as pressões por mais aumento e com a possibilidade de um efeito cascata nos reajustes.

Bolsonaro ligou para o relator do Orçamento de 2022, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), para pedir a inclusão da previsão de reajustes para integrantes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, do Departamento Penitenciário Nacional e de carreiras do Ministério da Justiça.

A previsão de um gasto de R$ 1,9 bilhão para os aumentos acabou sendo incluída no Orçamento do próximo ano. A ideia inicial era de um impacto de R$ 2,8 bilhões, número que sequer entrou nas versões iniciais do Orçamento.

Somente após a pressão de Bolsonaro é que o valor, ainda que menor, foi alocado. O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a avisar ao presidente que havia um risco de uma pressão generalizada por reajustes.

Na semana passada, o ministro afirmou que várias categorias estavam pedindo aumento. No prognóstico traçado por Guedes, isso representaria mais inflação, endividamento e juros mais altos. E acrescentou que o papel da equipe é assegurar que isso não aconteça.

Foco na base política

Outros ministros do governo também teriam avisado ao presidente que não há espaço orçamentário para mais aumentos. Foi a falta de espaço no Orçamento que levou Bolsonaro a não falar mais em um reajuste generalizado. Cada um ponto percentual de aumento gera uma despesa extra de R$ 3 bilhões.

Bolsonaro então mandou centralizar os reajustes nas categorias de policiais, para fortalecer sua base política de olho em 2022. Paulo Guedes tem dito nos bastidores que agora cabe à ala política do governo e ao próprio presidente segurar as pressões das demais categorias.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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